Vinte E Um

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Mata-Rindo

Acordei passando malzão, vomitei e os caralho mas só de pensar que hoje é dia de ver minha loira, ja me alegra a alma. O foda é que tem retrato falado meu por tudo quanto é página no Facebook, vou ter que por a cara a tapa pra ir atrás dela. Outro lance complicado vai ser enrolar o porteiro, o viado já me conhece.

Sai do banheiro jogando a toalha pelo chão. Vou até o quarto, avisto Jessica nua, deitada em minha cama, sua bunda pequena e redondinha estava marcada pela minha mão.

Se não for para deixar minha marca eu nem faço nada.

Me deito em cima de seu corpo sentindo o cheiro de seus cabelos, meu pau já estava ficando duro por baixo da cueca.

- Você não cansa? - Jessica pergunta risonha.

- Nunca.

- Mas eu sim, sai de cima.

Mina cheio de mimimi, cheia de histórinha quis me dar, tem que aguentar. Sai de cima sem tentar mais nada.

Minha barriga já estava reclamando. Peguei meu relógio ignorando o horário. Visto uma camisa vermelha, uma bermuda moletom e tomo aquele banho de perfume.

- Nossa... - Ouço Jessica sussurrar.

- Qual foi, melhor tu vazar. Tua coroa não vai gostar de saber onde tu dormiu.

- Não vai gostar de saber com quem dormi - Ela se senta na cama olhando para o chão. - viu minha calcinha?

Aponto para o pequeno pedaço de pano jogado ao lado da cama. Essa mina só tem cara de Santa, mas na hora do vamo ver quase estourou a camisinha, mó sorte.

- Vou meter o pé. Quando tu sair fecha só a porta - Digo colocando meu relógio.

- Onde você vai? - Me deu dois dias e já quer ter moral.

- Cuidar da minha vida, irmão.

- Quer que eu arrume aqui pra você? Não sei se sabe, mas tem manchas de sangue no chão da sua sala. - Debochada do caralho.

Sangue de Kaylane. Ontem ela apertou minha mente perguntando onde estava a amiga, eu disse entrelinhas que ela estava morta e mesmo assim e vagabunda deu pra mim.

Ta vendo, Kaylane. Que grande amiga.

Lembro-me de Kaylane a defendendo, otaria. Ela é "direitinha", ta bom.

- Faz o que tu quiser. - Respondo mau humorado. Pego meu capacete e meto o pé para a boca.

Mando um dos aviões comprar uma quentinha caprichada pra mim. Enquanto minha comida não chegava eu ia matando uma vela, a larica vai ser intensa.

- Ta ligado que o madrugadão morreu? - Hugão soltou aquela pérola para alegrar meu dia.

- Que isso, irmão. Sem neurose? - Pergunto sem acreditar.

Feliz pra caralho.

- Fechou com os cara errado, assaltou uma loja no asfalto e rodou. - Disse colocando um pouco de pó na gengiva.

- Vacilão tem que rodar mesmo, sem mais. Acho que ainda demorou. - Digo exalando ódio.

- Aí, mas tu se liga hein. - Apontou para mim - Até os moradores tão ligado no bagulho que tu fez. Estuprou a mina da boate, irmão.

- Não foi aqui, então ta de boa. - Digo sem paciência.

As leis da favela são aplicadas e válidas na própria. Fora dela eu faço o que eu quiser. A única merda é que isso vas atrair os vermes para cá, ai vão cobrar geral.

Eu tinha noção que essa merda estava correndo, mas não sabia que era tanto assim.

Comi metade da minha comida mas bateu um mal estar, larguei a porra toda. Na minha cabeça só vinha a minha loira gostosa, deve ser saudade.

Não demorou muito pra eu pegar minha moto e descer morro sob olhares atentos e julgadores dos moradores, ao menos dos que sabiam do que eu havia feito. Se eles soubessem o quanto eu amo aquela mulher, sou capaz de fazer por ela o que nunca fiz por nenhuma outra.

Pena que a desgraça é uma piranha, cachorra. Merece sofrer na minha mão.

Ela não me via, mas eu a observava. Luara saiu do carro enquanto encarava o porteiro que chorava, ela parecia nervosa. Pude avistar um homem dentro do carro, estilo empresário. Ta aí, outro que vai rodar. Pelo visto ela não deve morar mais ali.

Deixei claro que eu não quero ela com nenhum outro homem, mas pelo visto ela não tem medo de morrer. Minha vontade era de ir até eles, estourar a cabeça daquele viado, arrebentar ela e depois foder aquela puta de todas as maneiras.

A loira entrou mo carro e logo o futuro defunto deu partida. O que me restou além do ódio, foi seguir o casal do ano. Fui parar em Caxias, eu conheço esse lugar, só não sei o que eles vieram fazer aqui.

O carro parou em frente a uma casa. Então era ali que ela estava... Um sorriso surgiu em meus lábios. Ela me paga.

Sai voado dali, cantando pneu, fazendo questão de fazer um barulho da porra.

Ninguém me tira de otario, eu avisei que a mina era minha. Não importa a maneira que começamos, um dia ou menos dia ela iria aceitar o amor que sentia por mim.

Voltei pro morro umas três da tarde, ja vieram me tirar do sério com moradores que estavam devendo, porra se eu coloquei um frente pra tomar conta dessa merda è porque eu não quero ninguém me enchendo. Não tenho tempo para me preocupar com nada.

- Qual foi, mano Matheus - Ouvi a voz de um dos cria enquanto eu deixava minha moto na calçada.

Coloquei a chave ao redor do pescoço e encarei o homem parado em minha frente. Sua postura rígido, seus armamentos pesados dariam medo em qualquer um.

- Fala meu nome, não viado. - Digo rindo.

Me aproximo o cumprimentando.

- Passei lá no teu barraco mas tua mina disse que tu não tava.

- Minha mina? - Pergunto surpreso.

- É, irmão. Tua mulher me atendeu na maior ignorância. Disse que era tua mina e que você não estava. - Ele estava com raiva, isso era óbvio.

- Tem terror não, ela não é minha mulher. - Me refiro a Jessica.

Dois dias dando pra mim já fez a mina achar que tem algo comigo... Tõ dizendo.


Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora