Twenty nine

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Quando vivemos tanto tempo ao lado de alguém, nós sempre iremos querer que essa pessoa compartilhe tudo de sua vida conosco, mas às vezes tudo o que a outra pessoa precisa é de tempo para respirar, e tempo para se sentir confortável para te contar o que está acontecendo. Algumas vezes será apenas um pouco de nervosismo por causa de alguma prova, mas mesmo assim, ela não irá querer compartilhar. Em outras vezes, será por problemas um pouco mais sérios, como um término de namoro ou até algo de vida ou morte. Até mesmo nesses casos você precisa dar um devido espaço para a pessoa pensar sobre o que está acontecendo, para só então ela lhe contar. Na vida, independente de quem você confia ou não um segredo ou seus demônios mais obscuros, algumas vezes nós precisamos apenas de um pouco de espaço para que possamos respirar.

Desde que eu me entendo por gente, eu sempre tive com quem conversar sobre meus problemas, seja eles quais forem. Problemas com relacionamentos, amizades, problemas com meus irmãos ou até mesmo com meus pais. Eu sempre tive alguém para ser meu ombro amigo e desde muito nova eu pensava que todas as pessoas seriam livros abertos, da mesma forma que eu sou com elas, porque eu conheço alguém, e quando eu percebo, eu já estou contando toda a minha vida para ela e recebendo conselhos. Então eu sempre crio uma enorme expectativa de que as pessoas serão dessa forma comigo, um verdadeiro livro aberto, porém, eu sempre me decepciono. As pessoas não gostam de compartilhar os seus próprios demônios, elas gostam de mantê-los para si e aprendem a lidar com eles sozinhas. E isso me assusta, porque eu não sei passar por uma crise sem contar para alguém próximo a mim ou até mesmo para um desconhecido que sentou ao meu lado no ônibus. Eu sinto a enorme necessidade de compartilhar meus sentimentos, porém as pessoas ao meu redor, não sentem isso. Meu pai me ensinou a ser dessa forma, me ensinou a ser um livro aberto.

Bruno não é um livro aperto, nunca foi. E até hoje, com quatro anos de amizade, eu ainda não aprendi a aceitar esse seu jeito de esconder os problemas, independente do tamanho. Não é a atoa que fui descobrir só este ano que ele tem uma irmã mais velha. E foi quando eu me dei conta de que eu não sei absolutamente nada sobre a vida dele, mesmo ele sabendo cada passo que eu dou durante o dia. Eu conto tudo para ele, até mesmo coisas que são íntimas e que pessoas normais não contam para as outras. Mas uma coisa essas brigas idiotas com ele estão me ensinando: nunca devemos confiar ou por expectativas demais em cima de outras pessoas, porque sempre, sem exceções, somos decepcionados. Bruno é o meu melhor amigo, nunca deixará de ser, mas agora, depois de um mês exato que tudo isso está acontecendo e que nossa amizade virou de cabeça para baixo, eu sei que não devo confiar ou contar todos os meus demônios para ele, porque não existe reciprocidade entre nós dois. E nada poderia me deixar mais triste do que isso, porque quando algo acontece na minha vida, seja essa coisa boa ou ruim, eu quero ir correndo ligar para ele, chego até mesmo a imaginar qual será a sua reação, mas a partir daquele momento, não tem mais reação nenhuma para imaginar ou ver.

Ao redor do mundo existe várias pessoas, algumas devem estar tomando seus cafés, com um belo exemplar do seu livro favorito em mãos, outras devem estar almoçando, dependendo o fuso horário que vocês estão imaginando, mas a grande questão é que todas as pessoas, em determinado momento da vida delas, teve um melhor amigo ou ainda o tem ao seu lado. Eu acho um enorme privilégio poder chamar alguém de melhor amigo(a). E eu sou completamente privilegiada, pois meu melhor amigo estava sentado bem na minha frente, tomando seu café e lendo alguma coisa atentamente no celular. Eu não sei muito o que dizer sobre ele, porque a única palavra que eu consigo encontrar no vasto vocabulário da língua portuguesa que consegue defini-lo, é perfeito. Ele é perfeito. Sempre está ao meu lado quando eu mais preciso, e o que eu mais preciso são de pessoas que fiquem ao meu lado na hora das minhas crises existenciais e também nos momentos de felicidade. Ele está presente em ambas as situações. Hoje era seu aniversário e eu mal podia esperar para lhe dar seu presente, era uma coisinha bem simples, porque dinheiro não é a minha maior virtude, mas é algo que eu comprei de coração, e na minha opinião, é o que mais vale.

O Amor Entre Duas Elas (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora