Naquele jantar estavam as pessoas mais importantes do Brasil e Mariana se sentiu pequena, insignificante. Para acolher ela, as damas da corte resolveram incluí-la na conversa.
-Parabéns, Condessa! Alexander não é um homem que é fácil conquistar. Disse a duquesa.
-Verdade! Havia muitas pretendentes de olho neste jovem... Alexander sempre foi muito recluso... concordou a princesa.
Ela não sabia o que dizer, não havia literalmente conquistado ele, fora obrigada a isso.
- Grata, Senhoras! Disse ela timidamente não deixando transparecer sua falsidade em agradecer.
Alexander estava de cabeça baixa, olhava para o prato e não dizia uma palavra, apenas sorria as vezes.
- Alexander tem uma personalidade singular, lembra-me muito seu pai, O Barão. Lembro que João carvalho era obcecado por aquela biblioteca, tão recluso, mal convidava alguém para sua casa.
Disse o Visconde limpando a boca com o guardanapo.-Ah sim! Ele nunca contava nada sobre sua vida privada. Era intrigante! Concordou o duque.
- Afinal o que havia naquela biblioteca que o mantinha confinado lá? Perguntou o Imperador.
- Sinceramente eu não sei. Eu não tinha permissão para entrar lá. Alexander deu de ombros.
- que interessante! Vossa senhoria já teve a chance de entrar lá depois da morte do velho?
- Sim. E não encontrei nada além de livros, o que é típico de uma biblioteca... Alexander encerrou o mistério, procurando fazer com que o falatório sobre sua vida parasse por ali.
No dia seguinte, Mariana tomou café sozinha novamente e incomodou-se com aquilo. Já faziam três dias que comia sozinha e indagou ao mordomo.
- Com licença, onde está o conde?
- Ele está na biblioteca, minha senhora.
- E ele não vai tomar café?
- Ele pediu-me para que eu levasse para lá.
- O que tanto ele faz lá?
- Isso não posso lhe dizer, minha senhora! Perdoe-me!
O mordomo retirou-se evitando que Mariana o bombardeasse com mais perguntas sobre o que o Conde fazia na biblioteca.Lá em cima, Alexander pensava em como manter toda a sua fúria e mágoa dentro de si, para não descer e voltar a ter uma conversa sobre o que ela lhe fez. Ele queria perdoar mas não conseguia...Pelo menos ela agora era oficialmente dele e quanto a isso Antônio não podia fazer mais nada.
Mas Mariana não era de fato dele se ela não lhe entregasse seu amor e ele não podia obrigá-la. Não queria obrigar...Mariana passeou sozinha novamente pelo jardim e ficou refletindo sobre o jantar na noite anterior. Realmente, como os nobres disseram, Alexander possuía o mesmo jeito do pai, se confinava em uma biblioteca. Ela só queria que ele não fosse obcecado pelo cômodo como o Barão. De repente bateu uma curiosidade em saber, ela mesma, o que o Barão escondia lá para proteger a biblioteca até do próprio filho. Ela olhou, intrigada, para a janela do cômodo no segundo andar e viu Alexander lá. Ele estava olhando pra ela, porém se retirou depois de se encararem.
Ele podia vê-la sempre dali. Mas naquele dia ela o pegou a observando. Achou melhor retirar-se da janela para não cair na tentação de descer e roubar-lhe um beijo. Ela estava linda principalmente quando passou a encara-lo do jardim, era como se a Mariana relutante tivesse voltado e por um momento ele esqueceu tudo. Só por um momento...
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O Conde de Lajes
ChickLitPrimeiro livro da série: Romances do Império. No Brasil imperial, o recém condecorado Conde, Alexander, se muda de Nova Friburgo, para a pequena cidade de seus pais, Lajes. Lá, ele conhece Mariana, a ultima filha solteira de um Fidalgo, que desperta...