CapítuloXXVIII

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Assim que voltou da caminhada, Alana cruzou por Yan e a assistente na sala. Svetlana digitava em seu notebook e ele girou o corpo quando a viu se dirigir para o elevador. Sorriu, a fazendo quase infartar de tão bonito que estava. Havia trocado de roupa. O terno azul escuro, fazia contraste com a camisa branca, que por sua vez combinava com a gravata marsala. Normalmente, Alana subia pelas escadas, mas com os pés cheios de areia, preferiu não sujar os degraus. Yan foi ao seu encontro e com o celular grudado na orelha, deixou que seus lábios pousassem sobre os dela demoradamente. Alana jurou pelo modo como a olhou, quando se afastou, que ele podia também ouvir o tum tum tum de seu coração descompassado.
De costas, ela esperou o elevador abrir, escutando a voz grave e segura se despedindo de alguém do outro lado da linha, ao tempo que a mão livre acariciava a sua nuca sob os cabelos. Sabia que a ruiva mantinha o olhar sobre eles só em sentir a energia que emanava dela, a lhe queimar por trás.
Mal conseguiu respirar, quando Yan entrou junto, guardando o celular no bolso da calça. A porta fechou.
__ Está linda com esse maiô branco.- ele enfiou a mão por dentro da saída de banho, passando os dedos na pele desnuda de suas coxas.
__Yan...para! - pediu, quando ele segurou o botão para manter a porta fechada ao chegarem ao destino.
__ E se eu não quiser...? - beijou seu pescoço, respirando sensual em seu ouvido.
__Aí, não respondo mim... Sua assistente... - suspirou. __Você deve voltar para a sala.
__ Svetlana é paga para cuidar dos meus negócios, não para se meter na minha vida.
__ Então, precisa dizer isso a ela... - os dedos dele brincavam em suas costas, lhe tirando os sentidos. __ por que odeia o fato de você estar casado comigo. Avise-lhe que não vou me intimidar com suas insinuações maldosas! - pousou as mãos em seu peito, o empurrando para a parede.
__ Se estivesse com tempo, iria te comer aqui...!
__Para com isso! - as palavras não convencendo nem a si mesma.__ Se desvencilhou, saiu e respirando aliviada, sorriu, atirando um beijo.
__Aguardarei ansioso a noite! - disse, vendo a porta fechar.

Depois de um banho e trocar de roupa, desceu já não os encontrando mais. Com sede, foi à cozinha.
Henri com seus cabelos claros, crespos, cobertos pela touca branca, abriu seu melhor sorriso, secando as mãos num pano.
__Bonne journée, madame! Deseja algo?
__ Só um pouco d'água. - abriu a geladeira pegando uma garrafinha de vidro.
Dora cruzou o recinto com uma pilha de toalha limpas.
__ Bom dia, Dora! Sabe se Yan e a assistente já saíram?
__ Bom dia Alana! Sim, faz um tempinho que vi Anselmo saindo com o carro.

Logo depois, sentada no sofá da sala e, de ter falado com a educada secretária do seu médico, Alana pousou os olhos em uma pasta marrom, inconfundível, depositada sobre uma das mesas laterais.
Segurou o telefone, controlando a curiosidade de abri-la. Ter sido deixada ali, certamente tinha sido um lapso da assistente de Yan. Aquele objeto provavelmente, continha papéis importantes porque quase fazia parte do corpo da ruiva.
Até chegou a abrir o telefone para avisar-lhe que a pasta estava na mansão, mas estava aprendendo a dar o troco na mesma moeda. Svetlana sempre com aquela empáfia de ser indispensável ao marido, que resolveu praticar uma pequena maldade, deixar que se escabelasse atrás dela.
Passou a mão e a levou para a biblioteca.
O recinto exalava o tão conhecido cheiro do marido. Deixou a pasta em cima de uma das cadeiras e abriu as cortinas, deixando que a luz entrasse. Em todo esse tempo que estava ali, a única vez que entrou naquele lugar, tinha sido na noite, que pediu-lhe que tivesse um filho dele.
Ela suspirou correndo os dedos pelos objetos. A decoração, tinha a cara de Yan. Os livros catalogados e arrumados, em sua maioria clássicos da literatura...outros, tinham títulos de administração e ainda alguns, falavam sobre mineração. A mesa com alguns papéis em cima...os porta retratos no aparador, junto as duas garrafas de bebidas... Um mapa mundi na parede, marcado em vários pontos...Uma impressora e a um computador.
Fez a volta na mesa, segurando as costas da cadeira alta, pousando os olhos nas três gavetas laterais. Sem pensar muito, foi abrindo uma a uma.
A primeira e a segunda, continha alguns documentos e na terceira, entre algumas canetas e carimbos, apenas um objeto lhe chamou a atenção: uma chave, de mesmo modelo de todas as portas internas da casa, com um chaveiro em formato de coração, confeccionado numa pedra magnífica de quartzo rosa.
Sua respiração parou por um segundo. "Com certeza é a chave do quarto do terceiro andar!"
Num impulso, fechou a gaveta, tentando dominar a curiosidade, lembrando das palavras de Svetlana naquele dia, em seu quarto, mas voltou a abri-la, pegando o objeto, saindo imediatamente dali.
Subiu correndo os degraus e chegando ao seu destino, quase sem fôlego, caminhou decidida, parando em frente à porta. Respirou fundo, enfiou, torceu e a fechadura aceitou.
Empurrou devagar a madeira e entrou. Na penumbra, não conseguia ver muita coisa. Ao acender a luz, a primeira coisa que saltou aos olhos foi o quadro pintado à óleo. Parou a sua frente. Ele tomava conta de boa parte da parede paralela à cama. Nele, a irmã se desenhava, em tamanho real, linda, nua, deitada sensual sobre um divã. Atônita, Alana se achegou mais. A personalidade de Elen fora capitada em todos os traçados...provocante, ousada, mas sem vulgaridade. Engoliu em seco, sentindo o bolo que se formou em seu estômago. As lágrimas lhe enchiam os olhos, enquanto corriam pelo quarto, entendendo o que tudo aquilo significava.
A cama com os lençóis amarfanhados...uma lingerie de dormir, de seda vermelha, sobre ela...
Tocou na peça delicada, levando ao nariz. O cheiro doce do perfume francês, não tão acentuado, ainda existia nela. Seus objetos pessoais jogados displicentes sobre uma poltrona...
Andou até o banheiro. O frasco do perfume, de mesma fragrância da camisola, usado pela metade sobre a bancada...uma escova de cabelos...alguns cosméticos vencidos... Saiu de costas e entrou no closed. A maioria das prateleiras e cabides vazios, mas ainda restavam algumas roupas dobradas e calçados por ali. O cenário há muito tempo estava intocado...Uma poeira finíssima cobria todos os móveis e objetos.
Não precisaria usar de muita inteligência para ter a certeza que tudo estava exatamente, como a irmã havia deixado há alguns anos. A presença de Elen dominava o ambiente e a impressão que tinha era de que ela apareceria a qualquer momento. Constatou com amargura que Yan ainda mantinha o quarto deles como se esperasse a sua volta para aquela casa.
"São apenas tralhas, sem uso..."Ele havia mentido.
Se recusando a sofrer mais, Alana saiu, trancando a porta. Já no corredor precisou se escorar na parede para se acalmar.
Dora apareceu, no início do corredor, com um balde e um rodo em mãos, indo ao seu encontro.
__Está pálida! Está se sentindo bem?
Alana sorriu para disfarçar o choque que ao entrar naquele ambiente havia causado no seu emocional.
__Sim, fiquei tonta de repente...mas já passou. - omitiu a verdadeira causa de estar assim, apertando a chave com força na mão fechada.
__Será isso uma boa notícia?
__Quem sabe, né? - limpou o suor da testa.__ Vou descer e me deitar um pouco...A propósito...a última porta...notei que está sempre fechada.
__ Sim. Não temos a chave dela. Acho que o senhor Yan não quer que os fantasmas saiam de lá de dentro...
Baixou a voz.
__Era o quarto deles...passavam boa parte do tempo quando estavam em casa nesse andar... - percebendo que tinha falado demais se desculpou.__ Acho que falei demais!
Alana disfarçou.
__ Sempre achei que o quarto que ocupamos agora, fosse o deles.
__ Não. Senhor Yan passou a dormir no segundo andar, depois que ela se foi. Nesse daqui, nunca entramos para limpar.
Balançou a cabeça negando, com olhos atentos.
___Senhor Yan nunca que a levaria para dormir na mesma cama que a ex...Teve uma vez, que a ruiva entrou aí...- falava baixo como se as paredes tivessem ouvidos. __e ele ficou tão furioso...que nunca mais a trouxe para dormir na mansão!
__ Então Svetlana tinha acesso a todos os cômodas da casa? Como ela conseguiu entrar aí?
__ Não sei, mas ela é sinuosa como uma cobra... Me desculpa, mas a russa não gostava de sua irmã...Achou que com a saída dela desta casa, senhor Yan a pediria casamento.
__Realmente, acho ela bem intrometida.
__ Demos graças a Deus quando você apareceu.- riu baixinho.__ A ruiva ficou com a cara no chão!
A empregada respirou pesado.
__ Bom, deixe-me terminar meu trabalho. - entrou na sala de atividades e Alana foi ver a sobrinha.

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