Trinta E Um

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Por trás da mulher eu a fitei de cima a baixo. Bem arrumada, seu perfume era forte e feminino eu consigo sentir. Seus cabelos loiros perfeitamente hidratados era de causar inveja. A conversa entre os dois estava tão boa que os amigos de Gustavo ficaram de fora.

Guto? — Chamo pelo seu apelido, demonstrando total intimidade.

Ele desvia seu olhar para mim e abre um sorriso largo. Sua amada amiga sem entender absolutamente nada, se vira e me olha de cima a baixo.

A música parou me permitindo ouvir as conversas das pessoas mas o que eu gostaria de ouvir é os pensamentos dessa mulher.

— Oi, minha linda. Achei que estava dormindo — Gustavo sai de perto dos seus amigos e da mulher, vem até a mim sorrindo.

— Não vai me apresentar sua amiga? — A loira perguntou toda sorridente.

Guto encara aquela mulher com um olhar de poucos amigos. Já ela não se importa muito e estende sua mão para me cumprimentar. Os amigos dele pareceu perceber o clima estranho porque ambos riram.

Tem coisa ai.

Me chamo Rose, sou noiva do Gustavo. — Disse convencida. Fingi não ter me importado e apertei sua mão.

— EX noiva, Rose. Ex noiva. — Ele corrigi.

— Prazer, Rose. — Forço meu sorriso e aperto sua mão. Não faço muita questão de dizer meu nome. Não é necessário.

— Você não é a menina da reportagem? — Minhas bochechaa com certeza estavam vermelhas. Que constrangimento.

— Ah, é ela mesma. Laura, né? — Um dos amigos de Guto perguntou.

— Parabéns, você foi uma heroína. — O outro completou. Ninguém ali sabia que o amigo que defendi era Gustavo.

Notando meu desconforto ele resolve se pronunciar.

— Vem, amor. Com licença, gente — Gustavo segura em minha mão, despertando a ira de sua ex noiva.

Tentei tirar minha mão da sua mas ele apertou com mais força, me dando um pouco de medo. Gustavo me levou para dentro de casa, mais necessariamente para a sala de estar. Minha cara fechada já dizia tudo.

Ele descansou seu copo sobre uma pequena mesa e me encarou por alguns segundos sem dizer uma palavra. A todo momento meus olhos estavam sobre o seu copo, não queria encará-lo.

— Você esta chateada com a Rose, ou por terem lhe reconhecido?

— Quem disse que estou chateada? — Digo tentando disfarçar.

— Ninguém precisa dizer, sua cara me diz tudo.

— Você não me contou que tinha uma noiva — Fui direto ao ponto.

Ele bufou

— Eu tinha, passado. Hoje é diferente

— Diferente? O que é diferente?

— É que agora eu quero uma mulher incrível, uma que eu sempre fui afim — Gustavo se aproxima, ficando frente a frente comigo —, mesmo ela me agredindo quando éramos crianças.

Engulo seco sem saber o que dizer, meu coração batia rápido, mais um pouco eu poderia ouvir o sangue sendo bombeado.

Antes seria fácil me entregar sem pensar muito porque por mais que eu quisesse negar, eu queria tê-lo em minha vida, queria ter Gustavo para mim.

— Mas essa mulher não esta preparada, essa mulher nunca será a pessoa ideal para você. — Me sento no sofá atrás de mim, sentindo um peso sobre meu corpo. Era a culpa.

Gustavo se ajoelha de frente para mim, nunca o vi tão sério.

— Eu tive todas as mulheres que quis, não foi nada difícil e foi fácil deixá-las, mas com você vai muito além. —Ele solta uma risada fraca — Lembra quando Carol e você fugiam para a casa da Bia, a menina que sua mãe não gostava? E quando você voltava sempre apanhava porque ela descobria?

— Não me diga que você...

— Sim, eu contava — Confessou rindo. — Cara, eu morria de ciúmes do irmão tatuado da Bia.

Eu apanhava toda vez e sempre me perguntava a minha mãe quen havia contado, ela dizia que Deus não deixa nada em oculto. Eu morria de medo mas sempre tornava a fazer.

— É, eu tenho uma queda por homens tatuados — Infelizmente me lembrei daquele ser.

— Eu tenho uma, ta valendo? — Zomba.

— Tem? Onde? — Pergunto curiosa. Eu nunca havia reparado.

Ele ficou calado por alguns segundos.

— Deixa pra lá, mas em relação a nossa conversa, o que tem a me dizer?

— Guto, você sabe que não estou preparada para um relacionamento.

— Eu não quero sexo com você, Lua, quero namorar você, amar você, te fazer feliz e não me importo com o tempo. Se você não aceitar, eu não vou desistir.

Nunca palavras me fizeram irradiar uma alegria tão boa, pelo menos não nesse tempo.

— Tenho tanto medo de decepcionar você, Guto — Fito o chão até sentir sua mão sobre a minha.

—Já esta fazendo isso só por não me da uma resposta. Não estou te colocando contra parede mas já não da pra suportar o que sinto, Luara.

— Eu não posso, desculpa — Me levanto tirando sua mão da minha bruscamente.

— Ta bom — Ele se levanta. —, mas isso não significa que eu vá desistir de você. Eu vou tentar todos os dias.

— Não seja tolo! Como você quer uma mulher que não pode se que beijar? — Digo sem paciência.

— Você gosta de mim?

— Por que?

— Responda.

— Gosto, mais do que eu poderia imaginar.

— Então isso basta.

Optei pelo silêncio, qualquer frase que eu dissesse poderia estragar tudo e não era o que eu queria. Não mesmo.

Mas minha barriga começou a reclamar.

— Eu estou com fome.

— Meu Deus, Luara, que corte de assunto — Ele diz rindo.

— Ué, não vou esperar você terminar o discurso.

— Já sei, fica aqui que eu vou trazer uma surpresa. — Ele pega o seu copo e sai.

Ele seria um bom namorado, ótimo noivo e excelente marido. Se fosse em outras circunstâncias eu já estaria jogada em seua braços. Por que tem que ser tão difícil? Que merda de bloqueio é esse que eu se quer consigo abraçar uma mulher. Aquele homem me destruiu mas cabe a mim permanecer no chão ou não. Talvez esteja na hora de considerar um psicólogo, não por mim mas por Gustavo, por nós, eu quero ele, eu preciso dele.

Eu não posso me entregar a melancolia.

Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora