Capítulo 1

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Brasil Imperial, Lajes.

No Casarão o silêncio ecoava. As três damas, bem trajadas com adornados vestidos de seda estavam sentadas na grande varanda, com uma vista panorâmica para a plantação de milho que estava sendo colhida pelos escravos. Era junho e estava chuvoso. Ao longe, na estrada de terra que cortava a plantação, se via a carruagem de porte médio, com seu único cavalo trotando entre a terra molhada pela chuva. Ana Francisca se levantou animada, correu para a grande sala a procura do espelho para ver se estava apresentável. As duas irmãs mais novas, Maria Cristina e Mariana a seguiram depressa.

– Ele está chegando! Exclamou Ana, ajeitando o vestido no grande espelho. Seu pai, João Clemente Portelli, um dos fidalgos da monótona Lajes se levantou depressa e caminhou até a janela para avistar o visitante que estava vindo.

– É um bom moço! Veio de longe lhe fazer a corte, Ana Francisca. Comporte-se! Mariana e Maria Cristina ficarão na sala juntamente com você e e ele.
Ordenou o pai.

O sorriso corado na face de Ana quase desaparece por completo, esperando-o sair da sala para reclamar que não seria necessário as duas observando sua corte, apesar de que era óbvio que uma dama decente não devia ficar com o noivo sozinha.

– Não pode ser apenas uma das duas? Indagou baixinho.

­ João não ouviu, ou pelo menos fingiu que não ouviu, e foi caminhando em direção ao pátio externo para cumprimentar seu futuro genro.

José Paiva, era um homem com aproximadamente 37 anos, era baixinho e desmedrado. Seu rosto quase sumia por completo atrás da barba, acabara de herdar o título de Baronete e morava fora de Lajes, mais especificamente á duas vilas de distância. Estava noivo de Ana, a filha mais velha de João Clemente. O casamento já estava marcado e o jovem estava encantado com Ana. Estava lhe fazendo a última corte antes do casamento, que aconteceria em uma semana. O mesmo não se dizia de Ana Francisca. Ela não estava apaixonada, porém tendo poucos nobres nas províncias vizinhas, não se podia abusar da sorte de arranjar um bom casamento. Ela simpatizou-se com ele depois de algumas cortes, quando viu que o baronete era um bom homem, apesar de não chamar atenção fisicamente. Achou, então, que poderia aprender a amá-lo.

Enquanto a corte acontecia, João já preparava o futuro de Maria Cristina. Havia conversado com o fidalgo Álvaro Macedo sobre a junção das duas famílias influentes através do único filho do coronel, Antônio Macedo, visto que ambos eram bons partidos um para o outro. Antônio Macedo estava com seus 30 anos, era alto, moreno e um pouco bonito, não era uma beleza exótica, mas tinha seus encantos. Possuía um corpo robusto como de um caçador.

João Decidiu com o fidalgo que o noivado de Maria Cristina com Antônio Macedo, seria anunciado na festa de casamento de Ana Francisca com José Paiva, em uma semana. Estando resolvido o futuro maravilhoso das duas filhas, lhe faltava partido bom para Mariana, temendo não conseguir, João Decidiu fazer um jantar com outros fidalgos menos poderosos, que possuíam filhos homens, conversando sobre união familiar, desastrosamente não conseguiu nenhum moço em nível de sua filha e seus futuros genros.

Mariana estava distraída, sentada no sofá á frente de sua irmã mais velha Ana, pensava em um momento certo para deixar o salão e se debandar para a despensa, havia marcado de se encontrar com Antônio, o criado, ali, uma vez que só ele tinha acesso ao cômodo. Antônio era o criado da Casa Grande, filho de um simples roceiro, conheceu mariana quando foi contratado, ele se encantou na hora pela beleza e delicadeza da moça e ela se apaixonou por ele tempos depois quando percebeu a doçura e o charme do rapaz. Ele era alto, porém magro. Tinha a pele bronzeada do sol e os olhos cor de mel que prendiam Mariana sempre que os fitava.

O Conde de LajesOnde histórias criam vida. Descubra agora