- Há algo de errado, mamãe? Indagou ela nervosa. As conversas que tinha com sua mãe sempre foram muito intensas e sabia que não seria diferente só porque agora ela era uma mulher/moça casada.
- Quando cheguei aqui... Disse Sebastiana se levantando e examinando cada pertence feminino encontrado. Mariana se pôs de pé, rapidamente, em seguida, com as mãos entrelaçadas a frente. Sebastiana avaliou o comportamento da filha, sabia que ela estava nervosa e continuou.
- Eu notei que Alexander estava jantando sozinho...
- Mamãe, eu... Mariana tentou se defender mas Sebastiana não deixou, prosseguindo ao aumentar o tom da voz.
- Sabemos... Que uma esposa jamais deve permitir isto, a não ser que esteja doente. O que claramente não é o seu caso...
Ela lhe lançou um olhar frio e avaliativo. Mariana se sentiu como quando pequena. Quando tinha a frequente sensação de estar sempre errada.
- Entretanto, indaguei a ele o motivo de sua ausência e o pobre homem me explicou que vocês haviam discutido... Ora! Discussão é normal entre casais mas sabemos que o Conde é famoso por seu autocontrole e não deve ter passado dos limites, seja lá o motivo da briga.
Mariana sentiu o coração disparar, o rosto ruborizar, o que mais ele havia dito? Sebastiana caminhou pelo quarto abrindo as portas do roupeiro arregalando os olhos para o achado.
- ... Ele me disse que você estava chateada com ele...
- O que mais ele lhe disse? Perguntou temerosa, a voz mal saia de sua garganta.
- Não disse mais nada... O que eu quero saber é... O que você aprontou?
- Eu?! Mariana ralhou exasperada. A culpa sempre seria dela!? A culpa é sempre da mulher?! Pensou.
Sebastiana vira-se bruscamente e sacode o braço no ar, gesticulando a indignação.
- Por Deus, Mariana! Sabemos bem que ele é um bom homem, sempre gostou de você! Sempre fez tudo por você! Porém, você sempre foi a única a odiá-lo!
A mãe ralhou. Em seguida semicerrou os olhos para ela - Eu quero saber o porquê...
Mariana não respondeu, tinha medo de contar o que sabia sobre ele e ela não acreditar. Permaneceu calada quando a mãe abriu o roupeiro novamente.
- Onde estão?
- O quê?
- Onde estão as coisas dele? Não vejo, sequer, uma gravata aqui! Ralhou ela.
Mariana arregalou os olhos, desesperada, não deveria ter deixado a mãe mexer em tudo.
"Claro!" Sebastiana pensou. Como não tinha pensado antes?! Mariana estava rejeitando o pobre homem e nem sequer dividia o quarto com ele. A fúria de Sebastiana só crescia e estava explícito nos seus olhos, enquanto Mariana tentava encontrar uma forma de responder sem deixar claro que eles não viviam realmente como um casal.
- Bem... ele...
- Por tudo o que é mais sagrado, Mariana!!! Exclamou ela desesperada. Colocou as mãos na cabeça e começou a andar de um lado pro outro. Mariana não conseguia fazer nada além de chorar, sabia que seria intenso e já estava bastante sensível ás fúrias.
- Você o está rejeitando! Você está negando seus deveres de esposa! Está negando o direito dele! Céus! O que eu fiz para merecer tal vergonha! Ela exclamou sentando-se na poltrona novamente.
Mariana cobriu a boca com as mãos.- Mamãe... Mariana soltou com a voz oscilante.
- Não! Não quero ouvir uma palavra sua! A mãe a rejeitou, colocando uma mão na boca e estendeu a outra para impedir Mariana de se aproximar e falar.
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O Conde de Lajes
ChickLitPrimeiro livro da série: Romances do Império. No Brasil imperial, o recém condecorado Conde, Alexander, se muda de Nova Friburgo, para a pequena cidade de seus pais, Lajes. Lá, ele conhece Mariana, a ultima filha solteira de um Fidalgo, que desperta...