Quinze.

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Mata-Rindo.

O negócio foi tão neurótico que saiu até nas páginas do Facebook. Sabe qual é? A mina já deve ter comentado com os cana como eu sou, já me livrei de Vivian, a polícia não fica no pé de defunto.

Uma pena o bagulho lá ter fechado, mas não tem terror nenhum, minha loirinha eu vejo a hora que eu quiser. Agora o jogo vai ficar bom.

Encaro o corpo de Vivian jogado no chão da sala, sem vida. Com esse tipo de roupa ela me lembrava a puta da nossa mãe.

— Qual foi, mata rindo — Olho para a porta e vejo apenas a cabeça de um dos vapores. Ele encara o corpo no chão e fica espantado. — Caralho, irmão. Quem fez isso com tua irmã? Vamo atrás, vamo passar geral

Ele entrou. Permaneço sentado no sofá sem mover um músculo se quer.

— Tenta. — Digo abrindo um sorriso sarcástico.

Pelo visto ele entendeu o recado.

15h30

Caralho, meu coração estava acelerado pelo efeito do pó. Mas a vontade de ter aquela mulher era maior — uma dica, se tiver um homem como eu atrás de você, nunca, nunca em hipótese alguma coloque como localização o nome do condomínio onde mora em foto no Instagram. De resto foi fácil, eu já sabia que ficava no leme.

Loira burra do caralho.

Achei o condomínio mas infelizmente tinha a porra de um porteiro, vigilante sei lá que merda aquele homem é. Quer saber irmão? A ocasião faz o ladrão, o bagulho é chegar no sapatin'.

Do outro lado no calçadão havia uma floricultura. Parei minha moto em frente e entrei. Os olhares atentos da senhora e da novinha que estavam dentro da loja caíram sobre mim.

Não entendo nada sobre essas plantas, a única planta que conheço é a marijuana.

— Boa tarde, precisa de ajuda? — A senhora que estava no caixa perguntou, me olhando por cima dos óculos.

— Pô, tô querendo umas coisas dessas aí pra minha mina, mas tem que ser uma bem da hora. — explico.

Ouço a novinha soltar uma risada bem baixinha, deve ser pelo jeito que falei.

— Lilian, ajude o rapaz. — A senhora ordena. A garota olha em volta e pega dois jarros de plantas.

— Essas flores são as que mais saem, no entanto são as mais caras. — Diz admirando as plantas, que para mim davam no mesmo.

— Jae, me dá as duas então. — Digo e ela me olha surpresa.

— Quantas?

— Sei lá, faz um arranjo com plástico em volta, não sei pô. Quem trabalha aqui é tu. -— Respondo sem paciência.

— Você que um buquê? Mas vai dar — Ela anda rapidamente até o balcão e faz uma conta rápida na calculadora — 740,00 reais.

— Suave. Ué, só porque sou largado não posso ter dinheiro?

— Eu faço, eu faço meu jovem — A senhora repreende a novinha apenas com o olhar, pega as flores de sua mão e entra para uma salinha.

O silêncio se instalou, fiquei observando o condomínio até a velha voltar com o tal buquê. Nem sei porque mulher gosta dessas merda, além de caro fica tudo seca.

— Tá maneiro. — Disse pegando minha carteira.

— Ela vai adorar, você me parece ser um ótimo namorado. — A velha disse toda sorridente.

Ah, eu sou.

Sai da loja parecendo um babaca com aquela merda nas mãos, mas serviu pra uma coisa, as minas tudo me olhava quase se derretendo.

Ponho o capacete que antes estava no garupa, monto na moto e piloto apenas com uma mão.

Entro no estacionamento do local, desço da moto me certificando de que não há câmeras por perto, retiro o capacete e logo sinto o velho vigilante me encarando.

— Opa, meu bom. A Luara, tá aí? — Pergunto sorrindo.

— Boa tarde. Não sei, vou interfonar para o senhor, qual é o seu nome? — Diz simpático.

— Não cara, é que eu vou pedir ela em casamento, quero fazer surpresa. — Inventei essa porra na hora.

Ele encara as flores em minha mão.

— Casamento? A senhorita Luara sempre foi tão reservada, nunca te vi por aqui.

— Eu estava de viagem, cheguei ontem e ela nem sabe. Quebra essa pra mim aí. — Ele permanece calado por alguns segundos.

— Tá bom, vai lá. Mas, ó ela tem que dizer sim — Brinca.

— Impossível ela dizer não. — Vou até o elevador mas antes me viro rapidamente — qual é o número?

— 312, décimo andar.

Era tudo o que eu precisava saber. Já que não posso ir até a luz vermelha para ver a minha menina, eu venho até ela.

O elevador tocava a porra de uma música sem graça. Encaro meu reflexo no espelho e dou um sorriso largo, para mim mesmo. Finalmente o troço parou me libertando.

Lá estava eu, parado em frente ao apartamento dela.

Bato algumas vezes na porta, ouço uma movimentação ao lado de dentro até que uma senhora abre a porta.

— Oi, a luara tá aí? — Ela não respondeu, apenas balançou a cabeça negativamente.

Pela falta de educação e com a minha pouca paciência empurro a senhora e entro porta a dentro. O lugar era pequeno mas era bonito e arrumado. Ao que parecia a senhora era a empregada, vi pelos produtos de limpeza espalhados pela casa.

— Moço, você não pode fazer isso. Eu já estou de saída e nem sei quem você é — Disse preocupada.

— Me chamo Lendro, sou o namorado da Luara, cheguei de viagem a pouco tempo e vim pedi-la em casamento — A senhora encara o buquê e desvia seu olhar para o relógio na parede

— Eu tô atrasada pra buscar o Diogo, aí Jesus! Olha rapaz, a Luara nunca trouxe homem pra  cá, não. Pelo menos eu nunca vi

— Eu não moro aqui, como disse, cheguei de viagem a pouco tempo. Fica tranquila, não vou assaltar o apartamento, nada aqui me interessa senão a dona dele. Tenho dinheiro pra pagar teu sorriso. Qualquer coisa pode confirmar com o porteiro. Agora vai, antes que tu se atrase. — Digo me sentando no sofá.

Agora ela me parece um pouco mais relaxada.

— Tudo bem. Eu vou indo, e boa sorte com o pedido...

NÃO preciso de sorte.

Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora