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Vida de mulher de bandido não é fácil, vai achando que é as mil maravilhas..minha vida com Playboy é uma merda. Eu tinha 16 anos e tava no auge da minha adolescência, adorava ir pros bailes com as meninas, sempre iamos nos bailes da Rocinha, ja que todas morávamos perto, ficava melhor. Um dia decidimos ir ao baile do Juramento e foi la que eu conheci o Playboy, eu era novinha e muito emocionada, ia muito pela cabeça dos outros e me deixei levar, fiquei com ele uma vez e já me entreguei, perdi minha virgindade com ele, aí já viu né! Me apaixonei e achava que ele também, dava vários perdidos na minha mãe pra subir o morro pra vê ele, ele me dava tudo, fazia altas declarações de amor e eu bobinha, acreditava. Resultado é o que eu vivo hoje, um relacionamento horrível, cheio de traições, brigas, abuso... Não tenho liberdade pra fazer nada, apesar de ele nunca ter me agredido fisicamente, as agressões psicológicas doem tanto quanto. Aí você me pergunta "por que não vai embora?" E eu te pergunto "como?", Não tenho dinheiro, não trabalho. Até fiz uns cursos que ele pagou pra mim no começo, porque na fase boa ele era um amor, me ajudou a abrir meu salão, me incentivou a correr atrás do meu, mas agora não posso trabalhar, não posso fazer porra nenhum, eu vivo pra ele. Minha mãe também não faz nada por mim, desde que briguei com ela pra vim morar com Playboy quando fiz 18 anos não nos falamos direito, ela se mudou pra São Paulo e mal mantemos contato, não tiro a razão dela não, hoje eu sei o quanto eu aprontei e errei com ela, ela cansou de me avisar e tentar me ajudar, mas eu não escutei, to pagando o preço agora. Hoje com 21 anos na cara, vivo uma vida infeliz, não sei o que é me arrumar final de semana, não posso sair, não posso trabalhar, não posso ir embora. Sou dependente dele.
5 anos que to com Playboy e são 5 anos da minha vida que eu joguei no lixo, como me arrependo. Isso ta me matando aos poucos.


Acordei as 09:25 e Playboy não estava mais na cama, levantei e fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal, desci e tomei café, fiquei sentada na sala assitindo qualquer coisa que passava na tv, peguei meu celular e entrei no grupo das meninas.

- Wpp On -

Clara// Baile hoje aqui na Rocinha meninas, vamos?

Nathalia// Ta na mente amorees, eu vouu

Julia// Também vouu, vamos Mel?

Não sei meninas, vocês sabem como o Playboy é, tá difícil de ele deixar eu ir na padaria, quem dirá em um baile na Rocinha!

Clara// Cara, eu odeio o Playboy

Eu também amiga

Julia// Queria tanto que você vinhesse

Nathalia// Agora tu vê, ele que trafica e você que fica presa? Eu em, bofe escroto

Ih gente, eu vou nessa merda

Clara// Como? Ta doida?

Faz ratata vocês aí pra pagar meu uber que eu vou, sabem que to lisa né

Julia// A gente faz, mas eu acho melhor não Melissa

Nathalia// Também acho, vai dar merda se você sair
Se você conseguir né

Que se foda, vai da em nada

Clara// Não vou te ajudar a se matar

Você vai me ajudar de qualquer jeito, porque ficar aqui tá me matando, de verdade

Clara// Porra Melissa, não quero piorar as coisas

Você não vai piorar nada, relaxa

   
A Clara mora na Rocinha e Nat e Julia moram na pista, mas vivem na Clara, o Playboy não deixa eu ir la porque ele odeia o dono da Rocinha, mas hoje vai ter Ta na Mente, me amarro neles e porra, to surtando presa aqui.

Deu umas 17:00 eu eu fui fazer a unha, fiz em casa mesmo, sozinha, fiz meu cabelo e aguardei Playboy chegar, quando foi umas 23:00 ele chegou. Tava sentada no sofá e ele veio me dar um beijo.
Essa falsidade dele me mata.
Ele jantou, subiu e desceu um tempo depois de banho tomado e arrumado.

Eu: Vai sair hoje? - Perguntei olhando pra ele que não largava o celular

Playboy: Vou, por quê? - Respondeu sem me olhar

Eu: Nada - silêncio - Vai sair pra onde? - ele me olhou

Playboy: Quer saber porque?

Eu: Curiosidade - dei de ombros

Playboy: Vou numa meta de um parceiro, em outra favela

Sei bem essa meta dele, começa com "mu" e termina com "lher"

Eu: Posso trancar a porta então?

Playboy: Por que? - perguntou desconfiado

Eu: Quando você vai pra outra favela você não dorme em casa ou volta muito tarde, não gosto de ficar sozinha com a porta destrancada

Playboy: Desde que você abra quando eu chegar - voltou a mexer no celular

Não respondi mais nada e ele saiu, ouvi ele sair com a moto, marquei uns 30 minutos ainda e fui me arrumar.

Quando fiquei pronta mandei uma mensagem pras meninas avisando que tava saindo. A casa fica cercada de vapor que o Playboy deixa pra me vigiar, então o plano era pular a janela do banheiro do quarto que da pros fundos da casa, eu iria pular o muro e sair do morro pela saida que tem no matagal, só tem um vapor que fica atrás da casa, mas ele é novato e sempre dorme, então seria facil sair sem ele me ver. Pulei a janela e logo depois o muro, como imaginei o vapor tava dormindo, sai andando de fininho ate chagar no matagal, andei, andei andei e consegui sair no pé do morro, sorri vitoriosa e agradeci a Deus, pedi um uber no cartão das meninas que me deixou no pé da Rocinha. Subi o morro junto com as várias pessoas que iam em direção ao baile, uma rua antes da quadra onde rolava o baile eu encontrei as meninas.

A mulher do dono do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora