Capítulo 6

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Ela o observava subir as escadas, se via quase hipnotizada pela beleza do homem, e mesmo admirando a aparência do Conde, não conseguia encontrar nele algo de bom que a fizesse aceitar o noivado. Ela só conseguia pensar em Antônio.

Quando ele chegou enfim na varanda, cumprimentou de modo Côrtes o Fidalgo, sua esposa e por último, cumprimentou Mariana, estendendo a mão a ela para que ela o deixasse beijar o dorso de sua mão.

Sob o pigarreio do Pai, ela estendeu a mão de modo a deixar claro que estava intediada. Ele a segurou e beijou com delicadeza.  Ao soltar a mão da moça, foi quase instantâneo, Mariana limpa o dorso da mão no vestido, tentando limpar ,também, da mente tal cena.

- Fico feliz em vê-lo, Conde!

- Digo o mesmo!

- Vossa senhoria precisa conhecer melhor minha filha, por que não dão um passeio? Amélia acompanhará os dois. Disse o fidalgo satisfeito.

- Seria uma Honra! Disse ele.

Mariana, que ouvia tudo, ficou enojada com tamanha falsidade que ele demonstrava na frente de seus familiares. Ela sentia que a verdadeira face dele aparecia quando falava com ela. Revirou os olhos como se fosse a coisa mais estúpida que seu pai já sugeriu. Mas no fim, foi passear com ele, obrigada, claro. O Conde ofereceu o braço e, para não deixar o pai irritado, Mariana aceitou.

- Só estando na frente deles para aceitar meu braço, não é? Sussurrou para ela discretamente.

- Do mesmo jeito que o senhor só é gentil na frente deles. Retrucou ela.

E juntos, desceram as escadas e foram passear com Amélia, estando a mucama á uns três passos atrás.

Enquanto caminhavam calados, Mariana estava desdeperada, rezando para que Antônio não a visse durante a corte. Sentia que iria piorar a situação em que eles se encontravam. Ao pensar na situação de seus sentimentos lhe veio a cabeça a questão, por que ela?

Ela olhou para ele, fuzilando-o com o olhar, sentia muita raiva, pois estava curiosa e ao mesmo tempo chateada.

-Por que eu?

- Perdão? Ele parou de caminhar e virou-se pra ela.

- Não me faça perguntar-lhe outra vez! Gritou Mariana, tendo percebido que Amélia estava perto, acalmou-se.

Ele apenas sorriu com a arrogância dela. E continuou a caminhar, ainda de braços dados.

- Sabe, eu também me pergunto a mesma coisa. Disse ele serenamente.

-Por que me escolheu, se nem o senhor sabe? Perguntou ela ainda em tom rude.

- Eu não sei, querida... Ainda quero saber o que me levou a escolher tal noiva.

Mariana para no meio do caminho.

-Não me chame de "querida" e se o senhor não gosta do meu modo de ser, não devias ter me escolhido.

- Eu nunca lhe disse o que achava sobre a senhorita.

Alexander disse com um sorriso malicioso, porém de forma tão discreta que Amélia nem percebeu. Ele estava próximo, próximo demais e a primeira coisa que Mariana fez ao Perceber foi tentar soltar-se de seu braço e voltar para casa com Amélia. Porém, quando ela fez o movimento brusco para puxar a mão do braço de Alexander, ele a prendeu.

- Nem tente! Sussurrou ele olhando para ela e em seguida para Amélia. -Não queres ficar de joelho no milho, quer?

Ela não conseguia falar nada. É como se o pai dela e ele tivessem combinado de infernizá-la, ameaçá-la, para que ela o aceitasse. Estava pagando algum pecado, para estar nessa situação.

- Foi o que pensei... Disse ele voltando a caminhar, sorrindo.

Deram a volta pelo jardim ambos calados, Mariana extremamente chateada com ele e Alexander resplandecente. O porquê ele não sabia explicar, mas estava adorando tentar domá-la.

Subiram juntos a escadaria e ao chegar próximos a porta, Mariana solta-se do braço do Noivo e entra em casa, a frente de Alexander. O fidalgo e a esposa que estavam no sofá da sala levantaram-se, ambos fuzilando a menina por tal comportamento. Vendo que o Conde estava atrás dela, mudaram de expressão e na tentativa de obter alguma informação dele sobre o comportamento da filha dirigiram-se a ele.

-Espero que tenhas gostado do passeio.

-Ah! sim, é uma moça extraordinária. Alexander disse olhando para a noiva gentilmente.

Mariana olhou para ele pensando na hipocrisia que o noivo acabara de dizer aos pais. Não estava nada bem como ele dizia, será que ele ainda não percebeu que ela não o amava? Talvez ele nem se importasse.

- Conde! Fique para o jantar!

Alexander olhou novo para Mariana e respondeu gentilmente.

- Não, obrigado! Estou me retirando por agora. Preciso examinar alguns documentos, jantarei em casa.

Ele despediu-se do Fidalgo e sua esposa e estendeu a mão para Mariana.

- Querida.

Ela estendeu  a mão revirando os olhos e ele beijou o dorso. Logo em seguida retirou-se descendo as escadas, sendo acompanhado pelos pais dela. A mãe virou-se e sussurrou alertando.

-Venha!

Mariana de má vontade ficou na janela que dava para a fronte da casa, tinha uma vista perfeita para carruagem. Ela observou quando ele virou-se para ela e acenou, entrando em seguida no veículo. Ela não se moveu até a carruagem estar bem longe. Tentou correr para o quarto na tentativa de evitar qualquer indagação de seus pais.

- Dona Mariana! Bradou o fidalgo quando Mariana atingiu o primeiro degrau da escada. Ela sentiu um frio na espinha e virou-se com medo.

-Sim, meu pai.

- Que modos eram aqueles? Achas que não a vi, a indelicadeza com seu noivo.

- Ele não saiu ofendido, meu pai... Até elogiou-me. Argumentou ela tentando se safar de um castigo ou surra.

- Sim... Ele não sentiu-se ofendido... Mas se eu souber, que a senhorita o estiver tratando mal, verás o que é bom!

- Eu não... Eu estou tentando ser o mais educada possível, meu pai.

Seu pai calou-se e apenas fez um gesto liberando-a.

Estando em seu quarto, juntamente com Amélia. Mariana senta-se, preocupada, na cama.

- Por Deus! Amélia! Terei mesmo que suportar isso?

- Ele não me pareceu se importar com seus modos, Mariana.

- É isso o que ele quer que vocês vejam! Que ele é um homem e extremamente perfeito e que eu é quem sou a rebelde, que recusa-se a ser alienada por ele. Disse jogando-se na cama.

Amélia ficou calada. Não tinha o que dizer a Mariana, e nem Mariana tinha mais nada a dizer. Os seus sentimentos não podiam ser expressos com palavras, apenas com lágrimas.












O Conde de LajesOnde histórias criam vida. Descubra agora