Capítulo III

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Alana soltou o rabo de cavalo e os cabelos caíram ondulados, tomando forma sob a escovação

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Alana soltou o rabo de cavalo e os cabelos caíram ondulados, tomando forma sob a escovação. Ajeitou o vestido no corpo, passando a mão para desamassá-lo. Precisava estar com a aparência melhor para conhecer o pai de Eduarda e pedir permissão para que ao menos, pudesse manter contato com a menina depois do transplante. Precisava disso para continuar vivendo e superar a dor de perder o filho.Confiante que ele não negaria esse pedido, pois estava dando um pedaço seu para que a sua filha pudesse viver, passou um gloss transparente e um pouco de rímel para realçar os cílios, que já eram grandes o suficiente para serem notados e para disfarçar os olhos inchados pelo choro recente.
Saiu do banheiro e seguiu até a ala pediátrica.
Parou em frente ao quarto, respirou fundo, bateu e entrou.
Não havia ninguém com a garotinha, mas ouviu barulho vindo do banheiro anexo ao quarto. Certamente, a cuidadora estava lá.
Se aproximou da cama, pegando na pequena mãozinha, arroxeada pelo cateter.
__ Bom dia, minha linda! Vim te trazer uma notícia... - pausou, ouvindo a porta do banheiro abrir.
Virou-se sorrindo, esperando enxergar a moça simpática do dia anterior ali, mas a imagem de um homem alto, moreno claro, barba cerrada, bem desenhada e corpo atlético, parado, fez seu sorriso se esvanecer. Pela expressão parecia ter levado um choque ao vê-la ao lado da cama.
Seus olhos escuros e frios se estreitaram fixos nela por alguns instantes e antes que pudesse falar qualquer coisa, o viu caminhando com passos furiosos em sua direção. A mão forte com dedos longos, apertou seu braço frágil com muita força.
Alana atônita com a atitude, soltou um gemido de dor.
__ Ai, o que pensa que está fazendo?! - reclamou perplexa.__Está me machucando! Me larga!
Assustada, sentiu-se ser arrastada por ele para dentro do banheiro, sem dar ouvidos aos seus protestos. Aqueles olhos negros a fuzilavam, como se toda a raiva do mundo estivesse concentrada neles.
A empurrou com força e Alana teve que se segurar na pia esmaltada para não cair. Ele trancou a porta. O espaço apesar, de ser grande, pareceu encolher-se com toda sua estatura.
__ O que está fazendo aqui, sua vagabunda! - vociferou em tom baixo com um leve sotaque, que na atribulação do momento, Alana não soube identificar de que origem era.
Suas narinas se abriam e fechavam no mesmo ritmo em que seu peito arfava. A ira encheu o banheiro. Alana o olhou assustada, nunca ninguém a tinha tratado daquela forma, mas mesmo assim não se intimidou.
__ Eu é que pergunto, quem é você pra me tratar desse jeito?! Abre esta porta! Eu quero sair daqui! Se não abrir eu começarei a gritar!
__ Cala a boca! Veio ver se ela já está morta? - avançou a mão sobre seus cabelos, segurando um maço generoso entre os dedos, puxando sua cabeça para trás. __Você não é digna nem de respirar o mesmo ar que Duda, quanto mais tocá-la!!
Alana o olhava incrédula e por um momento, a coragem de minutos antes, a abandonou e a fez se encolher.
A veia pulsando em seu pescoço e o maxilar trancado, demonstrava toda raiva que estava sentindo.Os cabelos espessos e escuros, o rosto magro e o perfil bem feito lhe conferiam um ar maquiavélico. Ele bufava muito perto de seu rosto e os olhos negros percorreram a face de Alana, parando na boca entre aberta. Parecia lutar com algo poderoso dentro dele, além da ira.
__ Fique sabendo que não encostará um dedo na Duda! Perdeu o direito sobre ela quando a abandonou no momento em que mais precisou! Quase dois anos sumida e agora aparece, querendo o quê? Seu amante já enjoou de você?- ele sorriu sarcástico.__ Está com certeza, precisando de dinheiro, não tem com quem contar e então, resolveu se aproximar da Eduarda.
Um tom de amargura saiu dos lábios másculos nas próximas palavras:
__Como pode ter sido tão cruel com essa criança?!Como pode?!
__ Você está louco!! - disse Alana, chocada, com as palavras que ele lhe dirigia.
__Está me confundindo com outra pessoa! Não sou a mãe de Eduarda. Por favor, me solte e vamos conversar. - pediu, desprezando-se pela própria covardia, que fazia seu corpo tremular.
Se não esclarecesse rápido a situação certamente ele lhe bateria.
__ Sua filha receberá o coração do meu filho! Pare de me ofender desta forma! - pediu, observando as reações que suas palavras causavam nele.
__ Você é doente! - desabafou ainda com tom amargurado.
__ Não. Sou bem sã de mente! Está me confundindo, não percebe isso?!
Ele rugiu:
__ Que história é essa? Posso ter sido muito bobo, mas desta vez nada do que me disser, irá me convencer! Isso é simplesmente ridículo! Confundindo-a? - indagou irônico.__ Com uma freira, quem sabe? - riu sarcástico.
Alana conhecia bem esse tipo de reação. Muitas vezes, a recebera ao acharem que ela era a irmã.
__ Por favor, me solta e eu te provarei que não sou a mãe da menina! - elevou a mão tocando seu pulso levemente.
O homem tremeu diante do toque e afrouxou os dedos que prendiam seus cabelos. Alana se agachou, sem tirar os olhos da negritude do dele. Aquele olhar simplesmente a magnetizava.
Ela pegou a bolsa que caíra no chão, quando fora jogada com violência para dentro do banheiro. Abriu o zíper com as mãos trêmulas, enquanto Yan a observava com desprezo estampado no rosto.
Puxou sua identidade e mostrou.
__ Olha isto! Estou tão surpresa quanto você! Me chamo Alana.
Yan pegou o documento correndo os olhos pelas letras. Atentou à foto, para depois, voltar a encará-la. Sua expressão foi trocada por um ar de incredulidade. Torceu a boca em ironia.
__ Isso é algum tipo de brincadeira de mau gosto? Arranjou uma identidade falsa com que intuito? Você é patética, além de vagabunda!! - declarou agora, ainda mais furioso.
__ Não. Não é uma brincadeira e pare de me ofender!! A mulher por quem você nutre todo esse ódio tem essa cicatriz aqui? - indagou, afastando os cabelos, ligeira, mostrando um arranhão fundo na pele do pescoço, perto da nuca, fruto de uma de suas travessuras aos seis anos de idade.
A cicatriz e a pinta, quase imperceptível no canto da boca, eram as poucas características que as diferenciavam fisicamente.
__ Não estou entendendo. - ele a encarou entre surpreso e desconfiado. __ Elen não tem essa cicatriz! - se aproximou tocando para se certificar de não se tratar de uma tatuagem.
Os dedos longos passearam pelo relevo verificando a autenticidade e uma espécie de eletricidade subiu pela espinha de Alana a deixando arrepiada, enquanto explicava:
__ Tenho uma irmã gêmea de nome Elen. É dela que você está falando! Estou tão surpresa quanto você!
Ambos ficaram alguns segundos se encarando. Ele assimilando a explicação e Alana, decorando os traços másculos de sua face até que pediu:
__ Agora, se puder sair da minha frente e abrir esta porta...Eu agradeceria se pudéssemos conversar como pessoas civilizadas.
Yan desconfiado, distorceu a chave, dando passagem a ela, que saiu, ficando parada, no meio do quarto, à espera de uma retratação pelo modo como a tinha tratado.
Suas pernas tremiam violentamente, devido ao pavor do momento e da descoberta. Yan era o homem por quem a irmã disse estar loucamente apaixonada.
__ Elen nunca me falou sobre você... Digo, disse-me que tinha uma irmã, mas não que era gêmea. Porque será que nunca me contou?
Alana arrumou os cabelos, sem jeito. O modo como ele a olhava, a deixava nervosa. Sua masculinidade exacerbada dominava o ambiente. Ela respirou fundo e soltou o ar.
__ Posso imaginar o motivo porque nunca lhe contou sobre mim... Ela sempre detestou a vida que levávamos. Sou uma simples professora e isso para ela é motivo de muita vergonha. Conhecendo bem minha irmã, não me admira nada, ter abandonado esta criança. A enfermeira Fran me contou a história da Eduarda. Não tudo, só deixou claro que a mãe a rejeitou com seis meses de idade. Nunca imaginei que a pessoa da qual falávamos fosse Elen.
O homem não pareceu se abalar por ela saber a verdade pela boca de outra pessoa. Enfiou as mãos no bolso da calça e deu de ombros.
__ Não vou me desculpar pelas palavras que dirigi a você, pensando ser ela. O que falei é exatamente o que penso de Elen. Mas vou pedir desculpas, pela confusão e por ter usado de violência. Espero que não tenha a mesma índole de sua irmã!
Alana mordeu a boca, um pouco nervosa com a situação. Yan não tirava os olhos dela como se ainda desconfiasse de alguma coisa.
__ Já passei por alguns momentos ruins quando me confundiam, mas nunca alguém tentou me espancar. - revelou passando a mão nas marcas vermelhas que haviam ficado em seu braço.
Ele a agarrara com extrema força.

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