Vinte Um

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    Alisson peregrinou por quatro bancos diferentes sem  sucesso, nenhum deles aceitou fazer um empréstimo tão alto depois dela passar todos seus dados.

     Era mais um dia quente e chegou suando no hospital, sentiu um arrepio correr pelo corpo todo quando corpo suado quando entrou na área gelada do centro cirúrgico. Vestiu o uniforme amarelo. colocou a toca e foi ver para qual sala estava escalada hoje. Por sorte não foi com o Dr. Francisco, se tremesse mais uma vez quando estivesse auxiliando, poderia até perder o emprego.

     Entre o intervalo de uma cirurgia e outra, ficou olhando o lugar, já trabalhava ali fazia algum tempo e nunca tinha olhado tudo com muita atenção e hoje, talvez porque precisasse ocupar sua mente com outros pensamentos se pôs a analisar o local mais detalhadamente.

    Era frio por conta do ar condicionado central, tinha 10 salas de cirurgia, todo azulejado de branco com luzes fluorescentes no corredor, já tinha se acostumado com aquele cheiro que era uma mistura de álcool, éter e desinfectantes, não tinha janelas e era difícil saber quando estava sol ou chuva. Muitas pessoas sentem se mal em hospitais, sentem desconforto, mas para Alisson ali era um lugar seguro, que lhe dava paz, era o seu canto no mundo, muito mais que sua casa, e adorava poder estar ali, ajudando a salvar vidas, aliviar sofrimentos.

      Quando deu por si o plantão já tinha chegado ao fim, foi trocar o uniforme por sua roupa e quando saiu do vestiário deu de cara com Dr, Francisco.

___Ola Alisson. Como está hoje?

___Boa tarde Dr. Francisco.

___Pode me chamar de Francisco, lembra?

___Mas nós ainda estamos no trabalho.

     Dr. Francisco ri para ela, e por algum motivo que Alisson não soube explicar, sentiu um mal pressentimento.

___Então vamos resolver isso. Aceita um suco?

     Apesar de não ter a mínima vontade de tomar um suco ou qualquer outra coisa, aceitou.

___Claro.

      Desceram até a lanchonete do hospital, ele pediu dois sucos igual ao dia anterior, conversaram algumas coisas sobre o trabalho e  então um silêncio caiu sobre eles, Alisson achou que já era hora de se despedir.

___Obrigada pelo suco Dou... Francisco.

___Eu ainda tenho algo para lhe dizer, Alisson. Se tiver um tempo para me ouvir.

       Alisson sentou novamente na cadeira e esperou, não tinha a menor ideia  do que ele poderia querer falar com ela, estava realmente bem curiosa.

___Tenho uma proposta a lhe fazer, sei que no começo pode parecer estranho, mas quero que pense com a mente aberta e considere tudo. Eu fui casado, mas minha esposa morreu jovem, eu amava muito ela, e por isso nunca quis me casar outra vez, por respeito a ela e a minha filha, mas acho que você já ouviu rumores sobre eu poder em breve me tornar diretor geral, é um sonho isso, mas também tem outros candidatos, e a fundação que cuida de todos os hospitais é administradas por padres. Sabe como é, iam preferir um medico diretor com uma família tradicional.

      Ele diz isso sorrindo e revirando os olhos e Alisson ainda estava totalmente perdida, sem saber porque ele contava tudo aquilo para ela. Deixou que ele continuasse sem interrupções.

___Então minha proposta é a seguinte, quero que se case comigo, seria um casamento de fachada para eu conseguir o cargo, em troca eu cuido de tudo relacionado ao seu irmão, a cirurgia dele, um lugar onde ele ficaria, tudo, sua única preocupação seria fingir ser minha esposa.

       Alisson sentiu vontade de rir, era a coisa mais absurda que já tinha ouvido em toda sua vida.

Depois Daquele BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora