Vinte E Nove

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Mata-Rindo

Três dias bebendo e cheirando, tentando fazer o mal-estar passar, minha garganta doía de tanto vomitar. Minha cabeça estava a mil. Estou trancado no meu barraco desde que soube da desgraça, fodi a amiga da Kaylane até ela pedir pra eu parar, essa merda sem camisinha. Maldade? Que se foda! Fizeram o mesmo comigo.

Os moleques vinham me chamar mas eu não saia para responder, meu celular não parava mas eu não atendia. Nesse momento estou enchendo a cara mas minha alma esta seca, seca de vingança, to bebendo na intenção da vagabunda que me passou essa porra. Remédio é o caralho, não quero tratamento, meu remédio sera vê-la morta.

PORRA — Jogo a garrafa de Smirnoff contra a televisão que estoura a tela na hora. — Desgraçada — Digo chorando.

Ta esperando o que para matá-la?
Ouço a voz dizer em minha mente. Ela tem razão.
Recarrego minha pistola, visto minha blusa vendo que meu braço estava sangrando. Esqueço meu capacete, que se dane a polícia.

Saio de casa com os olhos vermelhos, o sol estava quente os moleques com certeza estavam na piscina mas eu tenho outros planos. Estar bêbado sob um sol de meio dia me faz ter mais ódio ainda daquela puta. Subo em minha moto e vou, ignoro os caras me chamando na entrada, ignoro a porra do tanque no reserva e vou.

Hoje essa loirinha me paga, vou matar ela e aqueles velhos.

Mais rápido, mais rápido

A voz em minha cabeça mandava eu acelerar vada vez mais, ignorando os semáforos, a porra toda. Ai de quem entrasse na minha frente.

Quando cheguei na rua dela pude ver que alguém ja tinha facilitado a minha entrada, o portão estava aberto, mas antes que eu pudesse me mover uma mina aparece no portão, ela parecia estar falando ao celular, não demorou muito para ela entrar e deixar o portão aberto. Mais uma pra morrer.

Acelerei minha moto e parei em frente a casa dela, na rua havua um número considerável de pessoas mas ninguém prestava atenção em mim, todos estavam ocupados fazendo fofoca ou mexendo no celular. Desci da moto e entrei na casa tão rápido quanto o vento. Passei pela sala que não havia ninguém, ouvi vozes vindo de outro cômodo, então segui em frente.

Luara Oliveira

Mamãe estava fazendo todas as minhas vontades, talvez para me fazer mudar de ideia em relação ao bebê. Estávamos reunidos meus pais, Carol e logo Gustavo chegaria com sua mãe. Carol teve a ideia de reunir todo mundo para um almoço, assim eu não ficaria apenas trancada no quarto.

— Ele ta vindo, ta esperando minha mãe. Tia, minha mãe ta trazendo salada de bacalhau.

Carol disse se sentando ao meu lado na mesa.

— To indo tomar uma — Papai disse para minha mãe. — Quem é você? — Meu pai diz olhando para a entrada da cozinha.

Todos os olhares foram até a entrada. Faltou pouco para meu coração não pular pela boca, era ele. O maníaco estava ali, ele voltou para me fazer mau.

— SAI DAQUI — Grito desesperada. Me levanto ouvindo a cadeira ir de encontro ao chão, atrás de mim.

— Saudade? Vadia. — Sua voz nos demonstrou puro ódio.

— Deixa a minha filha em paz, eu eu mato você — Meu pai disse tentando me proteger.

Carol me abraça enquanto eu choro nervosa. No momento eu só pensava em meu filho.

Vai morrer também, velho viado — Ele puxa a pistola da cintura e aponta para meu pai. Naquele momento eu solto um grito e minha mãe se põe na frente do marido.

— SUMA DAQUI. A JUSTIÇA DE DEUS SERÁ FEITA! VOCÊ TOCOU NA FILHA DE UMA SERVA DO SENHOR. — Minha mãe dizia autoritária.

Aquilo não estava ajudando muito. Ele veio até a mim e me separou bruscamente de Carol, puxando meus cabelos. Meu pai tentou avançar mas ele disparou contra a parede. Na cozinha se ouviu nossos gritos

— PAI, NÃO. FIQUE AI — Gritei. Não era justo minha família esta passando por isso.

Em questão de segundos fui jogada ao chão, minhas costas gritaram com o impacto.

— PIRANHA, VOCÊ ME PASSOU AIDS, SUA PUTA DESGRAÇADA — Ele deu um chute em minha perna. Me curvei protegendo minha barriga enquanto chorava. Aquele seria meu fim.

— Não foi ela, você passou isso — Carol tentava manter a a calma e dialogar com o bandido. — Por favor, ela ta grávida de um filho seu.

Aquilo pareceu um balde d'água na cabeça daquele monstro. Ele parou de me chutar e fitou minha amiga, por um momento eu pensei que ele tinha afetado o emocional dele.

Mas monstros não tem coração.

— Eu vou, EU VOU! — O maníaco gritou para si mesmo, como se estivesse discutindo consigo.

— Não foi eu, por favor não me mata — Digo as únicas coisas que me vem a mente, mas ele ri. Fecho meus olhos ouvindo minha mãe chorar.

Eu vou morrer, foi o que pensei antes de ouvir um barulho de vidro quebrando. Abro meus olhos vendo o nojento caído ao meu lado. Olho para cima e vejo Gustavo segurando o que restou da travessa de vidro que antes abrigava a salada de bacalhau. Sua mãe me ajudou a levantar do chão. Antes que Gustavo tentasse pegar a pistola o maníaco voltou a si e apontou a arma para ele, eu corri dali. Fui até a garagem onde estavam algumaa de minhas coisas, peguei o pote onde eu guardava meus talheres caros e retirei a maior faca que havia ali.

Dei a volta pela casa e passei pela área de serviço, dali pude vê-los. Eu não tive muito tempo para pensar em algo. Quando ele apertou o gatilho eu já estava em cima do mesmo distribuindo facadas pelo seu rosto.

Não pensei em nada, só no ódio. Ele tentou correr mas caiu no chão dala.

NãoEle suplicou.

— Eu pedi por favor e você não parou — Disse rindo.

Subi em cima dele sentando em cima de suas pernas.

— Não gostava quando eu montava em você? HEIN? SEU MERDA! — Cravei a faca em sua região genital, dali eu não parei mais até me tirarem de cima do cadáver.

Me viro vendo Carol que chorava feito criança após ver a cena.

É seu filho, só seu! — Ela murmurou e me abraçou.

— Guto — Jogo a faca no chão ai lembrar que o nojento havia disparado contra o homem que tanto me ajudou.

Aquele pesadelo havia chego ao fim.

Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora