Treze

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     Começou a se sentir como um animal enjaulado dentro do próprio quarto, andava de um lado para outro inconformada com o fato do pai dar uma festa logo num dia tão triste e importante, pelo menos para Cintia era. Precisava sair de casa,  mas não tinha dinheiro e nem cartão, então  fez uma coisa da qual iria se envergonhar por muito tempo mas naquela hora não raciocinava direito, só sentia raiva.

     Berenice estava na cozinha fazendo algumas arrumações, Cintia foi até o quarto da emprega sem que ela notasse, achou a bolsa com a carteira guardada dentro do armário e então pegou o cartão de crédito.

     Bere era uma pessoa simples e a pouco começou usar cartão e essa coisa de toda de tecnologia, Cintia ajudava com o que ela precisasse e por isso sabia a senha, prometeu a si mesma que não gastaria muito e assim que tivesse seu cartão de volta pagaria tudo com juros.

     Subiu de novo até o quarto, vestiu uma saia preta, uma regata branca e tênis All Star branco, pegou a bolsa e saiu de casa, ainda não sabia bem para onde ir, resolveu caminhar um pouco até se decidir. Ficou andando sem rumo até chegar em um ponto de táxi um pouco distante de casa, então se lembrou de uma boate chamada Belenus, já havia visto vários de alguns colegas de colégio falando desse lugar , sabia onde ficava o bairro e a rua, depois era só andar e procurar o local.

      Deu sorte, o taxista sabia exatamente onde era, e deixou Cintia bem em frente. As fotos que tinha vista na internet algumas vezes não fazia jus ao local. Tinha uma iluminação toda azul na frente com pinturas de caracteres celtas escritos em vermelho, ao lado de uma fonte de agua havia uma réplica de mais ou menos um metro do famoso Stonehenge.

         A fila para entrar já estava um pouco grande apesar de ainda ser cedo, resolveu seguir na fila e entrar logo antes que lotasse. Por dentro era espetacular também, as luzes laranjas pulsantes fazia parecer que o local estava em chamas, havia um bar com balcão de mármore preto, uma pista de dança, um palco onde deveria ficar o DJ e várias mesas de pedras espalhas pelos cantos. Era rústico e moderno ao mesmo tempo.

     Foi até o bar e pediu uma gim tônica e tomou rápido em poucos goles, pediu outra que acabou com a mesma rapidez, então passou para algo mais forte, dois uísques duplos sem gelo e já estava completamente bêbada, dançando ao som da música tecno, não se impostava com quem olhasse, não se importava se caísse, nada importava naquele momento, sua mente estava livre do seu pai, da dor, da tristeza.

     Alguém chegou com uma balinha e ela nem se importou, socou na boca e engoliu com resto de uísque que ainda tinha. Então o restinho de consciência que Cintia ainda tinha controle foi pro brejo.


Depois Daquele BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora