20h00
Luara Oliveira
Sentada na cadeira da cozinha eu observava minha mãe guardar a louça enquanto cantarolava algum hino da igreja. Encaro meu celular lembrando que a polícia não me deu nenhuma nova informação, isso me irrita, significa que eles não estão fazendo absolutamente nada para me ajudar. Caio tinha razão, um detetive seria o melhor mas não consigo cogitar essa ideia. Minha vida não é nenhum filme de Hollywood, muito menos uma série policial.
— Que foi? — Mamãe pergunta, chamando minha atenção para si.
— Nada, só estava pensando. — Forço um sorriso.
Largo meu celular sobre a mesa e tento ignorar a voz dentro de mim que me ordena ligar oara Caio e pedir para ele vir até aqui apenas para me ouvir chorar e lamentar. Ele é a única pessoa que me permiti confiar. Devo admitir que sua confissão me deixou abalada, tive que ser sincera e dizer que no momento não quero ninguém.
— E seu amigo? Por que não trouxe para eu conhecer? — Notei a malícia em sua voz.
— Ele teve que ir embora. Caio é homem muito ocupado. — Ela apenas acenou com a cabeça — Mãe?
— Hun?
— Estou atrapalhando vocês? Quer dizer, meu pai anda tão calado, não fala comigo direito.
Mamãe secou suas mãos no pano de prato, se encostou na pia de inox e me encarou. Seu olhar foi de encontro a minha calça jeans, provavelmente estava se perguntando o porquê de eu estar vestida daquela forma, já que estava um enorme calor.
— Não Lua, seu pai é difícil e te ama demais. O que aconteceu com você foi um baque terrível para ele. Violaram a princesa dele, Luara, entenda. — Seus olhos fixaram se aos meus.
Tomei algumas gotas de rivotril e me direcionei ao banheiro, precisava de um banho antes que a sonolência viesse.
Até mesmo encarar meu reflexo através do vidro do boxe era difícil, eu sentia tanto nojo, por mais que as pessoas dissessem que a vítima nunca tem culpa, algo dentro de mim gritava que sim, eu tinha. O que aconteceu para ele achar que poderia ter feito aquilo comigo? Será que foi o local onde eu trabalhava? Sera que foi meu jeito desafiador? Talvez tenha sido minhas roupas.
Sinto meu corpo intero ficar quente pela raiva, dou um soco na parede e gemo pela dor. Não consegui mexer meu mindinho. Agradeço mentalmente por não ter feito isso no vidro.Mesmo com meu dedo doendo, tomei meu banho e me deitei. A princípio cogitei ai ao pronto socorro, meu dedi esta a ficando vermelho e inchado mas logo fiquei grogue e dormi.
Inacreditável, pela manhã meu dedo estava enorme, uma dor insuportável. Encaro o relógio sete da manhã. Vou até a cozinha em busca de gelo. Era óbvio que nem todo gelo do mundo iria me ajudar com aquilo.
Ouço barulho vindo do quarto do meus pais, logo alguém caminhando até que meu pai entra ma cozinha. Ele me olhou estranho, logo encarou meu dedo que aquela altura estava para explodir.
— O que deu ai? — Pergunta com aquele jeito fechado.
— Acho que quebrou. — Digo largando os cubos de gelo na pia.
— Você tem que ir no médico, menina. Deixa eu ver isso — Meu pai se aproximou pegando em minha mão.
E pela primeira vez desde que cheguei ele estava demonstrando algum tipo de afeto.
— AAAAAI — Grito ou sentir uma dor aguda, e ouvir um barulho.
Ele havia puxado meu dedo. Realmente resolveu, a dor foi embora quase que instantaneamente.
— Agora põe o gelo — Sua voz aguda soou.
Eu não disse nada, so peguei o gelo novamente e me sentei na cadeira aplicando-o sobre o local. Meu pai sempre foi um homem calado, muito certo. Ele nunca errou fazendo nada, sempre resolveu seus problemas, típico de homem do interior.
Me deito novamente mas antes mando uma mensagem de bom dia para Caio, o que foi estranho, ele sempre manda primeiro.
— Luara?
Abro meus olhos com dificuldade e vejo uma mulher parada na porta do meu quarto... Impossível não reconhecer. Carolina.
— Oi, Carol — Tento parecer animada.
Éramos bem chegadas quando crianças, ela vivia dormindo aqui em casa mas depois, logo ma adolescência ela arrumou um namorado e me largou de lado.
— Eu estava viajando, soube ontem que você voltou a morar aqui. — Diz sem jeito.
Ela não queria forçar uma aproximação.
— Ah, foi pra onde? — Pergunto tentando ser a mesma garota amiga de antes.
Na verdade eu não me importava nenhum pouco.
— Angra dos Reis. Lá é maravilhoso — Els continuou a falar por algum tempo — só a pisci....
— Minha mãe te mandou aqui, ne? — Tive que s interromper.
— É, foi. — Seu olhar tristonho fitou o chão brevemente — Eu sei o que houve, todo mundo sabe.
— Eu sei mas eu espero que não tenha vindo aqui por pena ou algo do tipo.
— Ta maluca? Ei vim é te tirar desse quarto. Luara, ta um dia lindo la fora, vamos la em casa minha mãe esta morrendo de saudades. — Diz animada. Toda aquela animação me deixava sonolenta.
Maldita depressão.
— Prefiro ficar.
— Não perguntei o que você quer. Já que não quer que te tratem feito uma coitada, não haja como uma. Vamos — Disse repleta de razão.
Não me arrependi, passei toda a manhã e tarde em sua casa, nós conversamos e sua mãe relembrou cada merda que fazíamos, era de dar gargalhadas. Carolina e eu éramos o cão.
— Dorme aqui, se quiser a gente da um role mais tarde — Carol diz engolindo um pedaço de carne.
— Ta, eu só vou ir la em casa buscar a roupa e algumas coisas
Meus remédios anti dst, amiga.
— Quer que eu va lá com você?
— Não precisa — Eu não queria atrapalhar a refeição dela ja que ei havia terminado a minha.
Cheguei em casa sentindo um cheiro de perfume feminino, minha mãe esta a procura de algo na sala. Assim que me viu ela abriu um sorriso enorme, ja sei que a mãe de Carol ligou para ela dizendo que eu estava me divertindo.
— Vai aonde? — A analisei de cima a baixo.
— Vamos visitar uma igreja, tínhamos que sair daqui três horas da tarde mas seu pai não lembra onde colocou a Bíblia. — Disse e bufou.
— Achei. — A voz grossa de meu pai ecoou pelo corredor. Ele se aproximou de nós, mostrando a Bíblia em sua mão.
— Filha, tem comida é só esquentar. Não esquece de trancar tudo — Mamãe retifica.
— Vou dormir na Carol — Minha mãe não precisou dizer nada, seu sorriso já me disse tudo.
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Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)
Novela JuvenilPROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS. Até onde vai a obsessão de um homem? O ser humano é capaz de coisas terríveis, apenas para ter o que anseia. Ela é dançarina de boate. Bem resolvida, ela não dá chance para malandro fazer seu coração de playground...