capítulo 11

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Verônica Sandler

Após as compras, Adrian me levou para visitar minha mãe. Ela estava reagindo bem ao
tratamento. Mas, mesmo assim, me cortava o coração vê-la tão vulnerável numa cama de
hospital. O médico disse que logo ela poderá sair da UTI. Os resultados foram satisfatórios e
eles estavam confiantes em sua recuperação.
Quando saímos, fomos direto ao apartamento de Sônia. Adrian não queria que eu entrasse
sozinha. Ainda estava remoendo a história do Club Red. Sônia é inofensiva, eu sei disso, mas
ele não.
Quando ela nos atendeu, fiquei surpresa em ver sua aparência. Estava tão magra, que nem a
reconheci. Parecia que havia envelhecido uns dez anos. Sem contar que estava toda
desgrenhada. Nem parecia a linda Sônia que, poucos meses atrás, fazia os homens caírem aos
seus pés.
Adrian sequer dirigiu a palavra a ela. Conversamos por alguns minutos e por fim, pegamos
o Max e me despedi dela.
Max assim que me viu, pulou em meu colo quase me fazendo cair ao chão. Se não fosse
Adrian me segurar, ele certamente me derrubaria com seu peso enorme.
Entramos no carro e voltamos para casa.
No caminho, Adrian recebeu uma ligação que me deixou intrigada. Era Jonas, seu
advogado. Depois da ligação, Adrian ficou disperso e não falou o resto do caminho. Eu
perguntei se estava com algum problema, mas ele apenas sorriu e disse que não. Não quis
enchê-lo de perguntas, tendo em vista que o ouvi chamar Jonas para jantar em casa hoje.
Então, se tinha algo errado com ele, eu iria descobrir.
Ao chegarmos em casa, Max correu para o jardim enquanto Adrian me ajudava com as
sacolas. Levamos tudo para o nosso quarto e depois, descemos para tomar um café. Estava
faminta.
Terry estava na cozinha ajudando Maria com o jantar. As duas se divertiam enquanto
terminavam de colocar o lombo para assar.
— Precisam de ajuda? - me ofereci. Nunca fui uma boa cozinheira, mas me sentia um pouco
inútil sem ter o que fazer.
— Minha querida... – Maria se aproximou tocando em minha barriga. — Por que não vai
descansar enquanto o jantar não fica pronto? Tome um banho, relaxe. Eu e Terry cuidaremos
de tudo.
— Mas eu quero ajudar – disse.
— Querida, Maria tem razão. Andamos muito e você precisa de repouso – Adrian levantou
da cadeira e colocou seu copo sobre a pia.
— Adrian, eu estou grávida e não doente. Não preciso de repouso – bufei.
— Outro dia você ajuda. Tenho certeza que todos irão querer experimentar das suas
habilidades culinárias. Mas não hoje – ele diz me abraçando, arrancando sorrisos de Terry e
Maria.
— Isso mesmo. Vá cuidar do meu sobrinho – Terry ri.
— Ou sobrinha – completei.
— Terry, assim que Jonas chegar, me avise. Estarei no quarto com a Verônica.
— Novidade! Nunca saem de lá – ela diz e Adrian sorri.
No quarto, sento na cama e começo a tirar meus sapatos. Adrian se aproxima rapidamente,
coloca suas mãos sobre a minha e me olha docemente.
— Pode deixar que eu os tiro pra você – disse quase num sussurro.
Fiquei ali sentada, observando-o retirar meus saltos com delicadeza.
Quando terminou, suas mãos subiram devagar pelas minhas pernas descobertas até
chegarem a minha cintura.
— Você é tão linda – ele sussurra em meu ouvido.
Adrian me deita na cama e me beija.
Sua mão atinge minha calcinha em frações de segundos e sinto o meu corpo todo estremecer
com o contato dela em minha pele.
Ele toca meu rosto suavemente e beija meu pescoço.
— Venha… Vamos tomar um banho – ele diz saindo de cima de mim e me puxando pelas
mãos. — Mas antes, deixe tirar sua roupa – ele conclui e começa a tirar meu vestido. Ele joga
meu vestido em cima da cama e começa a me beijar. Se posiciona atrás de mim beijando
minha nuca e minhas costas demoradamente enquanto suas mãos passeiam pelo meu corpo.
— Adrian... – sussurro com a voz carregada de desejo.
Ele levanta meus cabelos para ter acesso ao meu pescoço. Começa a distribuir beijos e
leves mordidas. Viro-me e olhando em seus olhos, me desfaço do seu paletó, puxo-o pela
gravata arrastando-o até o banheiro e lhe dou um beijo ardente. Tiro sua camisa, calça e por
último sua boxer e contemplo minunciosamente seu corpo. Seu abdômen definido. Sorrio, pois
é tudo meu. Somente meu.
***
Após o sexo maravilhoso na banheira, deitei sobre a cama e acabei adormecendo.
Quando acordei, Adrian não estava no quarto.
Coloquei um short e uma blusa branca, chinelos e saí do quarto.
Desci as escadas e Terry estava sentada no sofá assistindo televisão.
— Nossa! Dormi e nem vi o tempo passar – disse sentando-me ao lado dela.
— Ah! Não dormiu muito tempo não. Jonas acabou de chegar e está trancado com Adrian
no escritório – ela disse um pouco apreensiva.
— Aconteceu alguma coisa?
— Acho que sim. Adrian estava estranho enquanto conversava com Jonas. Mas então, eles
perceberam que estava de olho na conversa e foram para o escritório.
— Hum... Sobre o que eles falavam? – perguntei curiosa.
— Sara – ela me olhou esperando alguma reação.
— A ex-mulher dele? Mas o que teria de tão importante para eles conversarem à portas
fechadas sobre alguém que já morreu há séculos? – perguntei sendo insensível. Por mais que
Sara estivesse morta, de alguma forma eu ainda me sentia insegura em relação a ser uma cópia
dela.
— Olha. Eu não sei, mas é claro que vou perguntar para o Jonas. Só estou esperando ele
sair. Detesto segredinhos – ela bufa e coloca a almofada entre as pernas.
— Adrian não me disse nada sobre o acidente. Como foi que aconteceu?

— Bom, até hoje ainda não se sabe a causa. A caixa preta do avião nunca foi encontrada.
Então, depois de algum tempo, encerraram as buscas e arquivaram o inquérito.
Olhei para ela aterrorizada.
— Como assim? Nunca? Encontraram o corpo dela?
— Também não.
— Mas e se ela estiver viva?
— Viva? Tá louca? Encontraram pedaços do avião no mar. Mas o corpo seria impossível.
Naquele dia morreram sete pessoas. Incluindo meu sobrinho que nem chegou a nascer – ela
disse com a voz triste.
— Imagino como deve ter sido difícil para ele – disse.
— Você não tem nem ideia. Mas é tão bom ver que ele se apaixonou outra vez.
— Eu amo seu irmão, Terry. E espero de verdade que possamos ser amigas – digo pegando
na mão dela. Ela me olha e abre um sorriso.
— Eu também gosto de você. Fiquei tão assustada quando te vi naquele estado em seu
apartamento.
— Eu sei – suspiro.
— Desculpe perguntar, mas… Adrian me contou quem fez aquilo com você. Só não consigo
entender por quê. O que ele queria?
Antes que eu pudesse responder, Jonas e Adrian entraram na sala.
— Olha elas aí. Falei que deviam estar vendo filme – Jonas falou no momento em que eu
formulava uma resposta para Terry. Foi a minha sorte. Ela se levantou e foi abraçá-lo.
— Amor, pensei que estivesse dormindo – Adrian disse sentando ao meu lado.
— Estava. Acabei de descer. Terry me disse que estava em reunião com Jonas.
— Está com fome?
— Morrendo de fome – digo.
Adrian se levanta e pega em minha mão me puxando para ele.
— Terry, o jantar já está servido? – ele pergunta.
— Está. Podemos jantar – ela diz e caminhamos para a sala de jantar.
A mesa está posta e minha boca enche de água só em ver a enorme travessa de lombo com
batatas assadas. O arroz de forno parece divino.
Começamos a comer conversando sobre assuntos corriqueiros.
— Papai ligou hoje quando vocês estavam fora – Terry falou olhando para Adrian.
— O que ele queria? - perguntou surpreso.
— Ele queria se certificar de que nós iremos à festa da Miller´s. Semana que vem a
empresa completa quarenta anos. Papai dará uma superfesta em Los Angeles.
— E o que eu tenho a ver com isso? Não vou depois do que a Nora aprontou com a
Verônica – ele disse dando um gole em seu vinho.
— Só acho que deveríamos ir – ela olha para ele com tristeza.
— Que merda Terry. Vai fazer o que lá? Ouvir sua mãe te chamando de drogada?
— Adrian! – repreendi. — Não fale assim.
— Deixa Verônica. É isso mesmo o que eu sou não é? – ela disse entredentes,
completamente enfurecida jogando o guardanapo sobre a mesa e se levantando.
Jonas olhou insatisfeito e a seguiu.
Olhei para Adrian que comia normalmente como se ele não tivesse dito nada demais.
Adrian tentava disfarçar, mas estava inquieto.
— Qual é o seu problema? Por que tratou sua irmã daquele jeito?
— Olha, não estou bem, tá legal – ele diz sem me olhar.
— Você vai atrás dela agora e pedir desculpas – disse empurrando meu prato para longe.
— Só porque você quer – ele debocha me deixando furiosa. — Ela tem que se ligar que a
própria mãe, não faz nem questão em vê-la. E se quer saber, também estou cansado de tanta
falsidade. Se eu for, o que é pouco provável, como você acha que vai ser? Minha mãe te odeia
e não está nem aí para a própria filha – ele diz num tom mais alto me deixando nervosa.
— Não interessa Adrian. Terry é sua irmã. Você deveria ser mais sensível ao falar com ela.
Até mesmo por tudo o que você acabou de dizer. Ela só tem você. Eu sei que ela tem
problemas, mas ela está lidando bem com isso agora. Não estrague tudo - despejei tudo o que
estava entalado em minha garganta e saí.
Quando cheguei à sala, Jonas estava se despedindo de Maria.
— Boa noite Verônica. Já vou indo. Está tarde - ele diz sem graça.
— Desculpe pelo Adrian. Às vezes ele não pensa ao falar - digo dando um abraço nele.
— Adrian está com problemas Verônica. Não brigue com ele também. Já conversei com a
Terry e ela entendeu.
— Mesmo assim. Não é motivo para ter sido tão cruel com ela.
— Bom. Obrigada por defendê-la. Terry é uma garota sensível. Ainda não está totalmente
curada do vício. Não podemos deixar que tenha uma recaída - ele diz um pouco triste.
— Se depender de mim, Jonas. Ela não irá. Que bom que ela tem você - sorrio.
— Boa noite - ele sorri.
— Boa noite.

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