Capítulo 20

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- Está chovendo muito! Fiquem conosco! Olha só para vocês! Encharcados! Disse Ana chocada.

- Isso mesmo! As estradas devem estar alagadas a esta altura. Disse o Baronete.

- Ficaremos, agradeço a hospitalidade. Disse o Conde.

- Meu criado preparou um quarto para o casal. Disse Ana Francisca provocando Mariana.

Mariana se alarmou olhando para ele.

- Claro! Sorriu Alexander.

No quarto, Alexander tirava suas roupas molhadas, esperava que Mariana só subisse depois do lanche com a irmã. Teria tempo para se trocar.

Mariana só queria tirar aquelas roupas molhadas e deitar-se e então no caminho lembrou que teria que dividir o quarto com ele pela primeira vez. Abriu a porta esperando que ele não tivesse ali, mas ele estava. Ela o viu de costas pra ela, sem camisa, apenas com as calças. Ele possuía um lindo corpo, costas largas, braços musculosos e algo que ela nunca havia notado diretamente o tamanho das nádegas dele. Alexander virou-se devagar e ela pode ver o lindo peitoral liso e musculoso. Ficou estática por um momento olhando para ele. Alexander também a olhava, esperando ela reagir, achou que ela iria gritar, sair do quarto... mas ela permaneceu do jeito que entrou no quarto.

- Mariana?

- Perdoe-me! Eu... volto depois! Disse ela, ruborizada, fechando a porta.
Ela encostou-se na porta de acabara de fechar. Sentia o rosto queimar, na verdade o corpo inteiro, estaria ela desejando o homem que mais odiou??

Depois de um tempo Alexander desceu para tomar um café com o Baronete. Mariana sentiu seu rosto queimar quando o viu, não conseguia olhar pra ele e baixou a cabeça.

- Deves se trocar ou vais pegar um resfriado. Eu subo daqui a uma hora.

Ela subiu sem lhe dizer nada. Quando entrou no quarto, fico ruborizada de novo. Ela não conseguia tirar Aquela imagem da cabeça e não se permitia desejá-lo. Ela o odiava e depois da confusão, ele também, pelo visto.

Ela trocou-se e ia para a cama quando ele entrou com seu robe azul marinho.

- E então?? Como faremos? Perguntou ela. A última coisa que queria era perder o controle.

Ele levantou as sobrancelhas.

- Não há o que fazer, Mariana...

Disse ele deitando em um lado da cama. A chuva lá fora estava cada vez mais forte, Mariana recuou dois passos para trás.

-Não! De modo algum!!

-Ah! Por Deus! Eu não irei tentar nada! A única coisa que deves fazer é deitar-se. Eu virarei para lado, tu para o outro e dormiremos, fingindo que não há ninguém do outro lado...

Mariana pensou que poderia ser a chance de se redimir, era tudo o que restava agora, se redimir com ele sendo a esposa dos sonhos, mas não faria, não na casa da irmã.
Ela aproximou-se devagar, como se ele fosse atacá-la. Alexander estava imóvel,  como se não quisesse assustar a moça.
Ela puxa o cobertor devagar e deita-se ao lado do marido. Naquele momento ela sentiu seu corpo esquentar, como uma conexão forte com ele. Ela estava desejando-o. Mas Alexander era um homem de palavra no fim das contas, ele virou-se de costas para ela.

- Boa noite! Disse ele baixinho.

Alexander sentia a forte atração por ela. Queria quebrar sua palavra e se envolver com ela ali mesmo. Ele não podia. Não iria obriga-la. Ela ainda nutria sentimentos por aquele imbecil e apenas quando ele tivesse certeza de que ela o esqueceu tentaria conquistar seu amor. Por hora, o melhor que poderia fazer para evitar uma noite de desejo era virar de costas para a tentação. Terá tempo. Afinal ela morará com ele pelo resto da vida.

Durante o amanhecer Alexander acordou, a chuva havia parado, porém nenhum dos habitantes da casa estavam de pé ainda e ele resolveu permanecer deitado, virou-se para o teto e atreveu-se a olhar para a esposa. Ele nunca havia dormido tão bem, deve ser pela companhia. Ela estava com os cabelos embaraçados que ainda assim a deixavam linda. Ela se moveu, ainda dormindo, passou os braços sobre o peito dele e agarrou-se aninhando-se em seu ombro. Ele não sabia o que fazer, seu coração saltava de alegria, apesar de o movimento de Mariana ter sido involuntário. Não sabia se levantava, acordava ela ou aproveitava o momento.
Ele atreveu-se a passar a mãos no cabelo dela, deixando menos embaraçado e por fim alisou o delicado rosto dela.

- Ah! Mariana... Por quê me torturas? Perguntou ele baixinho.

Permaneceu quieto, deixando ela o abraçar, imaginando que se pudesse deixar tudo aquilo de lado, poderia tentar conquistar a moça. E receber mais do que um abraço involuntário. Mas ele via não ser viável. Mariana cisma sempre que tem que dividir o quarto, talvez fosse porque ela não o amava ainda.

Ela abriu os olhos e sentiu-se agarrada a algo quente e macio, muito confortável para um dia frio. Foi a melhor noite de sono que teve. Pensou em ficar ali mesmo, mas quando acordou de fato, lembrou-se que dividiu a cama com Alexander.

Ela levantou bruscamente assustando o marido.
- Meu Deus! Exclamou ela assustada.

- "Meu Deus" digo eu! Que matar-me?

- Não seria uma má ideia! Disse ela chateada.
-Como ousa agarrar uma moça indefesa? Perguntou ela.

- Perdão, mas foi a senhorita que me agarrou.

- Eu não faria isso!

- Tu o fez.

- Isso é errado! Refletiu ela no erro, ao analisar, ele não estava com as mãos nela, mas ela estava agarrada a ele. Ficou ruborizada.

Alexander levantou-se da cama e virou-se pra ela com as mãos no quadril.

- Não há nada de errado, somos casados, lembras? Zombou ele.

Ela o fuzilou com o olhar e jogou um travesseiro nele que, em reação, apenas sorriu e retirou-se.

Tomaram café da manhã juntamente com o Baronete e a baronetesa.

- Espero que tenham tido uma noite confortável. Disse o Baronete com medo que seu pouco luxo tivesse incomodado o Conde.

- Ah! sim! Foi uma noite agradável! Disse Alexander olhando em seguida para Mariana, o que passou percebido por Ana Francisca que já imaginava que a irmã conseguiu ceder ao marido a noite que ele merecia depois do que ela fez.

- Ficarás mais uma tarde conosco, Conde?

- Infelizmente não posso! Preciso resolver algumas questões.

Ao se retirarem, na carruagem, os dois permaneceram em silêncio, Alexander se distraía com a paisagem fora do veículo e Mariana o observava. Ela o olhava de cima a baixo, olhava para o lindo rosto impassível dele, para as mãos masculinas, para seu peito agora coberto com os trajes nobres que costuma vestir. E ela não tirava da cabeça o que viu na noite anterior, mordeu o lábio inferior como forma de segurar seus instintos, precisava rezar e muito para tirar esse desejo da cabeça.

Ele sabia que ela o observava. Mas não quis interromper os pensamentos dela. Preferiu ficar quieto e continuar olhando para fora, evitaria, assim, de ceder ao impulso se beijá-la.

Ao chegar no palacete, foram recebidos por Coronel Leôncio, esposa e filha. Claro que era algo raro visto que belinha e sua mãe a odiava, e o coronel tinha uma pequena mágoa de seu pai.

-Conde! Condessa! Exclamou o coronel em uma falsidade óbvia.

-Coronel! O que o trás à minha casa?

-Viemos ver como foi tudo e falar sobre trabalho! Sua ausência nos deixou sem rumo.

- Entendo... disse Alexander observando as expressões da esposa e da filha do coronel para Mariana que estava um passo atrás dele, distraída.

O Conde de LajesOnde histórias criam vida. Descubra agora