Oito.

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A menina não parava de observar cada canto do apartamento. Ela estava deslumbrada.

— Lu, cad.... Ué, quem é? — Gabriela disse enquanto saia do quarto.

— Essa é a...? Hãn, desculpa, qual é o seu nome? — Pergunto.

— Vivian. — Diz tímida.

— Oi. Cadê o enxaguante bucal?

— Na cozinha é que não está. — Respondo, ríspida.

Gabi faz uma careta mas não dá a mínima.

Ainda não sei como irei abordar esse assunto, Vivian pode achar que sou uma aproveitadora ou sei lá o que...

— Sua casa é bonita — Diz. Finalmente sai dos meus devaneios.

— Obrigada. Pode ficar a vontade, eu vou conversar com a minha amiga e já volto, tá bom? — Ela assentiu.

Me dirigi até o banheiro entrando no mesmo sem ao menos pedir licença. Gabriela me olhou assustada. Acidentalmente engoliu o enxaguante bucal que fazia gargarejo.

Dei alguns tapas em suas costas ajudando a colocar o líquido para fora.

— Aí, mas que porra! Você tá doida? — Pergunta sem entender.

— Preciso da sua ajuda. Essa menina aí precisa de um lugar para ficar e um trabalho. Eu não a conheço direito mas trouxe ela para cá. — Digo rapidamente.

Gabriela me encara perplexa.

— Tá, acabei de ter a certeza que você é louca. Teu coração é maior que o cu. Como traz uma menina que você nem conhece, para dentro da sua casa?

— Sem represália, por favor.

— Tá. Olha, põe ela na boate. Não sei se a bicha vai aceitar, mas não custa tentar...

A menina estava tão desesperada que aceitou trabalhar de primeira, agora, não seria nada fácil convencer a bbstar a deixá-la trabalhar somente como dançarina, ou uma simples garçonete.

Ela tentou me oferecer dinheiro por eu lhe deixar ficar e ter lhe dado comida, obviamente eu não aceitei.

— Você tá muito bonita — Vivian diz, me analisando.

— Obrigada. Para falar a verdade eu nem queria ir nesse jantar. O cara é um mala, vive me enchendo de presentes e diz que quer casar comigo.

— Isso num é bom, não? — Pergunta sem entender.

— Ele é casado no papel, traiu a mulher dele sabe lá com quantas, quando enjoar fará o mesmo comigo.

Ela balança a cabeça positivamente, parecia estar pensando.

— Tô ansiosa para amanhã. — Se referiu ao pronunciamento de bbstar quando eu o perguntar se ela poderá ou não trabalhar na boate.

— Vai dá tudo certo.

Observo em meu celular a mensagem de Caio dizendo que já estava a minha espera.

Ao sair resolvo trancar o apartamento do lado de fora. Não conheço a menina direto, não sei quais são suas intenções, melhor previnir.

Dentro no elevador a música irritante. Me olho no espelho pela vigésima vez, tudo perfeito! Ao sair vejo sua Hilux dourada.

Super chamativa.

Caio, generosamente abre a porta para mim. O cheiro de carro novo era inebriante.

Fui tomada de surpresa com um beijo no canto da boca. Apesar de tudo, ele era um coroa charmoso.

— Como você está? — Perguntou.

— Bem. Um pouco mais solidária,mas bem.

Ele deu partida. Eu já sabia onde iríamos, o mesmo restaurante caro de sempre.

— Solidária? — Indagou, prestando atenção total no caminho a sua frente.

— Esquece. Bom, me desculpe por não irmos jantar antes.

— Tudo bem — Me olha —, a propósito, você está linda.

Durante o jantar conversamos sobre o seu trabalho, ele sempre perguntava sobre o meu mas me recurso a falar sobre. Ficar dizendo como é dançar para vários homens, não é nada legal.

Caio sabe do que trabalho, ele diz que pode me dar tudo o que quero e mereço mas eu dispenso.

— Tenho uma coisinha para você. — Diz se virando. Ele pegou algo no bolso de seu casaco.

Mais jóias.

Era uma pulseira de brilhantes, extremamente pesada e linda. Era bastante chamativa, eu nunca usaria uma coisa daquelas. Primeiro porque é super caro e segundo porque é extravagante.

— É linda. — Digo admirando a pulseira em meu pulso. — Caio, você sabe que mesmo que me dê presentes, nós nunca iremos ter nada, não é?

Sua feição mudou. Eu precisava expor a verdade, não sou de enganar ou enrolar ninguém. Ele sempre soube disso mas parecia não querer enxergar.

— PORRA — Disse em um tom consideravelmente alto, chamando a atenção desnecessária de quem estava ali.

— Você está doido? — Pergunto assustada.

— Desculpa...ér, desculpa. Perdi a cabeça. — Diz se recompondo.

Homem louco.

— Você as vezes parece não querer enxergar a verdade.

— Eu te propus muitas coisas, inclusive te tirar dessa vida de merda que você leva. — Diz apontando o indicador para meu rosto. — Mas você prefere ficar dançando em um poste, para um monte de homens que só pensam em ter seu corpo.

Ri ironicamente.

— E não foi por isso que você entrou naquela merda de boate? Não foi por isso que você me levou para jantar a primeira vez? Não é para isto que você me dá esses presentes caros? Quer me comprar? Me dê o Titanic, aí quem sabe eu penso em namorar em você.

Me levanto jogando o guardanapo que antes estava em meu colo, em cima da mesa. Caio permanece sentado, com um sorriso patético nos lábios.

— Você nasceu para ser piranha mesmo — Balbuciou.

— Ah, é? AI PESSOAL. — Chamai a atenção de todos presentes — ESSE HOMEM AQUI É TÃO RUIM E BROCHA QUE PRECISA CONTRATAR UMA GAROTA DE PROGRAMA PARA NÃO SE SENTIR TÃO MERDA ASSIM.

Ele ficou assustado com a minha reação. Puxei a pulseira do meu pulso que se desfaz sem muito esforço, joguei o que restou em cima do babaca.

Peguei minha bolsa de mão em cima da mesa e sai, ouvindo as pessoas rirem de Caio, ou de mim.

Pouco me importava.

Eu estava furiosa, pé da vida. Mais um motivo para eu me manter afastada o máximo possível de relacionamentos.

Infelizmente os homens são assim; quando não conseguem o que querem eles são capazes de tudo, até mesmo te humilhar.

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Oi, desculpem pela demora, meu bebê estava dodói mas agora está tudo bem e eu estou de volta.

Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora