Seventeen

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Eu estava sentada em um banco na pequena praça que tinha em Campo Mourão, eu amava aquele lugar, porque nunca estava movimentado e eu podia pegar meu caderninho, meu violão e sentar ali por horas apenas para escrever, que ninguém me incomodaria. E isso era o que eu mais amava em cidades pequenas. Todos se conheciam e por isso todos sabiam o que você gostava de fazer, então quando as pessoas me viam sair de casa com meu violão nas costas, elas sabiam exatamente para onde eu estava ido e o que eu iria fazer lá, e eu não me incomodava de todos saberem, eu até que gostava, porque nos festivais da cidade, pediam para que eu cantasse ou até mesmo nos eventos da igreja, e pra mim a coisa mais importante da minha vida era cantar.

- Está conseguindo escrever? – era meu pai. Ele sempre vinha me ver na praça, para saber como estava o andamento das letras das músicas. Ele é a pessoa que mais tem fé em mim e na minha música.

- Eu tô presa nessa estrofe. – falei, desanimada. – Quero escrever uma música sobre o amor, mas como vou fazer isso se nunca o vivenciei? – o olhei nos olhos e ele apenas sorriu de canto, se sentando ao meu lado no banco. Tirei meu violão do colo, o colocando em cima da capa que estava no chão.

- Você vai amar um dia, Carol. – disse com extrema certeza. – Você vai amar tanto essa pessoa, que mal terá coragem de dizer isso a ela. – afirmou, olhando para frente. Eu mantive meus olhos nele.

- Mas pai, como você pode ter tanta certeza disso? – perguntei. Eu realmente não fazia ideia de onde meu pai tirava tantas certezas sobre o amor.

- Porque eu soube disso no dia em que você nasceu, assim que bati meus olhos em você. – me olhou e sorriu. – Eu soube que você irá viver um amor tão belo e verdadeiro que despertará inveja em pessoas que estarão ao seu redor, mas isso não destruirá o amor entre vocês. – eu estava encantada por tudo o que meu pai estava falando para mim e ao mesmo tempo eu estava assustada, porque ele falava com uma certeza, que parecia que ele havia visto o futuro. – Guarde a letra dessa música em um lugar que você sabe que encontrará depois. – o olhei sem entender.

- Mas eu quero terminá-la hoje, pai. – falei, pegando o caderninho e observando a letra, havia apenas algumas pequenas frases, aquilo estava muito longe de se tornar uma letra de música.

- Apenas guarde. – sorriu verdadeiramente. – Deixe para terminá-la quando você encontrar o amor, para que a letra fique o mais verdadeiro possível. – ele tinha razão, eu não podia escrever sobre uma coisa que eu não vivi ainda e que mal sabia o que era.

- Ok, eu guardarei com todo o carinho. – sorri para ele, fechando o caderninho e colocando dentro do bolso da capa do meu violão, ali foi o único lugar que eu pude pensar em guardar naquele momento. Eu nunca colocava nada ali, era praticamente um bolso inútil, então fazia sentido guardar ali naquele momento.

- Espero poder escutar essa música daqui a alguns anos, quando você finalmente sentir o amor para terminá-la. – eu sorri, afirmando com a cabeça.

- Você será a segunda pessoa que irá escutar essa música, pai. – ele levantou a sobrancelha.

- A segunda? – perguntou.

- Sim, a primeira será a garota por quem eu me apaixonarei. – ele assentiu, sorrindo largamente.

- Está certa! Já que a música será sobre ela, não é mesmo? – eu sorri, assentindo, o abraçando em seguida.

- Obrigada, pai. Eu não sei o que eu faria sem você para me dizer essas coisas nos momentos em que eu mais preciso ouvir. – ele se separou do abraço, me olhando nos olhos com uma intensidade que me fez arrepiar.

O Amor Entre Duas Elas (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora