Nineteen

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Nunca estaremos acostumados a perder alguém, seja para a morte ou por consequência dos nossos próprios atos. Eu sabia como era perder pessoas nas duas situações. Fazia um mês que meu pai havia sido tirado de mim de forma brutal, sem ao menos me dar a chance de me despedir e fazia menos de vinte e quatro horas que eu havia deixado Day sair da minha vida, por pura imaturidade e falta de coragem. Meu único erro foi não ter contato a verdade para ela quando eu tive a chance e eu estava com medo de ter à perdido para sempre. Eu não lido bem com perdas. Quando eu era criança, meu avô havia me dado uma cachorrinha. Ela era a coisa mais linda do mundo, toda pequenininha, branquinha como a neve, não é atoa que eu a chamava de Branca de Neve, porém alguns anos depois, quando eu completei treze anos, ela ficou doente e acabou falecendo alguns meses depois que descobrimos a doença. Eu fiquei devastada, só sabia chorar durante semanas. Aquela cachorrinha era o mundo para mim, eu estava acostumada com ela na minha rotina. O que mais faz mal para nós quando perdemos alguém, é a rotina. O sentimento de não ter mais aquela pessoa ali o tempo todo, porque quando tínhamos, havia o comodismo, a rotina, o costume, tudo colaborando para que quando aquela pessoa fosse tirada de nossas vidas, nós sentíssemos mais do que tudo a perda. E era exatamente isso que estava acontecendo comigo naquele momento, tanto por causa da morte de meu pai e tanto por causa do gelo que eu estava recebendo por parte da Day. Como eu faria ela me ouvir? Como eu me acostumaria a não ter ela mais na minha vida, sendo que ela já fazia parte da minha rotina? Como eu a tiraria do meu coração, sendo que ela já faz parte de noventa por cento do meu corpo e alma? Milhares de perguntas como esta estavam rondando a minha cabeça naquele momento e eu não tinha resposta para nenhuma delas.

Eu não havia conseguido pregar o olho durante a noite, todas as vezes que eu fechava os olhos, ela vinha na minha mente e eu me lembrava do nosso primeiro encontro, dos nossos beijos trocados, dos abraços que ela sempre procurava me dar. Eu não estava sabendo lidar com tudo aquilo e muito menos com a culpa de tudo o que estava acontecendo. Mas eu assumo a culpa. Eu sabia que poderia ter evitado tudo aquilo, eu sabia que poderia ter evitado nossa briga, mas como eu poderia imaginar que ela me odiaria por tentar ajudá-la?

Me levantei da cama e fui direto para o banheiro, eu precisava de um banho quente urgentemente e precisava dar um jeito de esconder a minha cara de choro do Rafael e de todo o resto do mundo. Eu não queria que me fizessem perguntas, eu queria apenas esquecer que tudo aquilo estava acontecendo. Parecia um enorme pesadelo. Após sair do banho, vesti uma roupa confortável, mas nada muito chamativo, até porque eu precisava ir para a faculdade, o que me lembra que mais tarde eu terei que ir para a lanchonete me apresentar também. Merda! Eu ainda não sabia como seria encontrar com a Day pessoalmente, já que nossa briga havia sido pelo celular.

Me olhei no espelho pela última vez, apenas para ter certeza de que não havia resquícios de choro no meu rosto e fui até a cozinha, aonde dei de cara com Rafael e Bruno, conversando animadamente, sentados no balcão.

- Bom dia, Carolzinha. – Bruno me desejou. O olhei, apenas dando um sorriso sem mostrar os dentes. Ele sabia que eu não existia direito pela manhã, então estava tudo bem eu agir daquela maneira... por enquanto.

- O café acabou, irmãzinha. – Rafael avisou. – Eu vou comprar hoje à tarde. – falou e eu apenas assenti. Peguei minha mochila em cima do sofá. – Vai tomar café na lanchonete? – perguntou, sorrindo divertido.

- Não tenho outra escolha. – respondi, ríspida. Bruno me olhou confuso, ele percebeu que algo havia acontecido.

- Estou indo! Até mais tarde. – falei, saindo de casa apressadamente. Antes que eu pudesse chegar até o elevador, Bruno me puxou pelo braço, me virando para ele. – O que foi, Bruno? – perguntei, sem muita paciência.

O Amor Entre Duas Elas (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora