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O baile ta lotado, quase não tem espaço pra andar. Clara ta de rolo com um tal de Menor, um traficante daqui e como ela não é boba, botou logo a gente no camarote, paramos em uma mesa e ficamos um tempo conversando e bebendo.

Júlia: Como tu saiu?

Eu: Ele foi pra outra favela, quando é assim ele não volta no mesmo dia, desci o morro pelo matagal, o único vapor que tem la trás tava dormindo e nem me viu - ri - mó parada

Clara: Cara tu tem que sair de la

Eu: Vou sair amiga, vou dar um jeito de arrumar minha vida e vou meter o pé

Natália: Vem morar comigo amiga - falou empolgada

Eu: Ta doida, não to trabalhando

Natália: Que que tem?

Eu: Eu tenho senso né, não vou ficar na tua casa pra te dar trabalho e ainda levar problema pra você

Júlia:  Que problema cara? tu vai se levantar, correr atrás pra trabalhar

Eu: E você acha que vou simplesmente sair do Juramento e Playboy vai aceitar de boa? Nunca né gente, vou sair sozinha, sem levar problema pra ninguém

Clara: Para de ser tinhosa, a gente é sua amiga, estamos aqui pra te ajudar. Vem pra cá então, ele vai ficar puto, mas sabe que aqui ele não vem atrás de tu

Eu: Não sei, depois a gente vê isso, pode ser? Hoje eu só quero me divertir - elas assentiram

Virei meu copo de whisky e fui fazer outro. Nem gosto de whisky, mas quero ficar doida hoje.

Fiquei dançando e fofocando com as meninas. Tá na mente subiu no palco, me acabeii. Tanto tempo que não me divirto assim, tô tão feliz!Depois de muitos copos eu ja estava na onda, comecei a mandar uns passinhos doidos e de repente um bofe veio falar comigo.

Xx: Tá se divertindo Lorena?  - perguntou se aproximando

Eu: Tô sim  - falei meio embolado

Xx: Tá ruim em - disse rindo

To mesmo

Eu: Preciso ir pra casa - falei procurando as meninas com os olhos

Xx: Onde você mora?

Eu: Juramento - falei olhando em seus olhos

Xx; Entendi...tá bem pra ir embora? - perguntou no meu ouvido por conta do som muito alto

Eu: Preciso tá - falei ainda procurando as meninas

Xx: Tem nenhuma amiga sua que mora aqui não? Melhor dormir por aí

Eu: Não da, vim pra cá escondido - ele franziu as sobrancelhas

Xx: Quantos anos você tem? - Perguntou sem entender nada

Pronto, tenho 15 anos agora

Eu: 21 - falei rindo

Xx: E por que veio escondida?

Eu: Não posso sair de casa

Xx: Por que? Sua mãe não deixa? - perguntou rindo

Eu: Quem dera - falei e sorri sem ânimo

Xx: Por que então?

Ih, to falando demais

Eu: Nada não - olhei no celular, 04:12

Me encostei na grade do camarote enquanto bebia um gole do meu copo

Xx: Eai, qual teu nome? - perguntou bebendo sua cerveja

Eu: Melissa e o teu?

Xx: Terror - ele sorriu

Eu: Terror? - ele assentiu - Perguntei seu nome

Terror: Minha mãe tinha um gosto diferenciado pra nome

Eu: Entendi - falei sem ânimo

Palhaçada falar vulgo ao invés do nome, não perguntei o vulgo dele

Terror: Tu é solteira? Pensei um pouco e respondi que sim - Demorou muito pra responder, é casada

Eu: Não, não sou - disse firme

Terror: Tem certeza? não quero bandido vindo aqui me cobrar que fiquei com mulher casada - falou rindo

Otário

Eu: E eu fiquei com você quando? - ele me encarou - Se eu fosse mulher de bandido não estaria aqui, sozinha

Terror: Provavelmente não

Meu celular começou a vibrar, era Clara me ligando

Eu: É isso - disse e me levantei

Terror: Já vai? - assenti e me afastei atendendo o celular

Cara gato, mas muito marrento.

- Ligação On -

Clara: Oi amiga, não queria atrapalhar sua conversa, é que eu to preocupada. Já tá ficando tarde, você ainda vai pro Juramento, melhor não ir de manhã

Melissa: Eu sei amiga, vou agora. Cadê vocês?

Clara: Na mesa que a gente tava

Melissa: Ok, to indo aí

- Ligação Off -

Voltei pra onde as meninas estavam e me despedi.

Clara: Pensa no que eu te falei tá? To aqui pra te ajudar, você sabe o que tá passando, deixa esse seu orgulho de lado - disse enquanto me abraçava

Eu: Tá bom - sorri

Me despedi de todo mundo e desci o morro de moto-táxi, sem condições de descer andando no estado que to.
Pedi o uber no pé do morro e fui pro Juramento, mas minha vontade era ir pra qualquer lugar, menos pra la.
Subi o morro pelo mesmo caminho que sai, o vapor que fica ali, nem tava mais.

Cheguei em casa dando graças a Deus que deu tudo certo, tomei um banho e coloquei a roupa que usei bem no fundo do cesto, coloquei meu pijama e cai na cama.

A mulher do dono do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora