O Amor Entre Duas Elas (Dayrol)

Thirty

Um mês depois.

Eu sempre acreditei que tudo o que acontece conosco tem um propósito ou um bem maior. Sempre estive convicta disso. Mas hoje, olhando para tudo o que aconteceu comigo nos últimos quatro meses, eu não tenho tanta certeza se existe mesmo um propósito para tudo o que aconteceu e está acontecendo. Hoje completa quatro meses desde a morte do meu pai e o dia já começou completamente horrível, porque tive uma briga com Day, por causa de ciúmes bobo da minha parte. Dreicon a convidou para ir até a casa dele hoje, para poderem colocar o papo em dia ou alguma coisa desse gênero, mas a mensagem que ele mandou para ela havia várias outras coisas entre as linhas, qualquer pessoa perceberia, mas ela ainda insiste em dizer que ele não é afim dela, e que isso é apenas coisa da minha cabeça. Eu estou na faculdade, na última aula do dia e não estava conseguindo prestar a mínima atenção no que o professor estava falando, pois a minha mente só conseguia pensar em Day. Eu confio nela de olhos fechados, esse não é o problema, o problema é que eu não confio nem um pouco nele. E para piorar ainda mais o meu dia, um dos meus professores passou um trabalho em dupla, que serei obrigada a fazer com Bruno, porque apenas nos dois ficamos sem parceiros. Ele mal conseguia olhar para mim e isso não poderia ser mais doloroso. Saber que eu compartilhei absolutamente tudo da minha vida com ele só me deixa ainda mais triste e decepcionada com tudo o que ele me falou naquele dia na lanchonete. Bruno nunca foi um cara de dizer as coisas ou se expressar bem, mas naquele dia, deu para perceber só pelo seu olhar, que tudo o que ele estava me dizendo era verdade ou ele é um excelente ator mesmo, porque nada me tira da cabeça que ele só está fazendo isso por causa do enorme problema que envolve sua irmã, que aliás, sumiu do mapa sem deixar vestígios, segundo Day. Não que eu estivesse reclamando, mas isso só me deixa ainda mais preocupada e extremamente curiosa com o que está acontecendo na vida dele.

- Então, quando podemos fazer esse projeto? – Bruno chegou perto de mim, parando em pé em frente a minha mesa, foi só aí que eu percebi que a aula havia acabado. Hoje realmente não era um bom dia para mim.

- Tanto faz. – levantei-me, pegando minha mochila, que eu nem havia aberto e colocando nas costas. – Escolhe um dia, me manda uma mensagem e eu estarei lá. – me limitei a dizer, sem ao menos olhá-lo diretamente e sai da sala, o deixando sozinho. Eu estava tentando evitar qualquer contado direto com ele durante todos aqueles dias depois do ocorrido, porque era doloroso demais apenas olhar para ele.

- Ei. – senti alguém puxar meu braço, fazendo eu me virar de frente para a pessoa. Era ele. – Você está bem? – perguntou, parecendo preocupado.

- Não poderia estar melhor! – falei, sorrindo sem mostrar os dentes. Me livrei de sua mão no meu braço, me virando de costas para ele novamente e voltando a caminhar pelo campus até a saída da faculdade. Eu só queria chegar em casa e tomar um banho bem quente, para quem sabe, conseguir me sentir um pouco melhor sobre tudo o que está acontecendo.

- Você não me parece bem. – ele falou, andando ao meu lado.

- Agora você se importa? – perguntei, parando de andar e olhando diretamente para ele, que engoliu em seco.

- Nunca disse que não me importava com você. – falou, tentando chegar perto de mim, porém eu dei um passo para trás, o afastando.

- Mas destruiu nossa amizade, o que pra mim é a mesma coisa. – e mais uma vez eu estava com uma enorme vontade de chorar, mas eu não podia, não na frente dele.

- Eu fiz o que eu fiz, porque foi preciso. – falou, passando as mãos no cabelo, nervosamente.

- Você destruiu meu coração por quê foi preciso? Que legal! – minha voz estava carregada de ironia. Eu estava de saco cheio de tudo aquilo já.