Dezessete.

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Lembro-me de quando eu era pequena, na minha rua morava um senhor e ele aliciava crianças. Mamãe não me deixava brincar na rua por conta disto, até que um terrível dia, uma de minhas amiguinhas foi estuprada por ele. Tudo o que lembro era dos carros de polícia parado em frente a casa do nojento, e dele entrando no camburao após ter sido espancado por meu pai e uma par de moradores.

Em toda a minha vida nunca imaginei que isto pudesse me acontecer, aliás, nunca acreditamos que possa nos acontecer algo de ruim... Até acontecer.

Meu corpo estava imóvel sobre a cama, minha pele se arrepiava pelo vento gélido. Até o cheiro de seu cigarro me deu ânsia de vômito.

— Seu batom estava borrado — Ouço ele afirmar.

Ignoro.

Ele volta a fumar em silêncio. Alguns minutos se passaram, não sei quantos mas me pareceu uma eternidade.

— Eu não quero você envolvida com mais ninguém. — Ele se levanta, vem até a mim, puxa meu corpo mole e se senta na cama, em seguida põe minha cabeça em seu colo.

O que você quer de mim? — Sussurro.

— Você, eu quero você. Você é a minha mulher maravilha.

— Eu tenho nojo de você. — Digo transbordando ódio. Ele alerta meu rosto em seguida me da um soco ao lado da cabeça.

— Você me ama, só não tá ligada ainda.

Minha cabeça começou a doer por conta do soco.

...

A música alta ecoava, mas, ainda sim as batidas do meu coração era perceptível. Talvez eu tenha ficado deitada naquela cama, completamente nua, por uma hora e meia até me levantar.

Olho minhas roupas pelo chão, irei ter que queimá-las, sem dúvidas. Em meu guarda roupas busco por um vestido simples, jogo sob meu corpo e me dirijo até a sala onde o homem asqueroso se encontrava, sentado no sofá comendo torrada.

Minhas torradas.

Você precisa ir embora.

Ele se vira, sorridente. Se esse ser tivesse a noção do quão eu tenho asco dele, se quer olharia para mim.

— Já está me expulsando, loira?

— Você não deveria se quer ter entrado — Digo rude.

Ele se levanta bufando.

Nem o tempo pode apagar
Tudo aquilo que a gente viveu
Você e eu, você e eu, você e eu

A música tocava, minha vontade era de desligar o som. Ele pegou sua camisa em cima do sofá e a vestiu, cobrindo a maioria de duas tatuagens — aproximou-se, eu me afastei. Riu debochado, eu quis chorar.

— Luara... - Balbuciou.

Foi então que minha ficha caiu, como a maioria das mulheres eu se quer sei o nome do estuprador.

Sua mão se posicionou atrás de minha nuca me puxando para selar nossos lábios.

Nojento.

Doente — Respiro fundo tentando conter o ódio que me dominava. — Onde ela está?

— hum? — Se fez de desentendido.

— Onde está Vivian? — Ele se afasta, pega um molho com três chaves que estava em cima do sofá, o mesmo que estava repleto de farelo.

Silêncio.

Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora