Vinte E Quatro

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O tempo foi passando lentamente, o olhar atento de Carol permaneceu sobre mim. Meus olhos estavam pesando, eu estava cansada demais. A essa hora Caio deve ter me entupido de ligações e mensagens.

- Você pode ir - Quebro o silêncio.

- Não vou te deixar aqui sozinha. Vamos dormir lá em casa, meu irmão já esta em casa, seria bom você vê-lo novamente.

Impossível me esquecer do menino franzino, que usava óculos de grau. Na época ele tinha doze anos e eu dezesseis, Carol e eu sempre fomos mais velhas.

- Não, eu prefiro ficar aqui. - Me ajeito no sofá.

- Hun... Sabe, meu irmão teve que ir ajudar meu pai na empresa dele em Guarulhos.

Era nítido que ela estava forçando algo, querendo acabar com aquele clima mas isso era impossível.

- Por favor, vai pra casa... - Peço quase que sussurrando.

Carol não diz nada, não contesta apenas sai me deixando quieta junto ao meu psicológico ferrado.

Quando meus pais chegaram a alegria nos olhos deles esta notória, eu não queria estragar aquilo. Simplesmente dei a desculpa de que fiquei menstruada e não estava bem, isso explicaria a mancha de sangue no lençol que estava dentro da máquina de lavar roupas.

Ao entrar no meu pequeno quarto revivi toda a tortura. Pego a bolsa onde estava os remédios mas o ódio me consome de tal maneira que os jogo na privada. Não precisava daquilo, esse homem seja lá quem for, nunca vai parar. Eu coloquei a vida dos meus pais en risco.

Quando dei por mim eu estava sentada no chão do banheiro, puxando meua cabelos com tamanha força a ponto de arrancar alguns fios.

Dois meses depois.

Quinta feira.

A esta altura do campeonato eu ja tinha a plena certeza de que o universo conspirava contra mim. No último mês ele me visitou três vezes, teve a audácia de ficar espionando minha casa. Quando meus pai ia pro bar e mamãe ia para suas faxinas... Ele entrava em ação. A pior parte, fora o ato é não poder abrir a boca. A comida já não me desce bem, eu vomito frequentemente e todos dizem ser depressão, ja perdi as contas de quantas vezes a missionária foi até a minha casa orar. Por diversas vezes cogitei a hipótese de ir a delegacia mas o medo não deixou. Menti dizendo que meu celular caiu na privada.

A agulha me incomodava, mas seria rápido "só um pouco de sangue" foi o que a enfermeira disse. Após encher um pequeno tubo com o meu sangue, ela me retirou daquela agonia.

Sai da sala segurando o algodão contra meu braço. Assim que avistei Caio tratei de sorrir. Bom, ele não sabe que o maníaco voltou a me atacar só acha que estou melancolia.

- Como foi? - Perguntou atencioso.

- Tenho agonia a agulhas. - Reviro meus olhos. - Ja que a ciência evoluí tan... - Paro imediatamente quando sinto uma forte tontura.

As mãos pesadas de Caio pairam sobre meus braços rapidamente.

- Ei, você ta legal? - Apenas ci concordo. - A quanto tempo você não come?

Há dias.

- Eu não sei...

- Vem, ainda temos duas horas antes do exame ficar pronto.

Mata-Rindo

A ardência no braço já estava afetando meus pensamentos, tudo o que pude fazer foi entrar dentro de um barraco qualquer e me esconder. Eu não sabia quem era aquela família que estava me encarando assustada mas eu precisava do abrigo, a bala ta comendo la fora.

Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora