How are you?

22.?!?!

Hwang Hyunjin estava a caminho da casa dos pais, ele queria ter desistido totalmente desde a hora que acordou pois sabia que seria um desastre como sempre. Já podia imaginar seu pai o batendo e dizendo coisas ruins sobre si, comparando-os com os primos que sempre seriam melhores que Hyunjin em algo que o mesmo, de acordo com o pai, nunca seria bom.

Afinal, era sempre essa visão do progenitor e para o garoto, isso lembrava um círculo vicioso.

— Segunda vez que você suspira, me diga o que está deixando você assim. - Falou Changbin. Hyunjin ainda não tinha um carro, e não iria gastar dinheiro com táxi tendo um amigo para o levar onde quisesse. - Aconteceu algo?

O moreno balançou a cabeça em positivo. Mesmo após pensar a respeito, ainda era confuso demais para ele começar a ser sincero e transparente assim, mas ele precisava ser, pelo menos um pouco. Ele se ajeitou um bocado no cadeira e soltou o ar preso.

— É óbvio que meu pai vai fazer algo, ele sempre faz, não é mesmo? - Falou de forma acanhada, enquanto encarava as ruas pela janela do carro.

Changbin suspirou de forma cansada, era triste demais ver Hyunjin daquela forma e mesmo que para o Hwang fosse normal ser tratado daquele jeito, para Changbin nunca fora. Afinal, ele foi criado de forma tão dócil e boa que não o imaginava ser acostumado como o amigo vivia.

Changbin então decidiu mudar o rumo do assunto.

— Você bêbado ontem estava falando com o Kmin, você sabia?

Foi então que um sorriso pequeno floresceu em seus lábios após as ditas do amigo, ele não queria admitir em voz alta que aquela fora uma das melhores conversas que ele já teve.

Mas havia sido e ele sabia bem disso.

— Eu estava bêbado e precisava conversar, meu melhor amigo não é mais meu melhor amigo, então fui na primeira pessoa que tinha.

— Aham, acredito na sua palavra.

Hyunjin riu para o amigo e revirou os olhos, mas antes de dar fim ao assunto, ele se lembrou de algo que não poderia deixar passar e muito menos deixar Changbin fingir que não havia acontecido.

— Me diga uma coisa, meu sofá foi bom para vosso acasalar com Felix?

Changbin riu, eles já estavam em frente a casa dos Hwang mais velhos quando o baixinho se virou na direção de Hyunjin e sorriu de forma safada.

— Você não imagina o quanto.

— Nossa, hyung! Que nojo, nossa! - Exclamou Hyunjin. Enquanto ambos riam, Hyunjin saiu do carro, despedindo-se de Changbin, que antes de ir embora, o chamou para perto da janela do motorista.- Fala.

— Não dê mais motivos para ele te bater. - Falou após tirar o piercing de pressão do garoto a sua frente. Hyunjin tinha colocado denovo por colocar e esquecido para onde ia afinal. Sorriu em agradecimento para Changbin, este que antes de ir, não resistiu a provocar o amigo. - Mande um abraço para sua mãe, diz que quando ela quiser se separar do seu pai, eu estou aqui.

— Vai embora!

Enquanto o carro ia para longe e o motorista ficava a gargalhadas, Hyunjin parava para refletir. Mesmo que achasse que seu único e melhor amigo era Han, aquela pessoa que sempre o pegava de carro e que sempre parecia estressada — e as vezes estava mesmo — estava a pouco tempo ao seu lado e mesmo assim Hyunjin já sentia que ele era seu melhor amigo, sem mesmo ter que falar.

— Hyunjin oppa? - O garoto de cabelos preto virou o corpo na direção da voz e sorriu largo ao ver sua prima Daehyun, bem ali na frente após muitos anos sem se verem. A garota correu na direção do mesmo, o abraçando forte como se expressasse toda a falta que sentiu. - Por que você nunca mais me ligou?

Hyunjin riu baixinho pela fala da mesma estar abafada, com toda certeza ela estaria chorando naquele momento.

— Eu não podia te ligar, meu pa-...

— Daehyun, você sabe quem é que esta-… Hyunjin, eu pensei que você não fosse vir! - A mãe do garoto sorriu largo ao ver o filho. Pela primeira vez Hyunjin estava sentindo que tudo naquele almoço poderia dar certo, mesmo que só por pouco tempo.

[…]

— Então, In Seong-ssi, minha irmã disse que você já está terminando a faculdade e arrumou um emprego, é verdade?

A senhora Hwang estava animada por ver dois de seus sobrinhos novamente, desde que Daehyun havia se assumido lésbica, o pai de Hyunjin fazia de tudo para evitar o contato de ambos da família só por causa de seu preconceito nojento. Daehyun, por sua vez, nem imaginava que era por causa daquilo, até porque ela era a preferida sobrinha do senhor Hwang.

— Eu consegui sim e é numa empresa famosa, mas não chega a ser algo demais, estou só estagiando lá.

— Não seja modéstio filho. - Disse a mãe de InSeong, mesmo que pudesse parecer uma boa mulher ela chegava a ser muito arrogante e egocêntrica. Após olhar para Hyunjin, que estava distraído olhando para a comida, ela decidiu puxar assunto com o garoto. - E você, Hyunjin? Como vai a faculdade?

Hyunjin não teve tempo de responder, pois seu pai fora mais rápido que ele.

— Ele está indo muito bem, nasceu para essa faculdade.

Hyunjin fez uma careta para a comida, pensou que ninguém tivesse reparado. Mas Daehyun reparou.

— Você queria fazer mesmo faculdade de direito, Hyunjin? - Ele levantou o olhar e teve um leve susto ao perceber que estava a ser encarado por todos, porém não podia dizer a verdade. Na verdade, não queria nem mesmo estar ali. - Você pode ser sincero Hyunjin, ninguém vai fazer nada com voc-…

A garota havia sido interrompida pelo som de uma mão sendo batida na mesa. Todos menos Hyunjin olharam da aonde vinha o som, ele sabia que aquele seria o momento ruim do almoço em família.

— Quem te convidou para pisar na minha casa mesmo? Eu não me lembro de ter deixado a MoonGyun, convidar um ser desprezível como você.

Todos encararam Daehyun, até mesmo Hyunjin que parecia ainda mais assustado e com medo de que algo fosse acontecer com ela. Ela sorriu, o que fez Hyunjin encarar o pai que parecia ainda mais irritado.

— Você já parou pra pensar que seu preconceito, pode ser falta de amor?

— Daehyun, não desrespeite seu tio.

A mesma fez uma cara descrente com a fala da mãe de InSeong e mesmo InSeong sendo o primo mais velho, ele nunca se opôs a nada, muito menos sobre as decisões da vida dele. Ela encarou a mãe de Hyunjin e a ele mesmo, ela não era a única a achar que aquele jeito nojento do tio era anormal, ele a xingou sem motivo aparente e ninguém a defendeu.

— Sério mesmo que você quer que eu respeite ele, sendo que ele não me respeitou mesmo que eu não tenha dito nada? NADA!

Hyunjin não queria continuar ali, ele se levantou, mas antes que conseguisse sair da mesa, ouviu a voz do pai soar forte, mesmo que ele estivesse longe de seu ouvido.

— Se você ir embora agora, não me responsabilizarei sobre você.

Hyunjin sabia que iria apanhar, a última vez que ouviu aquelas palavras o mesmo foi parar no hospital e mesmo que ele apenas queira fugir para longe, ele sabia que o longe nunca era longe de verdade para seu pai. Ele sentou-se novamente à mesa, Daehyun ficou indignada, pegou sua bolsa e fora embora da casa dos tios, sem mesmo se despedir.

Ele também queria ir embora, ele queria ter dito para o pai não falar daquilo à prima, e mais que tudo, ele queria ter voz para se sentir suficiente pelo menos um bocado, mas parecia que ele nunca seria. Hyunjin sentiu a mão do pai encostar em seu ombro e suspirou ao ver o mesmo sair da sala de estar, ele encarou sua mãe que estava de cabeça baixa e olho para a tia e o primo que estavam se fazendo de cegos.

— Eu preciso me retirar agora, bom final de almoço a todos.

E levantou-se, indo atrás do pai para receber o que merecia por tudo que aconteceu no almoço, afinal, era "culpa" dele aquilo tudo que acontecia dele e de mais ninguém.