Capítulo 29

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Talita

Eu foquei toda a minha frustração nos estudos e me afastei de forma agressiva e o máximo que podia da minha família, me concentrei num objetivo frio e nada emocional. Faculdade.

Eu tinha que me agarrar em alguma coisa para manter minha sanidade. Tive muitos problemas para entrar na faculdade porque a mudança descabida que meus pais me forçaram a fazer me causou alguns contra tempos. Eu tive estudar mais que todos, tive que mostrar mais que todos, e eu fiz.

Naquele momento eu não podia me dar ao luxo de sofrer. Mais eu sofri. Longe dos olhos de todos, afastada do mundo. Eu chorei, mais do que eu achei que seria capaz de chorar por alguém, eu esbravejei, mais do que eu achei que fosse conseguir e eu gritei, tão alto que eu pensei que perderia minha voz.

E depois eu me desliguei, de qualquer emoção. Tracei um objetivo e só tive olhos e mente para aquilo, me escondi de qualquer sentimento que ousou passar por perto. Não namorei e não me apaixonei, não sou mais tão corajosa para me jogar em um sentimento tão lindo e devastador.

Em algum lugar no fundo eu tinha medo.

Medo de sofrer, medo da dor e mais do que qualquer coisa. Eu tinha medo de perder o controle, já que com a Eduarda eu não tinha rédeas das minha emoções.

Mais eu não posso dizer que nunca mais me apaixonei. Paixão não sentida por uma pessoa, mas pela minha profissão.

Engenharia civil.

Amo o que eu faço, me sacrifiquei e valeu a pena demais. Depois de quase não conseguir entrar na faculdade, eu tinha que sangrar, tinha que ser a melhor e fui. Me formei como a melhor da turma e com as melhores notas. Não tinha como negar que eu tinha talento para desempenhar bem meu trabalho.

Engenharia me deu um novo propósito, eu tinha que me apegar em algo e lá estava minha profissão me desafiando mais e mais. Me formei com toda pompa e glória.

Fui contratada antes mesmo de terminar meu curso, na empresa aonde fazia estágio, assinei um contrato por dois anos com direito a renovação, mais eu queria mais.

Aonde eu estava tinha todo o direito de me expressar e colocar no papel tudo o que a minha imaginação permitia, fui considerada um prodígio, por assinar uma obra de status em Boston. Isso me fez querer mais, me desafiar. E fui pega de surpresa quando chegou uma proposta quase indecente para trabalhar no país que eu não posava a tempos.

Brasil!

Eu nunca voltei, nem mesmo quando me tornei independente, eu não fui atrás dela e nem ela de mim. Não parecia justo ir atrás dela, não parecia justo trazer a tona tudo o que eu levei anos para enterrar em algum lugar, muito fundo no meu coração.

Eu sentia que ela passava por esse mesmo dilema, eu acreditava nisso. Por isso nunca voltei. Nunca mais soube nada dela.

Depois que a separação do meu pai e da Rafaela foi eminente. Não havia probabilidade de saber nada dela. Quando entrei naquele avião eu aceitei minha sentença. Mas aqui estou eu.

De volta ao país que me fez viver de forma intensa. É inexplicável o sentimento de estar aqui mais uma vez. Parece tão certo estar aqui agora. Mais mantenho minha posição sobre me aproximar da Eduarda. Isso não acontecerá.

- Bom dia! Meu nome é Talita...

- Bom dia Talita! Estamos a sua espera. – uma moça muito simpática me interrompeu com um belo sorriso.

Sorri de volta.

- Me acompanha, por favor! – ela se levantou e caminhou.

A segui até uma sala, olhando seu detalhes mais belos. Eu não disse que não transava mais, só não me apaixono. Tudo muito prático.

Complicações do Amor ( Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora