Estava chovendo muito do lado de fora do meu apartamento. Bruno falou que estava vindo para a minha casa, porém mandou uma mensagem que demoraria mais do que o normal, já que São Paulo simplesmente para de funcionar quando chove.
O relógio marcava 21hs. E a chuva se intensificava a cada minuto que passava.
Fazia apenas três meses que eu estava morando em São Paulo. Eu não conhecia muitos lugares e muito menos muitas pessoas. Eu odiava ter que me socializar para ter amigos. O bom é que Bruno não liga muito para isso e se tornou meu amigo graças a um trabalho em dupla da faculdade. Fomos obrigados a socializar um com o outro e acabou que nos tornamos grandes amigos em pouco tempo.
Ouvi batidas na porta e me levantei do sofá para atender. Era Bruno, completamente encharcado por conta da chuva.
- Você está bem? – Perguntei indo em direção ao banheiro para pegar uma toalha, para que ele conseguisse se secar. Quando eu voltei, ele estava rindo. – Do que está rindo?
- Eu saí da minha cama, que é do outro lado da cidade, para vir ficar com você, para você não ficar sozinha no meio desse temporal. – Explicou ainda rindo. Bruno sabia que eu morria de medo de chuva, e ele sempre vinha ficar comigo quando chovia, dizia sentir medo que algo acontecesse comigo.
- Você é um amor, migo! – Falei lhe entregando a toalha. – Mas não precisava ter vindo aqui apenas por isso. – Acrescentei.
- Eu sei, não vim só por isso. – Ele se sentou no banco que havia perto do balcão que separava a cozinha da sala, e me encarou. – Eu preciso te contar uma coisa sobre a minha vida, que quase ninguém sabe, apenas os meus pais, obviamente. – Riu consigo mesmo. Me sentei no sofá.
- Tudo bem! Mas não podia esperar até amanhã? – Perguntei e ele negou com a cabeça, respirando fundo.
- Eu nunca contei isso para ninguém, mas como você está se tornando a minha melhor amiga, preciso te contar. Afinal, eu já sei absolutamente tudo sobre você. – Eu concordei com a cabeça. Era verdade, eu já havia contado tudo o que se pode saber sobre mim para ele, e nem o fato deu dormir de meia até no calor, porque me dá nervoso dormir sem nada nos pés, o assustou.
- Você pode me contar qualquer coisa, Bruno. – Afirmei sorrindo. O celular dele começou a tocar e sua expressão passou de relaxado, para apreensivo. Ele atendeu, indo para o corredor. Preferi dar um pouco de privacidade para ele, então fui até a cozinha para preparar um chá, já que o tempo estava frio.
Quando estava terminando de fazer o chá, ele apareceu na cozinha, já com o celular desligado.
- Está tudo bem? – Perguntei, me virando de frente para ele. Ele negou.
- Eu preciso ir. – Falou, vindo até mim e me dando um beijo na testa.
- Mas você acabou de chegar. – Falei chegando perto dele. – E você não queria me contar uma coisa? – Perguntei e ele abaixou a cabeça.
- Não posso mais te contar, não ainda. – Respondeu. Ele veio em minha direção, me deu um abraço apertado e depois foi até a porta, saindo do apartamento.
Fiquei parada no meio da cozinha, sem entender nada do que havia acabado de acontecer.
Você sente quando algumas coisas estão erradas ou quando estão indo pelo caminho errado, você tenta de todas as maneiras concertá-las, mas no fundo você sabe que não há mais o que fazer. Você sente que já era. Que já deu o que tinha que dar. Mas você insiste, porque por mais que esteja na cara que está tudo errado, você não quer acreditar que esteja.
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O Amor Entre Duas Elas (Dayrol)
Fiksi Penggemar"Você precisa se preocupar em achar uma garota, mas uma garota que te faça feliz. Eu sei que a nossa felicidade não pode ser taxada apenas por um relacionamento amoroso, mas é importante termos amor. E o amor mais bonito que se pode escolher para a...