capítulo 2

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Adrian Miller

Uma semana sem Verônica.
Ainda conseguia sentir o cheiro dela em mim.
Estava difícil acordar todos os dias e saber que não estaria mais ao meu lado.
Que não a beijaria mais, não a tocaria mais, que não sentiria o toque suave de sua pele e
aquele sorriso lindo que me deixava bobo.
Estava sofrendo sem ela.
Só queria que tivesse sido diferente. Que ela não tivesse mentido.
Como posso confiar numa mulher que na primeira oportunidade, vira as costas para mim?
Como ela pode dizer que fez tudo aquilo para me proteger, e ainda falar na minha cara que
minha mãe a persuadiu a fazer isso, caso contrário, me prejudicaria?
Minha mãe seria incapaz de uma coisa dessas. Por mais que eu saiba que ela não é um
exemplo de mãe, dedicada e amorosa, custo a acreditar que ela prejudicaria tanto a mim
quanto sua filha Terry.
Nora sempre me amou como se fosse seu filho de sangue. Me deu a educação que tenho
hoje e me fez tornar-me um homem respeitado. Acredito que quando soube o que Verônica
fazia, ficou apenas chocada. Ela odiava minha mãe biológica por sua profissão. Porém, nem
ouso comparar as duas. Minha mãe biológica era uma prostituta viciada. Não conseguia ver
Verônica desse jeito. Não gosto do que ela fazia, mas não posso condená-la. Por mais que doa
dizer isso, ela tinha um motivo. Eu não entendo, mas compreendo.
— Desculpe Sr. Miller – Andressa entrou em minha sala, com a papelada em mãos. —
Aqui estão as informações que o senhor pediu.
— Obrigada, Andressa. Pode ir almoçar agora – digo e ela se vai.
Há três dias, pedi para que minha assistente procurasse a clínica onde a mãe da Verônica
estava internada e conseguisse algumas informações das quais estava muito curioso.
Descobri que a mãe está internada há mais ou menos três meses. Isso quer dizer que... Se
ela está à tão pouco tempo internada naquela clínica caríssima, então, Verônica não tinha
muito tempo naquela vida.
Fiquei curioso em saber como era sua vida antes. Isso só me fez perceber o quanto eu não a
conhecia direito.
Sigo olhando para as informações contidas na papelada. Paciente em tratamento de
Alzheimer e pneumonia grave. Segue internada na unidade de terapia intensiva. Valor do
tratamento...
— Porra! – sussurrei para mim mesmo.
Sessenta mil reais por mês? Como ela iria pagar pelo tratamento?
Não... Não... Não. Nem morto eu a deixaria voltar para aquela vida. Só de imaginá-la
sendo tocada por vários homens, me deixa em meu modo possessivo.
Pego o celular e ligo para a clínica, marco uma reunião para daqui a meia hora com o
diretor. Quando desligo, saio rapidamente de meu escritório e esbarro com Alana no corredor.
— Adrian, podemos conversar? Tenho alguns contratos que...
— Agora não! – digo um pouco rude.
— Mas... Adrian? Precisamos ver esses contratos...
— Eu falei agora não, Alana. Que saco! Estou atrasado e não volto mais hoje.
— Tudo bem – ela sorri sem graça. — Te vejo no jantar da sua mãe.
Olho para ela querendo que ela suma. Desapareça.
— Minha mãe te convidou?
— Claro Adrian. Sabe que sua mãe me adora – ela se aproxima e toca meu braço. Eu olho
em direção a sua mão e ela se distância.
— Terry odeia você – rosno. — Não preciso que as duas causem uma cena no aniversário
da minha mãe.
— Terry é uma garota mimada. Só isso – ela resmunga.
— Só espero que você se lembre de que estaremos em local público – digo e entro no
elevador que acabou de parar em nosso andar.
As portas se fecham lentamente e Alana ainda está me olhando com seu olhar predador.
“Ela não desiste mesmo”.
Chego ao estacionamento e destravo o alarme.
Dirijo o mais rápido possível para a clínica.
No caminho, meu telefone toca.
— Adrian – atendo rapidamente.
Um silêncio se faz do outro lado me deixando intrigado.
— Alô? – insisto.
Será que é ela? Meu coração dispara só de imaginar ouvir sua voz doce.
— Verônica? É você? – digo e então, a linha fica muda.
Fiquei olhando para o telefone e vi que era de um número restrito.
Meus dias eram como o inferno sem ela. Já estava até imaginando coisas. Lógico que não
seria ela.
Encosto o carro por alguns instantes para me recuperar. Encosto a cabeça no banco e fecho
os olhos. A canção que toca no rádio, me lembra de quando fizemos amor no salão de jogos
em cima da mesa de bilhar. O pensamento era real. Tão real, que pude nos ver naquele
momento bem de perto e perceber como realmente ela era linda e perfeita. Como ela mexia
com todos os meus sentidos. Eu conseguia sentir sua pele na minha. O sabor do seu beijo. Seus
gemidos saindo como um sussurro.
Abro os olhos e me forço a sair daquele transe. Minha vontade é de correr até ela. Pegá-la
nos braços e fazê-la minha.
Ligo o carro. Preciso entender que isso acabou. Que não a verei mais.
Depois de alguns minutos, chego à clínica. Passo direto pela recepção e vou até a direção
da clínica. — Boa tarde – digo para uma moça alta e morena dentro da sala. — Gostaria de
falar com o Dr. Carlos.
— Por favor, entre. Ele está acompanhando o exame de uma paciente e em poucos minutos
estará de volta – ela sorri apontando o grande sofá branco no canto da sala.
A moça se retirou deixando-me sozinho no ambiente. Peguei uma revista que estava em
cima de um móvel. Que ironia. Jason Maxwell na capa ao lado de um R8 Spider. Por um
momento, esqueci-me de que promovemos aquela propaganda.
Jogo a revista no canto do sofá no mesmo momento em que o médico entra.
— Dr. Carlos? – digo aproximando-me.
— Sim – ele me olha. — O senhor esteve aqui há algumas semanas atrás. Lembro-me de você – ele sorriu.
— Sim. Sou Adrian Miller. Estive aqui com minha mulher visitando a Sra. Sandler – digo.
— Como ela está?
— Sente-se, por favor.
— Obrigado.
— A filha esteve aqui ontem. Infelizmente a mãe piorou e tivemos que avisá-la.
Meu coração fica apertado em saber que Verônica está sofrendo. Ela tem um carinho
enorme pela mãe.
— E o tratamento?
— Olha... Como médico, eu aconselhei a sua esposa a transferir a mãe para um hospital
público.
— Por quê? – olho intrigado.
— O tratamento encareceu por causa da intervenção cirúrgica e a permanência dela na UTI.
Fizemos tudo que poderia ser feito. Estamos esperando a paciente reagir ao tratamento.
— Levará muito tempo? Digo, para ela ficar boa.
— O estado dela é muito grave. De ontem para hoje, ela piorou ainda mais. Se continuar
assim, ela não resistirá.
— Eu quero que ela tenha o melhor tratamento possível. O que tiver de ser feito, gostaria
de ser comunicado – disse. — Eu pagarei pelo tratamento. Mas gostaria que a clínica ligasse
para a Verônica, a filha dela, e dissesse que não irão cobrar pelo tratamento de sua mãe.
— Não podemos fazer isso – o médico diz confuso.
— Sim, podem. Verônica e eu, estamos separados – digo sem jeito. — Ela não tem como
custear o tratamento da mãe. E o que eu puder fazer para ajudá-la, eu farei. Mas não quero que
ela saiba que sou eu quem está pagando por tudo.
— Não podemos fazer isso – ele insiste me tirando do sério.
— De quanto estamos falando? – falo sem paciência. — Estamos falando de uma vida
doutor. Ela não pode sair nesse estado e interromper o tratamento. Um hospital público seria a
morte para ela. Esse é o hospital mais caro do país. Estou pagando e quero que seja assim,
dessa forma. Invente qualquer coisa para ela. Só não diga que sou eu quem está pagando pelo
tratamento.
— Não funciona desse jeito Sr. Miller – ele diz e perco a paciência.
Retiro o talão de cheques do bolso e faço um cheque no valor de oitenta mil reais.
— Estou adiantando o tratamento desse mês. Mantenha-me atualizado sobre o quadro da
Sra. Sandler. Qualquer coisa, a hora que for, quero ser avisado. Gostaria que mantivesse a
discrição sobre minha visita – digo jogando a folha de cheque na mesa com meu cartão para
contato e me viro para ir embora.
Sei que às vezes sou grosso. Mas tem certas pessoas, que só entendem o recado dessa
forma.
Saio de lá aliviado.
Mesmo estando separados, não quero que ela volte para aquela vida. Me deixa louco só
pensar nessa possibilidade, ela dormindo com outros homens.
***
Dirijo direto para casa. Preciso tomar um bom banho. Hoje é aniversário da minha mãe.
Meu pai insistiu para que comemorássemos no restaurante do Hotel Hertman. Afinal, era um dos melhores restaurantes de São Paulo. Não tinha como negar. Meu pai havia alugado o
restaurante apenas para a comemoração do aniversário da minha mãe.
Chego em casa e Terry está conversando com Jonas. De uns dias para cá, esses dois não se
desgrudam. E, para minha surpresa, ontem, anunciaram que estão namorando.
— Jonas? E aí cara? – estendendo minha mão para cumprimentá-lo.
— Adrian. Estávamos falando de você – ele sorri.
— Só espero que não estejam falando mal. Minha irmãzinha adora meter o pau em mim –
digo e dou uma piscadela para ela. Até que enfim, parece que Terry está criando juízo.
Passamos um sufoco por esses dias com ela. Abstinência não é fácil. Estamos fazendo de tudo
para que não tenha nenhuma recaída.
— Onde está a mãe? – pergunto tirando meu blazer e jogando no sofá. Caminho até o bar e
me sirvo de um pouco de uísque.
— Deve estar para chegar. Foi com a Alana ao salão. Sabe que aquelas duas são como
unha e carne – ela resmunga.
— Por falar em Alana, a mãe a convidou. Só espero que você se comporte.
— Nem vou olhar para ela, Adrian. Até agora não entendo porque você largou a Verônica.
Poderia chamá-la para lhe fazer companhia, que tal? – ela diz.
— Ela quem me deixou – digo e dou um gole em minha bebida.
— E pelo que você me disse, te deixou por causa da Alana. Sempre a Alana, já reparou?
Até com a Sara ela implicava.
— Não quero falar sobre isso, Terry. Você não sabe de nada – resmungo. — Vou tomar meu
banho. Jonas, você vai levar a Terry?
— Vamos juntos. Fique tranquilo – ele responde.
— Vou chegar um pouco mais tarde. Tenho algumas coisas para resolver e encontro vocês
lá – saio em direção ao escritório.
***
Já se passava das sete da noite. Depois de refazer alguns contratos, decido tomar um banho.
Quando saio do banheiro enrolado na toalha, encontro Maria em meu quarto, ela me olha e
sai sem dizer nada. Sei que ainda está chateada comigo, com o que contei para ela sobre a
Verônica. Ela acha que fui um idiota.
Maria havia deixado minha roupa em cima da cama.
Coloquei minha camisa branca, jeans e blazer azul marinho. Baguncei os cabelos e pronto.
Estava ótimo.
Peguei as chaves do carro e sai em direção ao hotel.
Quando passo pelo lobby, eu vejo meu pai falando com Jason Maxwell. Não posso
acreditar que ele convidou esse panaca.
“Esse cara me persegue, não é possível”.
Passo por eles sem ser visto. Logo no meio do restaurante, localizo minha mãe, Alana,
Terry e Jonas.
Aproximo-me e quando estou bem próximo, minha mãe se levanta para me dar um abraço.
— Filho! Achei que não viria mais – diz fazendo beicinho.
— Mãe, ainda é cedo. Gostou do presente?
Eu havia dado a ela um colar de esmeralda. Mamãe sempre gostou de joias. Fazia o tipo
perua. Era fácil agradá-la com coisas exageradas e exuberantes.
— Se gostei? Amei – diz empolgada e Terry bufa. Estou vendo que as coisas vão sair do
controle hoje.
Sento ao lado da Alana. Não por vontade própria. Acontece que minha mãe, tem o péssimo
hábito de achar que um dia voltaremos a ser um casal. Nem em sonhos.
O restaurante está lotado. Reconheço alguns amigos de longe.
— Eu conheço aquele cara – Alana diz em voz alta. Olho na direção em que ela está
apontando e vejo Charles. Meu corpo todo enrijece no mesmo momento. Ela deve estar
fazendo de propósito.
— Quem? – mamãe pergunta.
— Aquele bonitão. De terno cinza e gravata escura – ela prossegue.
Eu pigarreio e levanto-me de minha cadeira.
— Aonde vai? – minha mãe pergunta. — Porque você e Alana não vão dançar um pouco?
Vocês jovens tem que se divertir.
— Ótima ideia – Jonas fala puxando Terry para a pista de dança do restaurante.
Reviro os olhos porque a última coisa que eu quero nesse momento, é dançar com Alana.
— Alana, leve Adrian para dançar. Ele precisa se divertir um pouco.
Alana sorri e fico mais puto. Para não ser indelicado, pego em sua mão e a conduzo.
A música Use Somebody – Kings of Lion, preenchia o ambiente.
Não vou negar que Alana é uma mulher muito bonita. Um rosto bonito e um corpo perfeito.
Inteligente, feminina. Contudo, mesmo assim, não me despertava nada. Nenhum sentimento.
Ela está abraçada comigo como se fôssemos um, e, mesmo assim, senti-la tão próxima, não
fazia com que tivesse vontade de tocá-la. Não conseguia nem ficar excitado com ela se
esfregando em mim.
— Pare – alerto quando ela se aproxima para me beijar.
— Por quê? Somos livres Adrian. Livres e desimpedidos – ela diz tentando me beijar mais
uma vez. Viro o rosto e digo:
— Eu não estou livre, Alana. Pelo menos não para você. Somos amigos. Continuaremos
assim – percebo que ela se irrita. Se afasta de mim e me deixa sozinho plantado igual a um
idiota. “Mulheres”. Sempre procuram por homens sinceros, e quando acham se irritam fácil
em ouvir a verdade.
Volto para a mesa. Terry e Jonas também voltaram e estão na maior agarração.
Peço uma garrafa de uísque para o garçom.
Me sirvo de um pouco de uísque e meu pai, sentado ao lado de minha mãe, faz o mesmo.
Conversamos durante algum tempo até que algo me chama a atenção. Há fotógrafos na
entrada do restaurante e sei que é por causa do idiota do Jason. Enquanto ele é fotografado,
quase me engasgo ao ver quem entra no restaurante.
Verônica.
Todos percebem e olham em direção para onde estou olhando.
— O que essa vaca faz aqui? – Alana rosna e eu a fulmino com o olhar.
— Como ela tem a petulância de aparecer em minha festa? – minha mãe diz visivelmente
irritada.
Eu apenas a olhava calado. Que diabos ela está fazendo aqui? E que vestido era aquele?
Não posso acreditar no que vejo. Fico puto.
Ela anda em meio aos convidados e logo desaparece.
Ela é sem dúvida a mulher mais linda da festa. É impossível olhá-la e não desejar tocar
cada centímetro de seu corpo. De não beijar sua boca perfeita, feita só para mim. Eu mataria
quem ousasse tocá-la.
Virei meu copo e matei meu uísque em apenas um gole. Eu preciso falar com ela.
Levanto-me e no mesmo momento, minha mãe rosna:
— Não vai atrás daquela vagabunda.
Fico chocado com a forma com que ela fala.
— Cuidado como fala – digo.
— Sua mãe tem razão Adrian. Ela estava se pegando com um car...
— Cale a boca, Alana – grito perdendo o controle batendo os punhos na mesa.
— Uhu! Depois eu quem deveria me controlar – Terry ri. — Olha só para você. Vá atrás
dela – ela diz deixando minha mãe ainda mais nervosa. Antes de iniciarem uma guerra, saí à
procura dela.
Verônica me deixa atordoado. Fora de mim. O que ela está fazendo aqui?
Procuro-a em todos os cantos. Para onde ela foi? Então caminho para o bar que fica nos
fundos do restaurante.
Ela está no canto discutindo com Charles.
Ela se esquiva a cada passo que ele dá em sua direção. Era como se estivesse com medo
dele. Estranho.
Ando até eles. No meio do caminho, vejo-o puxá-la para ele e beijá-la. Essa visão me fez
perder totalmente o controle, o raciocínio, eu fiquei completamente transtornado.
Parti para cima dele arrancando-o de perto dela. Quando consegui afastá-lo, desferi um
soco no meio da cara do paspalho.
— Que porra é essa? – ele rosna.
Ele partiu para cima de mim, mas consegui me esquivar lhe dando mais um soco. Charles
estava estirado no chão segurando sua mandíbula inchada. Limpou o sangue com as costas das
mãos e se levantou.
— Se tocar nela outra vez, mato você – rosno.
— Ela não é sua. É minha propriedade. Minha. Eu pago por isso – ele diz me deixando
mais cego de ódio.
— Adrian... – ela diz. Viro-me para olhá-la. Está assustada. — Está tudo bem – ela diz. —
Vá embora.
Que porra de “está tudo bem”?
— O que faz aqui com esse idiota? – pergunto, me aproximando dela e sou bloqueado por
Charles. Eu o olho. Acho que ele deve ser masoquista. Está querendo que eu quebre sua cara.
— Ela disse pra cair fora – ele rosna dando uma de macho.
— Vou tirá-la daqui – digo e a seguro pelos braços.
— Pode até levá-la. Mas fique sabendo que ela é minha – ele diz. — Minha puta – ele
concluiu e todo o resto de autocontrole que ainda existia, se perdeu no momento em que ele a
chamou de puta.
Eu o grudei na parede e comecei a socá-lo. Só parei quando três homens me agarraram. Eu
gritava, bufava, rosnava... Estava uma fera. Deixei Charles quase inconsciente.
— Está louco Adrian? Esse cara vai arrancar suas calças. Vai processá-lo – meu pai diz
me segurando junto com Jonas e Jason.
— Foda-se! – grito. — Escuta aqui seu filho da puta, se chegar perto dela mais uma vez, eu
acabo com a tua raça.
Uma pequena multidão aglomerada em nossa volta foi abrindo caminho para que eu
passasse. Estava praticamente arrastando Verônica comigo. Ela apenas chorava
silenciosamente.
— Não deveria ter feito aquilo – ela diz como um sussurro. — Agora ele vai... – ela
começa a falar e para.
— Ele vai o quê? – paro abruptamente.
Ela me olha e fica muda.
— Fala Verônica – digo e mal percebo que estou gritando com ela no meio de todos.
Ela se retrai.
— Eu vou embora. Me solte.
— Não antes de me dizer o que veio fazer aqui com aquele desgraçado – rosno.
— Ela veio bater ponto – olho para trás e vejo minha mãe ao lado de Alana. — Não é isso
que prostitutas fazem?
Olho para minha mãe abismado.
— Não quero que fale dela desse jeito – falo mais alto do que deveria.
— Agora vai dizer que estou mentindo? Olhe para ela filho. Nem com uma roupa decente
está vestida.
— Peça desculpa para ela – digo com autoridade.
— O quê?
— Está louco? – Alana diz.
— Cale sua boca. E quer saber, caia fora daqui – puxo Alana pelos braços e a empurro
para longe.
— O que está acontecendo? – Terry diz puxando Verônica ainda chorando, para ela.
— Vai ficar ao lado dessa vadia? – minha mãe insiste nas ofensas, encarando minha irmã.
— Vou sim – Terry diz.
— Não me surpreende. A prostituta e a viciada – ela comenta sarcasticamente e perco a
paciência.
— Por que não conta para o seu filhinho, o que acabei de ouvir lá na mesa? Você e a vaca
da Alana.
— O que foi? – pergunto para Terry.
— Agora eu sei por que a Verônica foi embora. A mamãe ameaçou a coitada. Disse que se
ela não te deixasse, seria capaz de destruir sua carreira só para que você a odiasse.
Então era verdade!
Olho para ela e ela sorri.
Sinto nojo das duas.
Como pude ser tão burro? Tão cego?
Por que não acreditei nela?
—Eu vou sair daqui para não ter que dar na sua cara – digo olhando para Nora.
— Não faria isso – ela diz abismada.
— Não pague para ver. E só para constar, agradeço por não ser seu filho.
Saio arrastando Verônica para fora do hotel. Depois de quase matar o Charles, acredito que
não serei mais bem vindo nesse lugar. No qual não faço nem questão de aparecer nunca mais.
Entramos no carro.
Eu ainda estou tentando processar tudo. Estou uma pilha de nervos.
Dirijo até o apartamento da Verônica em silêncio.
Quando chegamos, saio do carro e abro a porta do carona ajudando-a a sair.
— Precisamos conversar – digo olhando em seus olhos.
— Não temos nada para conversar, Adrian.
— Como não? Agora tudo mudou Verônica.
— É. Mudou? Só se for para você. Porque para mim, não mudou em nada. Ainda posso
ouvir suas palavras duras quando esteve aqui pela última vez.
— Você me deixou droga! Como acha que me senti? Você mentiu para mim.
— É eu menti. Tentei concertar meu erro. Fiz isso por você e o que eu ganhei em troca? –
ela diz começando a chorar. — Me deixe em paz, Adrian. Por favor – sua voz saiu como
sussurro.
— Eu te amo, Verônica. Não quero ficar longe de você. Não quero outro homem tocando
você – falo desesperado e a beijo. Ela não corresponde. — Me perdoe, por favor. Volta para
mim.
— Eu não posso – diz com um olhar perdido.
— É o Charles? – pergunto com medo de ouvir a resposta. — Está saindo com ele? Por
isso estava lá? Por isso não me quer mais?
— Não! – ela diz soando chateada.
— Então o que é. Diga-me. Não aguento mais ficar sem você. Minha vida está de cabeça
pra baixo sem você, meu amor.
Ela fica relutante em falar qualquer coisa. Está assustada.
— Você precisa saber antes sobre o Charles.
— Saber o quê?
— Eu devo uma boa quantia em dinheiro... – ela começa a dizer e sinto que há algo errado
com ela. Ela leva as mãos à cabeça e sua respiração fica lenta. Ela parece desorientada.
— Verônica? Está se sentindo bem?
Antes que pudesse responder, ela cai em meus braços deixando-me apavorado.
— Verônica! Verônica! Droga.
Pego-a no colo e atravesso a rua em direção a seu prédio. Peço ajuda para o rapaz que está
na guarita.
— Preciso levá-la até o apartamento dela. Você tem uma chave extra?
Ele me olha indeciso:
— Temos. Mas não posso lhe dar sem a permissão dela.
— Quer tentar a sorte para acordá-la desmaiada? Anda, me dê logo a droga da chave.
— Eu vou acompanhar o senhor – o rapaz diz e agradeço.
Subimos até seu apartamento. O rapaz abre a porta com a chave extra e entramos. Coloco-a
sobre o sofá e tento acordá-la.
Dou leves batidas em seu rosto até que ela acorda, ainda desorientada.
— Adrian... – ela sussurra.
Fico aliviado em ver que está bem. Será que deve estar doente?
— Querida, você está bem?
— Sim – sua voz é fraca.
— Venha. Vou levá-la para o quarto.
Ela me olha relutante.
— Não. Quero que vá embora, Adrian.
— Não. Não vou deixá-la aqui, assim.
Ela passa seus braços em meu pescoço e se aninha em meu colo. Está pálida.
— Obrigado – digo para o rapaz ainda parado na sala. — Pode ir. Ficarei aqui com ela.
O rapaz sai silenciosamente.
Quando a deito na cama, começo a retirar seu sapato, suas meias e por fim, retiro o vestido.
Tento manter o controle. Meu corpo implora pelo dela. Vê-la praticamente nua, me deixa
totalmente excitado.
— Tem certeza de que está bem? – pergunto ainda preocupado.
— Estou – responde e aos poucos, fecha os olhos caindo no sono.
Eu fico ali, ao seu lado, apenas a observando.
Me chutando mentalmente por ter sido um idiota e ter permitido que se afastasse de mim.
De agora em diante, eu não a deixaria nunca mais. E mesmo que acordasse pela manhã e me
mandasse embora, eu não iria. Eu vou lutar por ela. Farei qualquer coisa para que me perdoe e
volte a ser minha.
Tiro minha roupa e deito ao seu lado. Olho-a atentamente contemplando toda a sua beleza.
— Eu amo você – sussurro afastando uma mecha de seu cabelo que estava tampando seu
rosto, mas ela não me ouve. Está dormindo de uma forma encantadora. Parecendo um anjo.
Um anjo.
Meu anjo.

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