Antes de começar, quero saber quem aí lembra como o mata rindo contraiu a doença?
Luara Oliveira
O som do coração aquele ser não saia da minha cabeça, a forma que ele ou ela se mexia. Desde que saímos daquela sala Gustavo não fala nada, as vezes ele me olha como se quisesse me perguntar algo mas logo desvia o olhar para seu celular.
Não sei ao certo o motivo daquela ultra mas mexeu muito com a minha cabeça. O coração estava batendo, significa que há vida, serei uma assassina se eu fizer parar? Ah, Deus por que é tão difícil, já não basta o que passei, já não basta eu estar aqui preocupada com meus pais sozinhos em casa?! Agora parece que Gustavo mudou de ideia mas sei que a decisão é minha.
— Vai dormir aqui ou quer que minha mãe venha? — Pergunto e ele finalmente me da atenção.
— Vou ficar, você sabe o que sua mãe iria fazer.
— E o que você quer fazer? — Pergunto sem demora.
Ele se levanta, guarda o celular em seu bolso e me encara. O mulato tenta de todas as formas não dizer mas diz.
— A criança é inocente.
Era tudo o que eu não queria ouvir, isso gera uma pressão enorme dentro de mim.
— Eu não vou conseguir criar esse bebê, vou lembrar de tudo o que tenho que esquecer.
— Lua, não sei se reparou mas eu estou aqui para te ajudar. A minha madrasta é louca para ter um bebê, você perderia ajudá-la, pense bem — Diz educadamente.
— Não, eu não quero! — Gustavo suspira e acena com a cabeça. — Ta zangado?
— Não, claro que não
18h40.
As seis e meia o jantar chegou; arroz, legumes, feijão sem sal, frango grelhado e suco de caju. Eu definitivamente não queria ficar neste lugar, além dos bebês chorando a todo tempo e das mães fofoqueiras ainda tem essa comida.
Eu não tinha se quer tocado nela, Gustavo vez ou outra desviava seu olhar para mim que o encarava sem cessar. Ele é um homem incrível, bonito, cheiroso e super educado. Talvez se fosse dm outra ocasião nós poderíamos... Ah, não pense besteiras Luara, esse homem só quer te ajudar porque é uma pessoa legal além de ser seu amigo. Desista de namoros, nenhum homem vai querer uma soropositivo. Era uma tortura ter esse tipo de pensamento mas não posso e nem vou negar a realidade.
Agora ele esta me encarando, e eu estou com raiva dele e nem sei o porquê bom, na verdade eu sei; estou com raiva por ele não gostar de mim como eu gosto dele, estou com raiva por ele ser tão perfeitamente encantador a ponto de reviver o que eu sentir antes por ele mas principalmente, estou com ódio de mim mesma por estar nessa situação e não poder fazer nada.
— Ta olhando o que? — Pergunto grosseira.
— Eita! Calma, ta apaixonada de novo? — Diz brincalhão.
Talvez.
Não respondi, continuei calada e essa atitude fez ele tirar suas próprias conclusões.
— Você esta? — Pergunta novamente, agora com seu tom de voz sério.
— Não quero comer. Você quer? — Mudo de assunto bruscamente.
— Hun, não. Você precisa se alimentar
Ele caminha até a pequena mesa que havi ali, pega a pequena marmita e os talheres de plástico. Gustavo se senta de frente para mim, desembrulha os talheres e tenta dar a comida em minha boca.
Fiquei sem jeito pelos olhares curiosos das mamães e de seus acompanhantes que ali estavam, entretanto foi um gesto lindo e carinhoso. Abri minha boca dando passagem para a colher de plástico.
Absolutamente tudo sem tempero
Se comi umas cinco colheradas foi muito. Logo o jantar dos acompanhantes é liberado.
— To indo papa, vou deixar meu celular com você porque a Carol vai ligar pra você falar com sua mãe — Ele pega seu celular e da em minha mão.
— Agora você vai ver como a comida é péssima — Digo brincando, ele pisca para mim e sai.
Algo na minha cabeça dizia para eu fuxicar o celular dele, eu sabia que era errado. Gustavo confiou em mim deixando seu celular comigo.
Dane-se.
Abri a galeria vi um monte de fotos dele, de comida, frases, nudes dele e de mulheres. No whatsapp não tinha nada demais só fiquei chateada por ler algumas conversas com algumas mulheres. Resolvo ir até a conversa dele com Carol.
“ Eu não posso simplesmente chegar e dizer que quero ela, a mulher esta traumatizada”
“ Guto, ela vai te entender mas você precisa ser paciente muuuuito paciente. Sobre o bebê ela vai dar para Mayara ou vai tirar?”
“Não, ela vai tirar.”
“Mais tarde eu ligo, a mãe dela quer falar com ela”
Pela primeira vez em meses eu estava feliz, não totalmente mas estava sentindo uma sensação tão boa. Como eu queria que ele me dissesse o que sente. Não estou aberta para relacionamento mas isso me deixou plenamente elegre.
Visualizei alguns status dele sem me importar se o mesmo iria desconfiar.
A copeira entrou no quarto recolhendo todas as marmitas. Peguei uma calcinha, toalha e sabonete em minha bolsa e fui tomar banho. Quando sai vi que a menina das contrações ja estava de volta, agora com o bebê.
Me sento na cama observando ela acariciando seu filho. Como eu queria que esse ser dentro de mim fosde fruto de um amor, como eu queria estar aqui por outro motivo. Jesus, eu não quero set uma assassina, essa criatura dentro de mim poderia ser um bebê como este que essa mulher esta segurando.
Ouço uma música irritante tocar, era o toque do celular de Gustavo.
— Alô?
— Lua, linda como você ta?
— Estou bem, Carol.
— Vou passar para sua mãe. Ela ta doidinha pra falar com você.
— Ta bom.
— Oi minha filha, você ta bem? Ja comeu alguma coisa? Estão tratando você bem?
— Se a senhora quisesse saber estaria aqui comigo, mãe.
ouço ela suspirar.
— Você sabe que não sou a favor, mas eu te amo.
— Ta bom, mãe. Eu também te amo. To meio cansada
— Ta bom, se cuida eu to orando por você.
— Obrigada.
— Lua, meu irmão ta ai?
Carol pergunta
— Não, esta jantando.
— Ta bom, eu ligo amanhã para saber como foi. Fica com Deus.
Desligo e continuo observando a mamãe com o seu bebê, o amor materno é algo muito forte e mágico. Será que sou capaz de amar um fruto de estupro?
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Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)
Genç KurguPROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS. Até onde vai a obsessão de um homem? O ser humano é capaz de coisas terríveis, apenas para ter o que anseia. Ela é dançarina de boate. Bem resolvida, ela não dá chance para malandro fazer seu coração de playground...