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- Thiago Narrando -

- Aí Th, bora - um dos carcereiros apareceu e abriu a cela

- Pra onde? - perguntei desconfiado

- Tu é um cara sortudo, tua liberdade cantou, bora logo porra - disse se escorando na porta da cela

- Olhei para os menor e eles sorriram

- Vai que é tua irmão - Dog disse e me deu um abraço

- Tu merece mano - o nt disse e me abraçou também

- É isso mano, vai lá construir sua família - um dos gêmeos disse

- Valeu gente, vou fortalecer vocês aqui dentro e se depender de mim a liberdade de vocês já cantou - disse e eles riram

- Vai na fé Th - Dog disse depois que eu sai da cela

- Fica na fé aí vocês também, Deus é com vocês

Eles assentiram e eu segui pra fora daquele lugar, enquanto eu passava por aquele corredor os caras das outras celas gritavam várias coisas, vários revoltados, uns me xingando porque eu sai, outros xingando o guarda, uns chorando, pedindo ajuda, outros clamando por misericórdia, uns pedindo água, comida, outros remédio. Papo reto, só quem já ficou aqui sabe o sufoco que é, eu hoje sei tudo o que os mano que estavam e que estão privados passam e sinceramente, não desejo isso pra ninguém.

Assinei uns bagulhos e troquei de roupa, sai de lá felizão, doido pra ver meu filho e minha mulher.

Assim que sai lá de dentro vi um carro parado na calçada, ele tava todo fechado mas eu reconheci o Veloster preto. Entrei no carro e abri o maior sorrisão quando vi o Menor

- Caralho moleque - disse e me deu um abraço

- Não tô nem acreditando Menor - ri

- Acredita irmão, tua lili cantou - sorriu e ligou o carro

- Como?

- Eu falei que esses caras adoram uma gargalhada - disse e riu - Vou te levar pro morro agora não

- Vai me levar pra onde? - perguntei e ele riu

- Tu tem que ver teu filho irmão, o moleque vai ser a tua cara - disse e eu sorri

- É um menino? - perguntei e ele assentiu

- Tu ficou maior tempão sem falar com ela mesmo em

- Caralho Menor, acelera isso aí, quero ver minha mulher

- Calma porra, isso aqui é um carro, ainda não tô de avião não - eu ri

Fomos o percurso tudo conversando sobre o morro e tudo que tinha acontecido enquanto eu estava preso.

Chegamos em frente à casa e o Menor parou

- Vai lá, vou estacionar o carro - disse e eu assenti saindo do carro

Fui caminhando até a porta com meu coração acelerado, doido pra ver minha mulher. Entrei e a casa tava igual, mas ao mesmo tempo diferente, era o clima, o clima não tava legal ali dentro

Fui caminhando até a sala e ela não estava lá, fui na cozinha e nada, olhei no quintal, fiquei um tempo observando aquela praia no quintal de casa e sentindo o vento bater no meu rosto, até que veio um vento forte e me fez acordar, entrei de novo e comecei a subir as escadas, fui direto pro nosso quarto, quando entrei vi aquela mulher linda deitada na cama

Ela estava deitada com um baby doll branco de seda com renda, a blusa pequena não cobria o barrigão dela, aquele barrigão lindo. Fiquei observando ela de onde eu estava, ela estava tão linda dormindo que eu não queria acordar ela

Estava apaixonado, só estava faltando babar vendo ela ali, foi quando alguém passou por mim e entrou no quarto, de início achei que fosse o Menor, mas logo vi que não era

O cara entrou no quarto pisando forte, parecia ta cheio de ódio, ele foi na varanda e acendeu um cigarro, ficou andando de um lado para o outro, estava visivelmente puto, eu queria ir lá, queria saber quem era aquele cara e o que ele estava fazendo aqui, queria acordar a Melissa e por algum motivo mandar ela sair de lá, mas eu não conseguia sair do lugar

Depois de um tempo o cara saiu da varanda e foi em direção a Melissa, levantou ela da cama puxando o cabelo dela com tudo, foi naquele momento que eu vi que era o Playboy, era aquele filho da puta que estava ali fazendo aquilo com ela. Ele arrastou ela até o banheiro e eu ainda estava parado no mesmo lugar, sem conseguir me mexer

- ME SOLTAAA, POR FAVOR..MEU FILHO.. THIAGOO - ouvi a Melissa gritar do banheiro

Quando ela gritou meu nome foi quando eu consegui sair do transe e ir no banheiro

Ela estava dentro da banheira com a água vermelha de sangue e o Playboy dando tapas e socos na minha mulher, ele batia no peito, no rosto, na barriga, no corpo todo, coloquei a mão na cintura pra puxar a arma, mas eu não estava com nenhuma

Corri e dei um soco na cabeça dele, o mesmo cambaleou pro lado e me olhou sem entender, fui pra cima dele de novo e comecei a arrebentar ele, em um movimento rápido ele me deu um soco no olho e me empurrou fazendo eu esbarrar na pia e cair no chão, na mesma hora ele puxou a glock da cintura e mirou em mim, fechei os olhos esperando a bala, mas só ouvi o barulho de dois tiros, abri os olhos e vi que os tiros não tinham pegado em mim, olhei pra ele e o desgraçado ria, olhei pra Melissa e ela tinha um tiro na barriga e um na testa

Naquele momento o meu mundo caiu, eu não conseguia acreditar que aquilo tinha acontecido, não dava pra crer que ele tinha matado ela, que minha mulher e meu filho tinham morrido, comecei a me culpar por não ter feito nada quando ele entrou no quarto, por ter ficado parado, ele estava lá e eu não fiz porra nenhuma, deixei ele matar a minha mulher, destruir minha família

Levantei com todo ódio que eu sentia dele e de mim mesmo e dei um soco do rosto dele, quando ele caiu pra trás eu puxei a arma da mão dele e descarreguei o pente na cara do filho da puta, olhei pra Melissa e comecei a chorar, não conseguia parar de olhar pra ela e não conseguia parar de chorar

Ouvi o Menor me chamado e me sacudindo, mas eu não conseguia olhar pra outra coisa sem ser a minha mulher morta com um tiro na testa

A voz do Menor foi ficando mais alta e e a sacudida dele foi ficando mais forte, de repente não era mais o Menor que me chamava, era o Dog

Acordei assustado e olhei em volta, eu ainda estava preso e o Dog me olhava

- Teve um pesadelo mano? Tava resmungando aí, se mexendo pra caralho

Agradeci a Deus por aquilo ter sido só um pesadelo

- Tive mano, nada demais - disse e esfreguei o rosto tentando tirar a imagem da Melissa morta da minha cabeça.

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A mulher do dono do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora