Capítulo XXV

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Capítulo sem correção.

Naquela tarde, Alana não saiu do quarto, nem para almoçar, estava triste e chateada demais para encontrar alguém pela casa. Logo após a discussão, ela viu Yan sair acompanhado de Elen e de seus dois advogados e Dora, ao levar a bandeja com sua refeição, lhe disse que apenas Eduarda tinha almoçado e que mais ninguém tinha tocado na comida que fora servida. O ciúme se arraigou ainda mais dentro dela.
"Onde ele foi? Para o escritório ou almoçar com ela longe de seus olhos? Deus como é dolorido amar desse jeito! Como é difícil não poder confiar! Tanto tempo longe, provavelmente, eles têm muito o que conversarem." Andou desolada pelo quarto, com a mesma sensação que experimentou no dia, em que se despediu de Mike, na UTI. Seu corpo e sua alma doíam como se estivesse tendo algo arrancado de sua carne.Estava perdendo Yan sem nem ter tido a chance de tentar conquistá-lo. O destino tinha brincado com ela, trazendo a irmã de volta para a vida do homem que amava.
Ela chorou um bom tempo, remoendo o ciúme e as palavras desferidas por ele no momento, em que seus ânimos se exaltaram.
No bem da verdade, Yan tinha razão. Deixou-se levar, quando ele mesmo dizia que amor só trazia sofrimentos, mas o fato é que ficou muito na dele, quando Yan alimentou suas esperanças com seu jeito de lhe tratar, de lhe dar carinho, de se importar e de fazê-la sentir-se  mulher como nunca antes. Mas como não criar tantas expectativas agora? Estava apaixonada e doía como nunca pensou que fosse doer, por ter se entregado de corpo e alma a sua sedução.
Ele a tinha acusado de não saber ler nas entrelinhas o tratamento que lhe dispensava, mas ela lia, e sabia que tudo o que Yan estava fazendo, não era por amor. O que via era um carinho muito grande por ter salvado Duda e por ter aceitado lhe dar outro filho. Não tinha como obrigá-lo a lhe amar, sabia bem disso e chegou a pensar que talvez, o melhor fosse se afastar, mesmo estando grávida. O contrato talvez não a obrigasse a viver sob o mesmo teto. Queria ter forças para lutar por Yan, mas a presença intimidadora de Elen a apavorava. Ele sempre esteve na mão dela.
Empurrou o prato. O nervosismo, a deixava sem apetite.  Horas mais tarde, ainda amargando o ciúme, pousou os olhos em seu telefone, em cima da cama, precisava saber o que continha no resto do contrato, que afinal nunca chegará a ler por inteiro. Sabia bem que, se tratando de negócios, tinha o direito a uma cópia e não tinha recebido nenhuma.
Seus dedos abriram a sua lista de contatos e clicaram no número do escritório da empresa.
Depois de vários toques, uma moça atendeu e informou que nem Yan e nem Svetlana tinham comparecido lá até aquela primeira hora da tarde.
Desarvorada, se recostou na cama, fechando os olhos e a imagem da amiga romena e o conselho dela, lhe preencheu a mente, a lembrando que teria que usar de sabedoria para conquistar o homem que amava. "Vencer os obstáculos que surgirem, mas Yan terá que fazer escolhas..." A pergunta que ficava era:  mesmo lutando, ele mataria o amor que sentia por Elen? "Ame, sem medidas...",  a voz de Luana ecoou em seu íntimo. Mas de que adiantaria, só ela amar?
Diante do conselho das cartas ciganas, e pensando que deveria seguir seu coração, chegou a conclusão que deveria cumprir o que tinha prometido a ele e deixar a vida seguir o seu curso. O amava demais para vê-lo infeliz.
Alana percebeu que não era o momento de cobranças. Tinha sido muito infantil e insegura e até nisso ele teve razão, quando lhe jogou na cara que não confiava em suas qualidades. Precisa aplacar aquela sensação estranha de reviravolta na boca do estômago e pôr os pensamentos em ordem. Tentou se distrair, lendo um livro, procurando aleatoriamente, programas na televisão, mas nada a fazia esquecer que Yan estava com Elen e essa agonia a matava por dentro.
O sol ja estava quase se pondo quando foi ter com a sobrinha. Lavou o rosto, se olhando no espelho. As pálpebras inchadas seriam impossíveis de disfarçar nem mesmo usando alguns truques de maquiagem. Sua cabeça começava a doer, devido a tensão do dia.
Abriu a porta devagar e assim que a menina a viu, deixou escapar um sorriso meigo, lhe oferecendo um brinquedo, correndo ao seu encontro.
Alana a segurou em seus braços, beijando demoradamente seus cabelinhos escuros e cacheados. A afastou para poderem se comunicar.
"Estava com saudades suas."- a tia sinalizou.
"Quer brincar?"
"Vim para isso."
A garotinha se desvencilhou de seu abraço, deslizando para o chão e segurando a sua mão, lhe arrastou para fora do quarto, mostrando que queria subir para a sala de atividades no terceiro andar.
"Mas já está quase na hora da senhorita tomar banho..." alertou, sinalizando e demonstrando carinho nas feições.
Com a teimosia inerente às crianças, ela balançou a cabeça negando, correndo com passinhos curtos e apontando os degraus, gesticulou.
"Não. Duda quer ir lá desenhar."
Alana se aproximou e agachou-se  para ficar a sua altura.
" Ok. Vamos brincar um pouquinho e depois, a Bá pega você para se banhar, tá bem? Promete que vai obedecer sem fazer birra?
Eduarda sorriu, mostrando que sim e Alana a seguiu, lhe ajudando a subir o lance da escadaria.
Quando pôs os pés no início do corredor, seus olhos pousaram na porta misteriosa e sem conseguir aplacar a curiosidade, que ela lhe causava, entrou na sala de atividades.
A sobrinha tinha adorado aquele espaço e Alana fazia de tudo para que ela pudesse ter o máximo de aprendizado ali. Depois que vieram da Romênia, há cerca de 15 dias, o espaço era um dos lugares, onde ela e a sobrinha passavam a maioria do tempo.
Entre desenhos, recortes e pinturas,  brincando com texturas e formas,  Alana perdeu a noção do tempo. Ensinar era a sua paixão e lhe acalmava tanto os nervos, que nem viu quando o homem de cabelos revoltos, se recostou no batente da porta para observá-las. Quando Duda, cutucou seu braço, Alana levantou os olhos da figura da folha, que recortava com delicadeza, sentindo seu rosto esquentar e suas mãos tremeram ligeiramente. Não soube dizer há quanto tempo ele estava ali, mas tinha chegado sem fazer o mínimo de barulho. Ainda sem coragem de encará-lo depois da discussão da manhã, manteve ainda mais os olhos baixos, fingindo estar concentrada no que fazia e viu suas passadas firmes atravessarem a sala e  sentar-se em posição de Yoga, no tapete, em frente à mesa, sinalizando para que a filha viesse para seu colo. Eduarda apressou-se para lhe abraçar e foi recebida com um carinhoso beijo na bochecha.
" O  que estão fazendo?" - ele sinalizou juntando as sobrancelhas.
Duda mexeu os dedinhos como se fosse uma tesoura e riscou com o dedo na palma da mão, dizendo que também pintavam.
Yan espichou o pescoço para as figuras na mesinha.
"Recortando, pintando coelhinhos de várias cores?"- o pai inquiriu, fazendo orelhinhas na cabeça.
"Sim!!"- ela respondeu com alegria por estar sendo entendida.
Ciente de que Alana não falaria com ele, Yan dialogava com a pequena, às vezes se atrapalhando nos sinais e mesmo que estivesse dando toda a atenção à filha, de canto de olho, observava a esposa. Pelo modo como o ignorava, demonstrava que estava bem magoada com o episódio da manhã. Yan puxou assunto, dando o braço a torcer. Esse era um lado de Alana, que ainda não conhecia. O lado do orgulho.
__ Não gostaria de se juntar a nós, Alie?- ele indagou com voz suave, alcançando um bloco de montar a filha.
Alana soltou a tesourinha, na mesa.
__ Acho que vou descer, agora que chegou. Já passou da hora da babá buscar Duda e também dela comer. É ruim tirá-la da rotina. Me perdi nos horários. - levantou-se da cadeirinha, guardando alguns materiais na estante.
___ Alie...? - ele a chamou.
___ Sim.- respondeu sem se virar. Não queria  que visse a desolação do  seu semblante. A última coisa que desejava era que Yan sentisse pena dela por notar que sofria por ele.
___ Se estiver mais calma, podemos conversar mais tarde?
Ela apertou a lata, cheia de lápis para colorir, contra o corpo.
___ Quem perdeu a paciência não fui eu. Nunca estive tão calma,Yan.- mentiu, orgulhosa. __Mas se pudermos deixar esse assunto para  amanhã, eu agradeço. Estou com um pouco de dor de cabeça. Talvez, me deite cedo. - disse depositando os lápis em seu lugar, apressando o passo para a saída.
Não tinha emocional para uma conversa, não depois dele ter passado, a tarde toda, quem sabe resolvendo a sua vida com a irmã.
Por um momento, temeu que eles tivessem se reconciliado. Era bem possível que Yan caísse na lábia de Elen. Pois ela sempre conseguia o que queria e Alana notou o quanto ficou mexida por vê-la dividindo a cama do seu ex-marido.
Elen nunca admitiu perder e desde pequenas, ela sempre manipulava as coisas para se dar bem.
Antes que pudesse alcançar a porta, Yan foi ao seu encontro, segurando com delicadeza em seu braço, a forçando para que lhe desse atenção.
__ Acho que está fugindo de mim, fugindo de conversarmos como adultos. - afirmou, levantando seu queixo com o polegar.
Alana foi obrigada a buscar a negritude daqueles olhos que eram sua ruína e ele analisou suas feição cansada, com as manchas escuras que circulavam seus olhos, os quais  deixavam transparecer o enorme vazio que estava sentindo.
__ Deus, você está péssima!
Alana engoliu em seco com a constatação. Não se importou, já não tinha mais lágrimas para derramar.
___ Eu disse que não estou bem. Pensei em tomar um analgésico, mas diante da possibilidade de estar esperando seu filho, achei melhor ter cautela. Preciso me certificar com o médico, qual posso fazer uso.
__ E mesmo assim, veio se ocupar com Duda? E mais, ele é nosso filho, Alie! Nunca mais diga que ele é só meu!
__  Foi só um modo de falar. - tentou seguir seu caminho, mas ele trancou a saída com seu corpo.
___  Sabe que não precisa lidar com a Duda como se estivesse cumprindo horário normal de trabalho. Presumo que se estiver grávida, terá que rever isso. Não quero que se canse.
__ Não se preocupe, eu estou bem. Não a vi hoje e ficar com ela me faz bem. Eu amo a sua filha. Duda é minha sobrinha, esqueceu? Percebi que sua cabecinha está confusa com a presença da mãe. Se puder, olhe os desenhos. As crianças expressam os seus sentimentos quando desenham.
Yan tocou levemente as pontas de seus cabelos.
__ Me perdoe...- disse baixinho.__ Sei que te magoei muito hoje pela manhã... Você não faz ideia do quanto fiquei arrependido do que te disse.
Alana tentou entender aquele pedido de perdão para tornar as coisas mais fáceis dali para frente.
__ Eu sei que o que sente por Elen, não é culpa sua. Sei que é maior que a sua vontade...Eu não agirei mais daquela forma. Continuarei te amando da mesmo jeito. Fui infantil diante da presença dela nesta casa... Eu também peço desculpas. - tentou passar confiança nas palavras.__ Tudo será feito como havíamos combinado. Sem cobranças da minha parte.
Sorriu, mas a dor das próximas palavras não puderam ser disfarçadas.
__ As verdades doem, mas são necessárias. Acho que precisava mesmo de um choque de realidade. Não é bom viver de ilusão. Obrigada por me alertar que estava passando dos limites.
Se desvencilhou dele, saindo em seguida, sem dar-lhe ouvidos.
__ Alie...!
Ela apressou as passadas, descendo o lance de escadas para o segundo andar.
Minutos depois, antes mesmo  que pudesse orientar seus pensamentos, Yan apareceu no quarto e tomando seu rosto entre as mãos, num rompante, abaixou a cabeça, a beijando com força, até sentir que ela baixava a guarda e não fugia mais do seu toque.
Alana deixou a língua dele circular na sua boca, buscando a sua, lhe tirando qualquer resto de razão, que ainda pudesse existir dentro dela. Os lábios de Yan, acalmaram-se e agora, moviam-se macios sobre os dela e ele a levantou, fazendo suas coxas o circundarem. Surpresa, Alana abraçou seu pescoço, se deixando levar até a cama, correspondendo com amor ao seu beijo.
Assim que a depositou de costas sobre o colchão, deitou ao seu lado e a imobilizou, passando uma perna por cima de seu corpo e ofegando, deslizou os dedos por seu pescoço delicado.
__ Só quero que nosso dia acabe bem, Alie...Nunca precisei tanto do seu amor, do seu toque como no dia de hoje.
__ Yan...- afastou seus cabelos caídos na testa e acarinhou a barba macia.
__ Eu estou insegura... Não posso competir com minha irmã. Elen sempre levou vantagem em tudo.
__ Alie você é a minha esposa e vai continuar sendo até que engravide e me dê um filho. Não vou retroceder um passo no que combinei com você. - garantiu.__ Vou te respeitar como prometi. O fato dela ter voltado, mexe comigo, mas não vou chegar ao ponto de aceitá-la de volta.
__ Yan como pode afirmar isso? Você a ama. E se de repente ela quiser lhe dar o tão sonhado menino...Você então, formaria a família que sempre quis com a mulher amada. - seus olhos percorriam a sua face, observando as suas reações.
Ele passou o polegar em seus lábios trêmulos.
__ O que sinto por ela, eu não sei explicar, mas eu comparo vocês duas o tempo todo e você leva a vantagem por ser a pessoa que entendeu o meu lado cigano, que se apegou às coisas que admiro. Me aceitou sem interesses. Nós temos um compromisso sério, Alie. Estamos ligados por sangue!
__ Como posso achar que você leva a sério a cerimônia cigana, se assim que tiver seu filho, iremos nos separar?
__ As coisas poderão mudar...Eu sempre esperei a mulher que sabe amar...Eu preciso dar uma chance a você, apenas isso.
Alana sentiu-se esquentar com aquela declaração, mas ao mesmo tempo o alertou.
__ Não ponha expectativas no meu coração,Yan! Talvez, você nunca esqueça Elen... até poderia, se ela não tivesse voltado.
__ Ela voltou, mas não por mim. Não me iludo com isso! Hoje banquei o imbecil. Estava nervoso... fui estúpido com você, que não merece. Só quero que me perdoe.- afagou sua face.__ Não quero te magoar mais. Confia em mim, não me evite, por favor! Você é minha proteção, minha tábua de salvação para não afundar no mar de tristeza que se tornou a minha vida.
Voltou a depositar a boca na sua e sorriu grudado nela.
__ Se não estivesse com dor de cabeça, iria fazer amor contigo. Te amar devagar, fazer você esquecer o dia ruim de hoje... te provar, que você é importante demais na minha vida. Mas entendo. O dia foi difícil para todos nós...e é compreensível que não esteja bem.
Alana o abraçou, o calor do seu corpo sobre o seu, lhe dava o conforto que precisava. Ela alisou seus cabelos e Yan voltou a tomar sua boca, lhe passando tranquilidade no beijo cheio de carinho.

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