Capítulo 14

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Os dias se passaram desde que o coronel Leôncio havia aceitado ficar com apenas 10% da cooperativa. Tentou forçar uma amizade com João Clemente, mas não era como antes.
Não foi diferente com Belinha, visto que qualquer vacilo com Mariana, era perder toda a fortuna da família. Mariana agiu diferente, a aceitou como amiga e passou a torturar a moça quando o conde estava por perto.

Os convites foram enviados, o dia se aproximava. Mariana sentia um aperto no peito. Aquilo era grave e seus dias de liberdade estavam contados. Pensava sempre na proposta de fugir com Antônio mas aquilo era arriscado.
Estava sentada na varanda com Belinha, ambas caladas, bordando. Belinha ouviu o trote da carruagem com dois cavalos.

- Aquela é a carruagem do conde?

Mariana ergueu os olhos para ver. Levantou-se quando ela estacionou na escadaria. Ele desceu da carruagem segurando a cartola, de forma hipnótica. Ele subiu então as escadas e cumprimentou Belinha que quase não conseguia responder de nervosa. Beijou o dorso da mão de Mariana.

- Que fazes aqui? Perguntou Mariana confusa.

- Vim fazer a última corte antes do casamento. Falou ele sorrindo.

Belinha continuou sentada a uma certa distância, remoendo-se de inveja.

- Nem fales nesta palavra!

Ele ergueu uma sobrancelha sorrindo.

- Nervosa?

Ela não respondeu.

Alexander olhou para Belinha que os fuzilava.

- Acho melhor ir... Estás em companhia de visita. Mas quero lhe dar algo. Espero que use na próxima semana.

Ele entregou a caixinha. Uma pequena e linda caixinha branca. Ela a abriu, um belo par de brincos de ouro em formato de rosa com uma pedra de brilhantes no centro, coincidentemente combinando com o tema do casamento. Ela olhou para ele assustada.

- Quando vais parar de me presentear com coisas tão caras?

- Apenas achei que gostaria de um presente de casamento. Bem... Irei me retirar. Passar bem! Ele disse beijando o dorso de sua mão novamente.
Acenou cordialmente para Belinha e desceu as escadas. Mariana o acompanhou discretamente até a escadaria e lá ficou até a carruagem sair.

- Que ele queria? Perguntou Belinha.

- Ele veio me ver uma última vez antes do casamento...

                                ***

Logo após a ceia, a costureira trouxe o vestido quase pronto faltando alguns ajustes finais. Mariana estava em seu quarto quando lhe foi designado que o provasse para ver o que mais faltava.

- Está lindo! Perfeito! A noiva mais bonita de Lajes! Admirou a costureira.

Ao ver o vestido totalmente pronto, sentiu um desespero percorrer todo o seu corpo. Ela queria rasgar aquilo e sair correndo sem rumo para bem longe. Começou a chorar involuntariamente. Sua mãe fez o possível para que a costureira se convencesse de que era de felicidade.

A procura de ficar sozinha, foi passear no pátio, quando deparou-se com Antônio. Ele se levantou rapidamente da pedra abaixo daquela árvore na qual ele fizera a proposta indecente, há alguns dias atrás.

- Que fazes aqui fora sozinha, Mariana?

- Eu... Eu apenas precisava de ar puro...

- Não gostaste do vestido de noiva?

- Não... Eu o achei lindo mas... Não quero casar-me com ele... Eu... Estou tão desesperada... Disse ela se controlando para não chorar.

- Vamos fugir, meu amor! Serás feliz comigo! Sabes bem que não queres casar, mas tu me amas e eu a amo! Vamos ser felizes!

O Conde de LajesOnde histórias criam vida. Descubra agora