Hey baby

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POV LAUREN

Hoje observei a Vero na oficina e ela continuava mais calada, como já tinha percebido. Também estava fazendo menos piadas, irritada e deixando tudo cair no chão. Ok, alguma coisa ela tem, pode ser a história da Lucy, ou pode ser a história da minha irmã, como a Camila falou.

Ao final do expediente, liguei uma música e peguei umas cervejas.

- Vero, vamos trabalhar no Corvette? - a convidei alcançando uma cerveja para ela.

Ela aceitou concordando com a cabeça apenas, e fomos para área que deixamos o carro. Já tínhamos desmontado todas as peças dele agora tinhamos duas opções ou mexiamos na lataria ou iríamos limpar peça por peça para ver quais estavam possíveis de uso e quais trocar.

- Carroceria ou peças? - perguntei olhando pra ela.

- Hum.... Carroceria! Mesmo sem andar eu queria ver ele inteiro brilhando aqui na oficina! - ela falou empolgada.

- Eu também! - ri porque era exatamente o que eu pensava.

Como o carro estava bem deteriorado, ainda não dava aquela sensação imponente de um Corvette. Eu queria ter a sensação de vê-lo brilhando mesmo que não tivesse pronto pra rodar.

- Já imaginou nós duas andando nessa fera aqui? - eu olhei para a Vero abrindo a porta do motorista.

- Se não fosse pecado eu diria que devíamos transformá-lo em conversível. - ela me olhou sorrindo.

- É! Ia ser foda! - mas esse modelo não tem conversível nesse ano... - olhei triste pra ela.

- Eu sei! Seria um pecado mudar sua estrutura original! - ela abriu a porta do carona.

- Vero temos que olhar essa porta aí...ela abre sozinha... - avisei.

A Vero abriu e fechou algumas vezes e estava tudo bem.

- Parece estar tudo ok Lo! - ela disse fechando a porta por fim.

- Se der uma forçada pelo lado de dentro ela abre... - tentei não rir lembrando da Camila caindo pelada pra fora do carro.

- Vamos desmontar a porta e ver então... - ela pegou as ferramentas.

Ficamos conversando normalmente como de costume quando trabalhávamos em nossos "projetos". Falávamos da vida, das nossas namoradas, de alguma fofoca nova na cidade, música e qualquer assunto que desse na nossa cabeça. Só que eu queria puxar o assunto da minha irmã.

- Vero... Somos amigas a vida toda... e... Eu quero falar algo contigo, mas quero falar na boa... - soltei isso do nada. - Queria poder conversar contigo de peito aberto.

Ela me olhou sem entender nada.

- Tipo... Eu não lembro de nada na minha vida sem tu estar nela. A gente se conhece a vida toda! - eu ri de leve.

Ela concordou com um meio sorriso.

- Eu sei que eu ando meio besta... E meio deslumbrada falando besteira... Mas V! Tu é única na minha vida. E tu devia saber disso... Tu é a única pessoa que sabe tudo da minha vida, até mais que a Camila!

Ela continuou quieta, mas atenta.

- O que eu quero dizer... É que o fato de conhecer a Jen, não muda em nada o que somos uma para a outra.

- Eu sei... - ela falou olhando para seus próprios pés.

- Eu não sei explicar exatamente como ando me sentindo. É tipo... Sei lá, fiquei empolgada com um sonho de criança... Tipo aquele lance que tu sabe que meu pai e eu era aquela relação estranha. A gente se ama, mas era tudo muito a distância, sem abraços, sem nada muito com cara de família. Eram os dias da semana na oficina e os finais de semana na frente da TV. Essa era a nossa relação. As vezes quando era menor, eu viajava em meus pensamentos e fingia que vivia numa família grande e como seria todo mundo falando ao mesmo tempo e se divertindo em uma mesa grande de almoço... Então, eu acho que me deslumbrei um pouco quando soube dela, tipo... Voltei a esse sonho infantil.... Não fiz por mal, eu nunca quis diminuir o que temos e a importância que tu tem na minha vida. Eu só fiquei um pouco eufórica. A Camila me fez ver que a Jen é uma adulta e por mais que tenhamos o mesmo sangue, quem cresceu comigo, quem me conhece a vida toda e quem sabe tudo de mim é tu.. e vice versa. O que temos é impossível alguém substituir, porque descobrimos tudo da vida juntas! As brincadeiras, os estudos, os meninos e depois as meninas, as músicas, os carros e as motos, nós aprendemos a dirigir juntas roubando os carros aqui da oficina no final de semana... Nós aprontamos tanto na escola e o diretor ficou sabendo só da metade! - agora eu ri lembrando da nossa infância e ela também. - A gente sempre falou sobre tudo e sempre foi pra ti que eu corria quando tinha um problema ou uma coisa boa para contar. Isso é muito mais família que qualquer outra coisa! Eu percebo agora que estava sendo besta, mas Vero, ninguém nunca vai ser e ter o que nós temos. Desculpa se de alguma forma eu dei a entender que isso não era grande e importante o suficiente. Teu lugar na minha vida é insubstituível e eu te amo pra sempre... - falei sincera.

Rivais 3.0Onde histórias criam vida. Descubra agora