Onze

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Bati meus dedos contra a mesa de ferro algumas vezes, encaro a garrafa de cerveja a minha frente.

Eu não deveria ter saído de lá, deveria ter ficado e encarado aquele homem. Que nojo, que raiva. Em toda a minha vida isso nunca aconteceu comigo, vez ou outra aparece um homem meio louco querendo algo a mais comigo mas desta forma? Nunca!

—Vai querer mais alguma coisa? — O atendente pergunta com uma cara de poucos amigos.

Olho em volta e vejo que sou a única cliente daquele bar, a música já havia sido desligada, as demais pessoas já não estavam ali conosco.

Eu estou atrapalhando o cara, ele só quer ir para casa descansar.

— Não, quanto deu? — Forço um sorriso. Para quebrar gente mal educada, só com muita generosidade.

— Doze reais.

Meu celular estava descarregado, mas eu sabia que só teria mensagens de Gabriela e da bicha reluzente.

Em minha mente só uma pergunta martelava, 'Quem é aquele homem?' Eu daria tudo para saber um pouco mais, para dizer que não sinto medo. Aquele sorriso cínico, suas mãos pesadas em meu corpo, sua voz grossa, seus passos pesados, sua arma, tudo isso tinha em espaço guardado em minha cabeça.
Duas horas da manhã e eu andando lentamente pelo Leme de carro até minha casa, um risco enorme de ser assaltada mas e daí? Tem um cara estranho querendo me deixar louca.

Finalmente entro no elevador ao menos não há música irritante desta vez. Fecho meus olhos com força sentindo um aperto enorme em meu peito.

Não era um infarto, antes fosse.

Eu estava chorando, era desespero com certeza. Logo quem, Laura, a mina sem medo, a mina que encara e jamais é encarada. Medo de um completo estranho. As portas do elevador se abrem e saio sem pressa alguma. Era possível ouvir o som da minha televisão de plasma através do corredor.

Mas que diabos essa menina está fazendo?

Fechei a porta atrás de mim, retirei meu salto os jogando pelo chão.

— Já ouviu falar em lei do silêncio? — Já entro perguntando Vivian se  assusta.

Pelo que parecia ela estava dançando em frente a televisão e quando notou minha presença correu para se sentar no sofá, estava envergonhada. Acho que esqueceu de como eu ganho a vida.

— Ah, não, eu nem sei o que é isso mas desculpa. Descobri o YouTube da televisão, é muito legal — Disse eufórica. Impossível acreditar que ela ficou acordada todo esse tempo por conta do YouTube.

— Pago cento e cinquenta de multa. — Digo ácida.

— Desculpa, eu não sabia.

Respiro fundo tentando manter a calma, ela não tem absolutamente nada com o que aconteceu comigo.

– você me paga com o seu salário – Dei uma piscadela e me joguei no sofá.

Ela deu um pulo do sofá com um sorriso enorme tomando com tá de seus lábios.

— Você conseguiu, aí meu Deus! Vlw cara. — Ela dizia animada.

Salvou minha madrugada.

Amanhã você já pode ir comigo, vai trabalhar como garçonete. Ele só não pode assinar a carteira mas, isso não é meio óbvio.

— O que aconteceu com você?

— Nada, só um maluco me tirando a paciência. Mas, nada que um banho quente e algumas horas de sono não melhorem.

Me levanto indo direto para o banheiro, pelo menos alguém ficou feliz hoje.

Aquele sorriso me causava arrepios, ele me observava encostado no batente da porta do meu quarto. No momento eu soube o que era pânico.

Tento me mover mas não consigo, meu consciente gritava parque eu corresse dali. Meu corpo estava coberto apenas por uma langerie amarela.

— Você é tão linda — Disse convicto.

O homem se aproximou lentamente me dando a visão de sua pistola em sua mão.

Não chega perto... SOCORRO, VIVIAN! — Ele riu com o meu desespero.

Sua mão esquerda acariciou meu rosto, automaticamente tento vira-lo para o lado oposto. Era impossível me mover.

— Grita, grita que eu gosto. — Sua mão estava gelada.

Ele apertou um dos meus seios com força. Foi o suficiente para me da uma terrível falta de ar.

— Lua — Alguém chamou pelo meu nome, era a voz de vivian. Por mais que eu quisesse gritar por ela minha voz estava presa.

Abri meus olhos rapidamente, pude sentir o suor escorrendo pela minha testa, meu peito subia e descia rapidamente.

Até nos meus sonhos ele está.

As batidas pesadas contra a porta do quarto me vez despertar de vez. Era Vivian.

— Eu tô bem... Foi um sonho. — Passo minhas mãos pelos cabelos na tentativa de fazer um coque. O ar condicionado parecia não ter dado vazão, eu estava molhada.

— Eu fiz um café pra você... — Pelo tom de su voz ela me parecia animada, tanto que nem deve ter dormido.

— Já estou indo. — Estico meu braço até o criado mudo em busca do meu celular que estava carregando.

Merda de carregador 80% apenas. Inúmeras mensagens de Gabriela e nenhuma da bicha velha, não sei se isso é bom ou ruim. Querendo ou não é essa "bicha velha" quem paga o meu salário.

O cômico foi ver uma mensagem de bom dia vinda de um outro número, um número desconhecido por mim. Quando vejo era Caio.

Ninguém merece.

Respondo alguns clientes, os que valem a pena e logo vou para o banho.

Hoje minha vontade era de ficar  casa, não sair para nada. Meu maior medo é esse homem me perseguir nas ruas, já é ruim o suficiente passar por isto no trabalho. A pior parte é não poder denunciar, poder pedir ajuda. Vou pedir ajuda a quem? Polícia? Acho que não seria uma boa ideia.

Embora bastante policiais militares frequente o local onde trabalho, eles vão até lá para diversão e correm de problemas.

Já embaixo do chuveiro pude ouvir meu celular tocando.

You got a fetish for my love i push you out and you come right back

Preciso mudar o toque do meu celular imediatamente. É provável que eu tenha ficado uma hora embaixo da água fria, apenas pensando.

Coisa que não me levou a nada. Eu preciso ignorar o que vou e tentar mostrar que nada me intimida, ele tem uma arma, não é? Então eu também terei.

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Olha quem voltoooooou! Galera, eu estava sem celular mas já dei um jeito nisso e voltei com tudo. Me perdoem pela demora.

Neurótico uma paixão obsessiva (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora