Os dias se passaram desde que o coronel Leôncio havia aceitado ficar com apenas 10% da cooperativa. Tentou forçar uma amizade com João Clemente, mas não era como antes.
Não foi diferente com Belinha, visto que qualquer vacilo com Mariana, era perder toda a fortuna da família. Mariana agiu diferente, a aceitou como amiga e passou a torturar a moça quando o conde estava por perto.Os convites foram enviados, o dia se aproximava. Mariana sentia um aperto no peito. Aquilo era grave e seus dias de liberdade estavam contados. Pensava sempre na proposta de fugir com Antônio mas aquilo era arriscado.
Estava sentada na varanda com Belinha, ambas caladas, bordando. Belinha ouviu o trote da carruagem com dois cavalos.- Aquela é a carruagem do conde?
Mariana ergueu os olhos para ver. Levantou-se quando ela estacionou na escadaria. Ele desceu da carruagem segurando a cartola, de forma hipnótica. Ele subiu então as escadas e cumprimentou Belinha que quase não conseguia responder de nervosa. Beijou o dorso da mão de Mariana.
- Que fazes aqui? Perguntou Mariana confusa.
- Vim fazer a última corte antes do casamento. Falou ele sorrindo.
Belinha continuou sentada a uma certa distância, remoendo-se de inveja.
- Nem fales nesta palavra!
Ele ergueu uma sobrancelha sorrindo.
- Nervosa?
Ela não respondeu.
Alexander olhou para Belinha que os fuzilava.
- Acho melhor ir... Estás em companhia de visita. Mas quero lhe dar algo. Espero que use na próxima semana.
Ele entregou a caixinha. Uma pequena e linda caixinha branca. Ela a abriu, um belo par de brincos de ouro em formato de rosa com uma pedra de brilhantes no centro, coincidentemente combinando com o tema do casamento. Ela olhou para ele assustada.
- Quando vais parar de me presentear com coisas tão caras?
- Apenas achei que gostaria de um presente de casamento. Bem... Irei me retirar. Passar bem! Ele disse beijando o dorso de sua mão novamente.
Acenou cordialmente para Belinha e desceu as escadas. Mariana o acompanhou discretamente até a escadaria e lá ficou até a carruagem sair.- Que ele queria? Perguntou Belinha.
- Ele veio me ver uma última vez antes do casamento...
***
Logo após a ceia, a costureira trouxe o vestido quase pronto faltando alguns ajustes finais. Mariana estava em seu quarto quando lhe foi designado que o provasse para ver o que mais faltava.
- Está lindo! Perfeito! A noiva mais bonita de Lajes! Admirou a costureira.
Ao ver o vestido totalmente pronto, sentiu um desespero percorrer todo o seu corpo. Ela queria rasgar aquilo e sair correndo sem rumo para bem longe. Começou a chorar involuntariamente. Sua mãe fez o possível para que a costureira se convencesse de que era de felicidade.
A procura de ficar sozinha, foi passear no pátio, quando deparou-se com Antônio. Ele se levantou rapidamente da pedra abaixo daquela árvore na qual ele fizera a proposta indecente, há alguns dias atrás.
- Que fazes aqui fora sozinha, Mariana?
- Eu... Eu apenas precisava de ar puro...
- Não gostaste do vestido de noiva?
- Não... Eu o achei lindo mas... Não quero casar-me com ele... Eu... Estou tão desesperada... Disse ela se controlando para não chorar.
- Vamos fugir, meu amor! Serás feliz comigo! Sabes bem que não queres casar, mas tu me amas e eu a amo! Vamos ser felizes!
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O Conde de Lajes
ChickLitPrimeiro livro da série: Romances do Império. No Brasil imperial, o recém condecorado Conde, Alexander, se muda de Nova Friburgo, para a pequena cidade de seus pais, Lajes. Lá, ele conhece Mariana, a ultima filha solteira de um Fidalgo, que desperta...