O Amor Entre Duas Elas (Dayrol)

Fourteen

Eu estava em choque. Poderia esperar que Bruno me contasse qualquer coisa, menos que a Ana Gabriela é sua irmã. Talvez eu tenha percebido uma ou outra semelhança no dia em que me encontrei com ela, mas não foram coisas que despertassem a minha curiosidade.

- Você está falando sério? - Perguntei, levantando do sofá. Ele levantou junto, parando na minha frente, assentindo. - E você não pensou que essa seria uma informação importante para me passar antes deu ir encontrar com ela? - Ele abaixou a cabeça. Comecei a andar de um lado para o outro na sala, nervosa.

- Eu não vi problema em você não saber. - Falou. Parei de andar para olhá-lo. - Ela não ia fazer nada com você, de qualquer modo. Ela pode parecer uma pessoa má, mas não é. Eu a conheço o suficiente para te dizer isso com toda a calma do mundo. - Passei a mão nervosamente nos cabelos. Ele se aproximou de mim, colocando as mãos nos meus ombros para que eu prestasse atenção nele. - Ela só é traficante por falta de opções. Ela renegou nosso pai, por causa das coisas ilegais que ele faz junto com o governo, e isso fez ele expulsá-la de casa, eu à ajudo com um pouco de dinheiro, mas não é o suficiente, por isso ela entrou para esse ramo. Tudo bem, que assim ela acabou sendo hipócrita com a história do nosso pai, mas ela quer sair dessa vida, não é atoa que ela parou de vender as drogas mais pesadas depois que a mãe da Day teve a overdose. Ela só quer receber das pessoas que deve ela e depois conseguir um emprego, como uma pessoa normal. - Contou e eu assenti, suspirando. Eu não esperava que Bruno tivesse uma irmã e muito menos que ela fosse uma traficante, na verdade, uma das mais temidas de São Paulo.

- Ela deve ter dinheiro o suficiente pra se virar sozinha por alguns meses sem vender nada, não é? - Ele assentiu. Parei de falar para pode pensar em alguma forma de ajudá-la, mas nada vinha na minha cabeça. - Podemos tentar ajudá-la. - Falei, coçando minha nuca. Bruno havia jogado muita informação para cima de mim de uma só vez. - Eu não sei se a Day irá concordar, mas podemos tentar encaixá-la no nosso grupinho, para ajudá-la a sair dessa vida. - Bruno negou com a cabeça.

- Day vai desconfiar se falarmos que ela é minha irmã. - Merda, ele tinha razão! - Aliás, ela tem que lidar com alguns outros problemas antes de sair desse meio de uma vez por todas. - Contou, coçando a nuca. Eu sabia que tinha mais coisas.

- Que tipo de problemas? - Perguntei. Rafael continuava sentado no sofá, apenas nos observando conversar.

- Isso eu não posso dizer ainda. - Ri sem humor.

- Porra, Bruno! Você quer ajuda com a sua irmã ou não quer? - Perguntei. Ele precisava me contar tudo, se esperava que eu o ajudasse a pensar em uma forma de ajudá-la.

- Eu quero, mas não agora. - Ele suspirou. - Por enquanto eu quero que você foque no seu encontro com a Day e esqueça tudo o que eu acabei de te contar.

- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. - Me virei de costas para ele. - Você me conta tudo isso e depois quer que eu esqueça? Por que me contou então? - Me virei de frente para ele de novo, o encarando com atenção. Sua expressão estava indecifrável.

- Porque você é a minha melhor amiga e eu espero que entenda o porque deu estar te pedindo para esquecer, da mesma forma que eu entendo o porque você ter tanto medo de se apaixonar por uma pessoa, mesmo já estando apaixonada. - Falou e naquele momento eu entendi o quão sério era aquele assunto. Apenas assenti com a cabeça, me sentando no sofá ao lado de Rafael, Bruno fez o mesmo, deitando sua cabeça no ombro do meu irmão.

Eu sabia que havia mais coisas para ele me contar sobre a família e a irmã, mas ele contaria no momento que ele achar que deve e eu deveria respeitar seu tempo.

- Você vai dormir aqui? - Perguntei depois de um tempo que ficamos em silêncio. Ele apenas assentiu, entrelaçando seus dedos com os de Rafael.

- Por que você tem medo de se apaixonar? - Rafael perguntou me olhando atentamente, depois de um tempo em que ficamos em silêncio.