Christmas

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Eu estava me sentindo realizada, era dia 24 de dezembro. Eu, Lica e os gêmeos passaríamos o dia 24 com a minha família em São Paulo e o dia 25 com a família de minha namorada no Rio de Janeiro. Pegariamos o voo após sairmos da casa da minha mãe e estaríamos no rio de manhã.

- Sam? - Meu irmão, Nicholas, apareceu na porta do meu antigo quarto.

- Hey. - Sorri para ele, era tão aliviante ver Nick bem.

Nicholas era um homem transgênero, isso obviamente nunca foi um problema pra mim e surpreendente também não era pra minha mãe. Mas não foi bem assim que meu pai pensou, só de lembrar das surras dadas nele eu me arrepiava.

- Sam, você está fazendo de novo. - Nick chamou minha atenção novamente, ele estava maravilhosamente lindo. Meu irmão já tinha 20 anos enquanto eu beirava aos meus 24.

- Perdão, diga.

- Mamãe mandou você não demorar, ela quer que você mostre o jardim pra Lica e os gêmeos.

Eu concordei com a cabeça e observei meu irmão sair. Ele estava com uma blusa sem mangas então ainda era possível ver as cicatrizes deixadas pelo crápula do meu pai. Felizmente minha mãe teve senso e não o deixou em casa por muito tempo, ela se divorciou dele e veio morar em SP.

- Chamou, mãe?

- Sim, faça um city tour com sua namorada e meus netos enquanto eu termino aqui. Eles vão gostar do jardim.

Eu sorri concordando e dando um beijo na testa da minha mãe antes de sair da cozinha vendo minha namorada brincando com nossos filhos e meu irmão.

- Querem dar uma volta por aqui? -

Nick foi o primeiro a levantar, ele estava com Arthur no colo e não esperou muito para sair com ele jardim a fora. Eu fui mais atrás com Lica e Aurora, a pequena observava tudo com uma certa curiosidade e varias vezes eu via que ela tentava se jogar na grama para tocá- la. Arthur parecia fazer a mesma coisa no colo de Nick. Minha mãe morava em uma casa grande, mas o jardim conseguia ser ainda maior.

Acabou que sentamos sobre a sombra de um pomar e em poucos minutos eu escutei a playlist de natal do meu irmão tocar. Nick era sempre o encarregado do som nas festas de família, era estranho pensar que em algumas horas a minha família inteira estaria ali. Havia tanto tempo que isso não acontecia que era quase um novo evento.

- Essa playlist é nova não é? - Eu perguntei ao notar que aquelas não eram as musicas que eu já estava habituada.

- Sim, mamãe pediu pra eu fazer outra. Segundo ela: Essa daí já está ultrapassada.

Eu ri, aquilo era a cara da minha mãe. Observei meu filhos brincando com a grama e Lica totalmente distraída com eles. Eu sorri, era linda a forma como os três se relacionavam. E ela parecia tão focada neles que se bobear, nem sequer havia percebido que tinha uma música tocando. E eu estava igual observando-os, era como me perder em um mundo paralelo e eu não estava nem aí para isso.

[...]

Era o dia 25 já, estávamos na casa de minha sogra com Clara, Luis e a própria Marta. Sorri para a figura de minha cunhada brincando com Arthur. Era incrível como os gêmeos estavam crescendo rápido, nem parecia que eles já tinham dois meses, parecia que eles já tinham uns 5 meses.

Eu sorri para a visão da casa animada e pensar que no começo, eu achei que ia dar tudo errado e que eu  nunca chegaria aqui com a Lica. Mas nós conseguimos, estávamos nós saindo bem nessa história de sermos mães. Minha namorada estava terminando sua faculdade, enquanto eu tinha terminado há um mês atrás. Eu ainda trabalhava no meu antigo escritório, mas agora era como psicóloga.

E Lica já tinha propostas de emprego para quando ela terminasse sua faculdade de arquitetura. Era bom ver que estava tudo indo bem nas nossas vidas.

- Sammy? - Escutei a voz doce da minha namorada.

- Diga, amor.

- Tenho que te dar uma notícia.

- Pode falar. - Eu disse abraçando sua cintura.

- Felipe... Ele morreu.

- Quê? - Eu estava em choque.

- É, parece que ele devia algo pra uns caras na cadeia e aí... uma coisa leva a outra.

- Wow... E você está bem com isso?

- Estou, é aliviante saber que os gêmeos não terão contato com ele.

- Você sabe que um dia eles podem perguntar sobre né?

- Eu sei, não vou mentir. Não é porque não gosto do Felipe que vou proibir nossos filhos de saberem dele.

Eu sorri novamente, ela estava tão mais madura. Nem parecia a mesma Lica infantil do começo do ano. Ela sorriu também, me dando um longo beijo. É, seria um ótimo Natal.

Hello guys, demorei um pouco mas voltei. Espero que tenham gostado, eu sei que longe do Natal. Mas eu fiz esse capítulo agora porquê senão ia chegar Abril do ano que vem e eu ainda estaria aqui escrevendo ele. Anyway, espero que tenham gostado. Bayy, Love ya.

Feel It Still 《Limantha》Onde histórias criam vida. Descubra agora