Capítulo XLI

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Capítulo sem correção.

Alana acordada, ouvia a chuva fina gotejar na calçada. Já era dia e estava perdida nas horas. Ao seu lado, Yan ainda dormia. Era compreensível que ele estivesse pregado. No final da madrugada, acordaram no momento, em que ouviram o barulho da moto de Alex chegar. Sem pressa, se amaram mais uma vez. Uma noite era pouca para matarem a saudade que sentiram um do outro nesse tempo de separação.
Alana sorriu, cheirou e beijou levemente a musculatura das suas costas, passando a mão pelos cabelos negros, lamentando que estivessem curtos. Amava eles mais compridos e sedutoramente revoltos. Cautelosa, levantou. E, para não acordá-lo, abriu devagar a cômoda, retirando uma calcinha, camiseta e calça jeans. Passou a mão na sua toalha e foi para o banho
Se lavou com calma, lembrando dos momentos que viveram na noite. E enquanto tirava o shampoo dos cabelos, sorria à toa, debaixo da água quente.
Quando deixou o banheiro, com uma toalha enrolada na cabeça, foi à cozinha e como de costume, pôs um café a passar. Retirou as roupas de Yan, que havia posto na secadora na madrugada e voltou ao quarto, para pentear os cabelos. Parada no meio do ambiente, deslizava a escova pelas madeixas e o viu se remexer, respirando pesado. Com os olhos semi cerrados, Yan colou seu melhor sorriso no rosto másculo.
__ Bom dia, meu amor! - ela cumprimentou, sentando à beira do colchão ao seu lado.
__ Já levantou?- reclamou, lhe puxando pela cintura.__ Vem cá! Como se atreve a me abandonar assim... - mordeu seu ombro.
__ Esqueceu que tenho que comer? Alguém aqui, amanhece faminto...ou faminta.
Ele riu, espalmando a mão sobre seu ventre.
__ Tenho certeza que é um famintinho, de lindos olhos escuros!
__ Se puxar ao pai, vai dar trabalho à mulherada. - enviezou o olhos debochada. __Mais um cigano sedutor no mundo. - bateu com a escova de leve em suas costas.__Sangue Romanov.
__ O que tem meu sangue?
Deitada, ela acariciava a barba bem desenhada.
__ Um passarinho me disse que os Romanov são puro fogo na cama...e eu tenho que concordar com ele.
__Sexo...Aposto que foram as ciganas que te disseram isso no dia do nosso casamento! Minha avó não se atreveria. - mordeu sua orelha.__Estou errado?
Ela balançou a cabeça.
__ Não, não está. Fico pensando em como tudo aconteceu com a gente. Acho que é difícil achar um homem que não seja egoísta na hora do sexo...Minhas amigas reclamavam e eu vivi esse tipo de relação com Alex. Ele nunca me tocou quando estava grávida, sabia?
Yan se afastou um pouco para lhe olhar melhor, quase sem acreditar.
__ Sério? Mas isso era por que ele não te amava, Alie! Quando se ama alguém, detalhes como corpo...padrões...não são levados em conta.
__ Eu cheguei a essa conclusão também. E por mais que sua assistente tenha tentado me colocar para baixo...quando estava na pior...sabe, quando eu estava esquelética. - tentou disfarçar, mas o fato é que aquilo mexeu com sua autoestima, àqueles dias. __Hoje, sei que não se importava, se estava magra ou cheia de curvas... Você simplesmente, entendeu e me tratou tão bem, que acabei me apaixonando perdidamente. Nunca fui olhada da forma como me desejou... Svetlana tentou fazer com que desistisse de você... fazendo comparações.
Yan suspirou, enrolando o dedo na ponta de seu cabelo, carinhoso.
__ Igor me alertou sobre ela e mesmo assim, não fui capaz de me impôr...Não tinha ideia de como se sentia. Aliás, tenho uma dúvida...Não sei como aquela chave do quarto de Elen, voltou à mansão. Eu a mantinha no escritório da empresa.
Alana teve então, a chance de contar sobre o episódio no quarto, no dia, em que ela foi pedir o batom e das coisas que lhe disse, incluindo as falas que pôs tantas inseguranças no seu coração em relação a obsessão que ele tinha pela irmã.
__ Eu sei que ela tem uma queda por mim...não vou mentir a você! Fomos amantes. Ela me consolou quando Elen foi embora... Mas quando você entrou na minha vida, tudo mudou. Juro, que nunca mais toquei nela.
__É, eu sei. Vi vocês na biblioteca quando vim para a mansão. Ela começou a me odiar, no dia em que você pediu para digitar aquele contrato, tenho certeza!
Ela deu um jeito de trazer aquela chave e colocar em uma de suas gavetas.
No dia, em que esqueceu sua pasta de documentos eu a achei e fiz uma cópia. Ela tinha absoluta certeza que eu reviraria tudo até achar aquele bendito objeto! Sua assistente joga para ganhar. Não é boba! Depois, eu devolvi ao lugar e guardei a outra chave no closet. Alguém sabia da cópia. Pois as roupas estavam reviradas quando voltei na manhã, que estava... - respirou fundo, a lembrança dos dois na cama fazia a ferida doer.
Yan percebeu sua expressão e beijou de leve sua boca, concluindo em seguida.
__ Alguém que tem acesso aos cômodos da mansão... - disse pensativo.__Tenho certeza que Ivone, Dora ou Alfredo não fariam isso. Ele detestam Elen e te adoram! E a chave que devolveu a
à gaveta, não está mais lá.
__ Posso estar enganada, Yan, mas acho que Elen e Svetlana se uniram contra mim. Pude sentir o quanto me odiaram na noite do meu aniversário.
__ Não tenho dúvidas, meu amor. Vou investigar...vou descobrir. Svetlana tem me tirado do sério, ainda mais agora, que me contou sobre o que lhe disse e fez. Acredito, que em breve, a mandarei embora. Ninguém é insubstituível. Svetlana quebrou minha confiança.
__ E Elen, ainda frequenta a casa?
__ Infelizmente sim. Quanto a isso não posso fazer muita coisa...a não ser aturá-la.
__ É, eu sei. Tem Eduarda no meio disso. A mãe faz falta a ela.
__ Só peço que tenha paciência e me conte tudo o que acontecer com você. Não posso te proteger e proteger nosso filho, se me esconder coisas. Tudo, está bem? - pediu, com um tom de advertência.
__ Claro. Eu farei isso.
Sua barriga, cortou o assunto, roncando. Eles riram.
__ Tem alguém reclamando aí dentro. - pôs a mão sobre a dela em cima do ventre.
__ Sim, estou morrendo de fome e seu filho me faz comer, só para me ver pôr tudo para fora depois. Sério, não aguento mais vomitar! Sabe, o que somente para no meu estômago pela manhã? Suco de limão sem açúcar e biscoitos água e sal.
__ Peculiar ele, não?- riu com gosto. __ Melhor falar para seu médico. Pode ficar com carência de nutrientes...e não quero você doente!
__ Amanhã tenho consulta, pela manhã.
__Que bom, fico mais tranquilo. Vou te acompanhar.  Posso?
__ Claro, mas é uma consulta normal.- avisou.
__ Não tem problema. Assim tiro dúvidas também. Nem acredito que vou ser pai novamente! É a melhor sensação do mundo, segurar um filho...procurar semelhanças nossas nele...
Alana viu seus olhos se encherem de emoção. O beijou com ternura, avisando:
__ Fiz café. Se quiser sentar-e à mesa da cozinha...Sabe, né, aqui, não temos aquele luxo todo...mordomias...A gente prepara as nossas refeições. Posso fazer panquecas. Não são tão boas quanto as de Henri, mas tem geleia, das uvas, colhidas, da parreira, do quintal da casa e queijo colonial derretido!
Ele a calou com um beijo.
__ Adoraria provar panquecas feitas pelas suas mãos.- beijou a palma de uma delas e brincou com seus dedos. __ Vai pôr de novo a aliança e o anel, não vai?
__Vou. - ela se levantou e abriu a gaveta da cômoda, trazendo as joias até a cama, subindo nela.
__ Coloque de novo no meu dedo. - pediu e estendeu a mão a ele.
__ Seu desejo é uma ordem, senhora Alana Mendonça Romanov. Quer que eu repita os votos?- sorriu.
__ Não será necessário. Acho que se lembra do que me prometeu ontem. - buscou seu olhar.
Aquele gesto, no momento, era de suma importância a ela. Yan a amava desta vez. Era infinitamente, diferente, do anterior, quando lhe deu o anel.
__ Claro que lembro! - sutentou seu olhar com a seriedade que o assunto exigia.__ Tudo o que falei ontem, está valendo. Aliás, tem algo que preciso dizer de novo...e de novo...e quantas vezes forem preciso.
__ E o que é?
Ele enfiou em seu anelar esquerdo, a aliança e depois, o anel.
__ Que eu te amo e que é a mulher que, no momento, em que comecei a conhecer, também comecei a amar aos poucos... - enquanto falava seus olhos vasculhavam os dela.__ Quero que volte comigo para casa.
__ Yan...- mordeu o lábio em dúvida.__ Achei que iríamos dar um tempo. Aquela casa...
__ Por favor, Alie...! Você não conquistou só a mim, mas todos que circulam por lá. Eles torcem por nós. Diga que irá comigo quando sairmos deste quarto?
__ Yan não sei se me sentirei confortável, vivendo sob aquele teto de novo. Sabe, as coisas que me disse sobre ser interesseira...sobre estar delumbrada...
__ Alie, já expliquei.__ Não penso assim sobre você! Eu queria achar um modo de cessar o meu amor...Talvez, na minha cabeça, se encontrasse um defeito em você, seria a desculpa perfeita para me afastar, depois que o casamento acabasse. Mas não conseguia. A cada dia, minha admiração aumentava. Me vi louco!
Depois, que lhe disse aquelas coisas cruéis...me arrependi.
Sei que se fosse igual a Elen, vocês teriam formado uma dupla de aproveitadoras. Contudo você não é. Naquela madrugada, eu quis atingir sua irmã. Ah, você não faz ideia de quantas noites me embriaguei e fiquei falando para as paredes daquela mansão aquelas palavras grosseiras, que ouviu de mim! Eu me vi revivendo todo o meu sofrimento quando me dei conta que te amava de uma forma mais intensa do que a Elen. O meu medo nos prejudicou. Sinto uma enorme vergonha das palavras e comportamento chulos que dirigi a você. Me perdoe! Precisamos nos dar uma nova chance. Se quiser, mudamos para uma outra casa! Podemos escolher. Eu faço qualquer coisa só para acordar ao seu lado e ver meu filho crescer dentro de você!
Vem para casa comigo!
Ela o ouvia, enquanto suas mãos se entrelaçavam.
__Você é importante naquele lugar.Tem Eduarda que te adora e você está grávida. Não pode ficar morando aqui, com Alex, estando casada comigo! Eu quero cuidar de você como merece!
Parou para respirar. Tinha urgência em ter Alana de volta a sua vida.
__ Se está insegura, saiba que acabei com aquele maldito quarto. Acredite em mim, desde que pôs o pé dentro da mansão que nunca mais entrei lá! Você voltou a preencher minhas noites...voltou a preencher o meu coração. Me resgatou do fundo do poço e me ajudou a me manter na superfície. Não quero afundar de novo por que sei que será mil vezes pior. Eu te amo muito!- disse e pediu mais uma vez.__ Volta?
Ela elevou a mão e acarinhou o seu rosto.
__ Volto. - confirmou o pedido e sorriu de leve. __ No entanto, vai me prometer uma coisa, cigano sedutor e trapaceiro!
__ Tudo o que quiser. - concordou sem se importar com o último adjetivo.
Todos os poros de Alana exalavam felicidade. Alargou o sorriso.
__ Que não vai mais deixar seu cabelo curto. - mexeu neles.
__ Só isso?- fez cara de decepcionado.
__ Se está achando pouco, posso incluir algumas cláusulas...- deu um tom de malícia.__ Tipo fazer amor na praia...na cama...na piscina.. me levar à loucura com suas carícias... Posso ser cruel... estipular dias e número de vezes, com que quero que isso aconteça. Acha que conseguirá cumprir? - inclinou para morder o lábio inferior dele, rindo.
__ Concordo com tudo. Onde eu assino? - brincou.
Ela riu com gosto e Yan avançou sobre seu corpo, a derrubando sobre o colchão, tomando sua boca num beijo forte, cheio de amor. Só se desgrudaram quando o ar faltou.
__ Amo o som da sua risada! - ele confessou acarinhando seu rosto, esmagando seu corpo entre a maciez da espuma e o dele.__ Amo seu bom humor!
__Eu estou feliz, Yan. Desde que Mike se foi que nunca mais ri me sentindo assim. Quero que fique sabendo que gosto de coisas materiais, não vou ser hipócrita. Mas eu trocaria tudo por apenas um "eu te amo" genuíno. E nessa vida, depois que perdi meus pais, só ouvi essa frase do meu filho e de Duda nesse tempo todo. E sonhei com o dia que me diria ela também. Estou vivendo esse dia, Yan. Eu te amo!
__ Eu também estou feliz, Alie.
__ E eu estou com fome...- riu e Yan voltou a mover seus lábios sobre os dela. Ambos não conseguiam sair do recinto.
O tempo estava sendo embalado pela garoa fina que caía lá fora. Perdidos de amor, nem sabiam que horas eram.
Ficaram ainda, se curtindo, conversando e tentando entender os fatos que os levaram a ficarem separados. Estavam seguros quanto ao futuro e quanto ao sentimento que nutriam um pelo outro.

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