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Depois que cheguei na Penha fiquei o mais privado possível, só sabia que eu estava por lá o Menor e o dono de lá, de resto ninguém estava sabendo de nada.

Coloquei a doutora pra subir a Penha e ver o que eu tinha, mas era só imunidade baixa, má alimentação, desidratação e esses caralhos todo que eu peguei naquele inferno.

Fiquei esses dias tomando remédio, fazendo de tudo pra melhorar logo, meus planos é ver minha mulher e meu filho no ano novo.

Depois que tu vai preso, tu aprende a dar mais valor às coisas que tu tem, o que antes pra mim não era nada, hoje depois de tudo o que eu passei, é tudo. Porra, vocês não tem noção de como um prato de comida, um banho decente faz falta, são coisas mínimas, mas que quando uma coisa dessas acontece tu vê o quanto que vale.

- Tá pronto pra ver seu filho? - Menor chegou

- Porra, tô ansioso pra caralho - falei e ele riu

- É irmão, vão voltar às responsabilidades né? Vai voltar a comandar o morrão

- É isso que eu queria falar contigo irmão. Já tá na hora de sair, já vou fazer 30 anos e tu também. Agora nós tem família, tua filha precisa de você e o meu filho precisa de mim, porra eu dou graças a Deus que eu fui preso

- Tá maluco?

- Eu podia tá morto Matheus, era pra eu ta morto! Se eles me deixaram vivo naquele dia, foi pra deixar eu morrer dentro da cadeia, eu ia morrer sem nem conhecer meu filho

- Tu sabe que eu não ia deixar isso acontecer

- Isso é um bagulho que tem fora do seu alcance, tu sabe que meu sonho sempre foi construir minha família, não dá pra continuar assim, não é mais minha cabeça que tá em jogo, não só a minha. Deixa essa vida pra quem pode, já deu pra nós

- Sempre tive vontade de fazer isso mesmo, mas porra, tu sabe que não é fácil

- Claro que não é fácil, nós também não vai sair assim, de uma hora pra outra, não tem nem como, mas nós passa isso pra outro, nós vai pra região dos Lagos, Angra dos Reis, Arraial do Cabo, bem escondido, não tem k.o. O bagulho é nós sair do morro, sair do fogo cruzado

- É isso então - falou rindo

- Tudo nosso - falei e ele assentiu

- Nós vai desenrolando essa meta - concordei

Apertei a mão dele e puxei ele pra um abraço. Acendi um beck e nós ficou marolando na laje.


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A mulher do dono do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora