Don't Wait

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Eu estava a meia hora encarando o resto de whisky que tinha no meu copo. Aquela festa já não me parecia mais tão interessante e tudo que eu queria era ir embora, mas eu não podia fazer isso sem Clara que não parecia querer ir embora tão cedo.

- Hey! Eu não imaginava te ver por aqui!- Escutei a voz, agora, conhecida de Keyla.

- Eu que eu diga, e o Tônico?- Perguntei curiosa.

- Oh, ele ficou em casa com meu pai. Estava precisando relaxar e como já tinham me chamado para essa festa, aqui estou. Mas e você?

- Ah, eu vim com a Clara. Estou louca pra ir embora já.- Admiti.

- Relaxe e tente aproveitar um pouco.

Sorri e ela logo saiu dali dizendo que ia ao banheiro.

Darling: Honey?

Me: Yes, Darling.

Darling: Onde vc tá?

Me: Em uma festa com a Clara. Pq?

Darling: Acho que vou flr com o Felipe. Tipo agora.

Me: Vc tem ctz? N gosto da ideia de vcs dois sozinhos.

Darling: Eu sei, mas acho que isso precisar parar de ser adiado.

Me: Eu realmente não quero te dizer o que fazer, mas n acha que talvez fosse mlhr q vc n fosse sozinha?

Darling: E quem iria comigo, Samantha?

Me: Eu...e a Tina. Ela quer ir nem q seja fazendo reza.

Darling: Tá.

Me: E então, pode esperar até amanhã ou está realmente morrendo por isso acontecer agora?

Darling: Nah, Felipe está em uma festa qualquer. Só n queria aumentar a lista de mulheres com quem ele me fez de corna.

Me: Ah... Me desculpe por isso, bby.

Darling:N é sua culpa.

Me: N significa q eu n possa me sentir triste.

Darling: Eu preciso ir. Thanks por me ouvir, honey.

Me: Sempre que vc precisar, Darling

Só naquele momento eu me toquei que musica que tocava. Era Daydream do Samuel Larsen, Lica amava aquela música. Nós já havíamos dançado ela uma vez, sorri ao me lembrar daquele dia. Tinhamos 14 anos e estávamos numa festa de 15 anos, a debutante dançou essa música com seu namorado e Lica foi quem me puxou para dançar. Eu não queria de jeito nenhum, mas depois de um tempo eu cedi e dançamos essa música numa bolha só nossa. No final da noite ela me beijou, eu nunca tinha ido dormir tão feliz como naquele dia.

- Ei! Tá em que mundo?- Escutei a voz de Clara.

- Só pensando numas coisas. Podemos ir agora?- Perguntei.

- Sim, mas acho que você vai querer ver isso antes.- Ela comentou me puxando.

Quando paramos no jardim da casa, eu senti a raiva subir em mim. Felipe estava bem ali, na frente de todo mundo beijando uma loira desconhecida por mim. Eu não chamaria de beijo, afinal, Felipe mais babava a menina do que beijava ela. Eu quis ir até ele e socar sua cara, mas diferente disso somente tirei uma foto com flash e tudo. Nunca se sabe, vai que ele bancaria o cínico com Lica e mentia dizendo que nunca havia traido-a. É sempre bom ter provas das suas afirmações.

- Vamos embora logo, Clara.

Ela não se atreveu a me contrariar. Seguimos até meu carro em um silêncio absoluto. Assim que entramos no mesmo, eu liguei o rádio onde tocava Somebody Else by The 1975. Eu tinha pegado um certo afeto pela banda à alguns anos, quem tinha me apresentando ela tinha sido Lica. Clara olhava para a rua com um olhar perdido e eu sabia que ela pensava a mesma coisa que eu. Nós duas sabíamos como Lica ficaria arrasada ao terminar com Felipe, mas também sabíamos que era o melhor a se fazer. Something's Gotta Give da Camila Cabello tocava baixo, eu queria falar algo. Porém minha boca parecia um tipo de túmulo do qual não saia nada.

- Você acha que ela vai ficar bem?- Escutei o sussurro de Clara.

- Eu não faço ideia.

Soltamos um suspiro simultâneo. Eu estava tão cansada que só percebi que tinhamos passado da rua do meu apartamento quando estava na frente do mercadinho da esquina.

- Pra onde vamos?- Perguntou Clara ao ver que eu não tinha dado a volta.

- Você vai ver.

Dirigi por mais alguns minutos até que paramos na frente do local que estava todo apagado.

- Que lugar é esse? Você não me trouxe pra invadir nada né? Porque eu juro que não quero ser presa antes de ir num show da Demi Lovato.- Surtou minha melhor amiga.

Eu ri do seu drama e peguei a chave no meu bolso abrindo o grande portão da bonita casa a nossa frente.

- Esse prédio é do meu pai. Ele é dono da empresa, tantos anos de amizade e ainda não sabe disso?- Comentei apertando o botão da cobertura.

- Sorry ai senhorita eu sou rica.- Debochou.

Quando paramos em frente a grande janela que dava vista pra cidade. As luzes tornando-a mais bonita do que realmente era.

- Eu sinto falta dele.- Clara disse se sentando no chão bem na cara da janela.

- Quem?

- Juca. Eu sinto falta dele.- Esclareceu.

Eu não respondi. Soltei um longo suspiro sentando ao lado dela que em momento algum tirou os olhos da janela. Juca tinha falecido a pouco mais de 3 anos, foi em um acidente de carro. Na época ele e Clara estava começando um romance, minha amiga ficou devastada por meses.

- Eu também...- Sussurrei.

Ela veio até mim me abraçando pela cintura e deitando sua cabeça em meu peito. Passei meus braços por seus ombros e ela soltou um longo suspiro.

- Vou te dar um conselho, mas só direi uma vez então preste atenção.- Exigiu Clara.

- Tudo bem.- Respondi olhando para o belo horizonte.

- Diga que a ama. Não espere nenhum Felipe sumir ou eu sei lá. Só diga o que sente. Um dia ela está aqui, mas no outro nem sempre. Digo isso porque sei que você pode se arrepender de nunca ter dito nada.- Ela parou para puxar o ar.

Eu abri a boca para dizer algo, mas Clara foi mais rápida e continuou seu discurso.

- O que eu quero dizer é: Não espere que ela te procure. Se você quer lute por isso. Se ela não sabe, diga. Ninguém tem bola de cristal, Sam. As pessoas não adivinham as coisas magicamente.

E foi com o fim daquele discurso que Clara deu um longo bocejo e adormeceu em meus braços me deixando com pensamentos a mil.


Feel It Still 《Limantha》Onde histórias criam vida. Descubra agora