Verônica Sandler
Assim que Adrian saiu do meu apartamento, caí em um choro profundo. Até quando minha
vida seria esse martírio?
Vi o desapontamento em seus olhos. O modo como me olhava. Mas eu só queria protegê-lo.
Apenas protegê-lo.
Não sei se o caminho que estava escolhendo percorrer era o certo. Só sabia de uma coisa:
não deixaria Charles encostar um dedo em Adrian.
E, se para isso eu tiver que abrir mão do amor que sinto por ele, eu faria sem pestanejar.
Adrian é a única pessoa com quem me importo. Ele e minha mãe. Não deixaria ninguém
machucá-los. Eu faria o que fosse preciso para mantê-lo em segurança.
Quando conheci Charles, eu jamais pensei que ele seria capaz de ser tão cruel. Ele nunca
me deu indícios de que sentia algo por mim. Não entendo sua súbita vontade de que eu
pertença a ele. Afinal, ele sempre soube em que eu trabalhava.
Levanto-me do sofá e vou até o quarto. Arrumo minhas roupas e entro no banho. Quando
termino, coloco minha roupa e saio.
No caminho para a clínica, sinto-me tonta e enjoada. Paro o carro no acostamento, abro a
porta e a vontade de vomitar fala mais alto. Fiquei ali, por alguns minutos, com as mãos nos
joelhos e pernas flexionadas, esperando vomitar mais uma vez. Mas a falta de comida no
organismo impediu que vomitasse ainda mais.
Quando a tontura passou e já estava perfeitamente bem para dirigir, continuei meu percurso.
Ao chegar à clínica, vou direto visitar minha mãe. A entrada na UTI é permitida apenas 15
minutos por dia. Foram os mais longos 15 minutos da minha vida. Vê-la ali, inconsciente,
respirando por aparelhos, me fez questionar muitas coisas. Ela sempre foi uma mulher boa.
Uma mãe exemplar e uma esposa perfeita. Por que Deus nos deu esse destino tão sofrido?
Ainda não conseguia entender o porquê das coisas serem tão difíceis para nós duas.
Fico ali, segurando sua mão, me perguntando quando seu sofrimento terá um fim.
Quando a visita acaba, a enfermeira aparece me avisando que preciso ir. Ela me dá um
sorriso reconfortante e diz:
— Ela vai sair dessa.
Assenti com a cabeça e saí enxugando as lágrimas.
Ao sair do hospital, passo em uma lanchonete e peço um sanduiche. Estou morta de fome,
mas é a única coisa que posso pagar no momento. Com minha conta quase zerada, não poderia
me dar ao luxo de comer algo melhor. Essa era outra questão que me preocupava: a falta de
dinheiro.
Não queria mais voltar a me prostituir. Então, resolvi arrumar um emprego. Eu só não sabia
por onde começar a procurar.
***
Hoje faz três dias que estou à procura de emprego e não encontro nada. A cada dia que
passa, fica mais difícil ter esperanças.
Minha mãe ainda continua na mesma.
Minha vida ainda continua na mesma.
Levanto-me da cama pior do que quando fui deitar ontem à noite. Não tenho me alimentado bem, as contas estão chegando e, a cada minuto que passa, o desespero toma conta de mim.
Após ter jogado meu celular num ataque de fúria no banheiro, fiquei incomunicável. Não
havia telefone em casa e agora, estava sem celular.
Passava os dias apreensiva. Todos os dias, mesmo após as visitas a minha mãe, eu ia a um
orelhão e ligava para a clínica para saber se tinha novidades. Talvez meu subconsciente
achasse que fazendo isso, poderia receber uma notícia boa de que minha mãe já havia se
recuperado e saído da UTI.
Caminhei até a cozinha e preparei um leite com chocolate e peguei algumas bolachas de
água e sal. Era a única coisa que havia em casa.
Sentada na cadeira com os cotovelos na mesa, a campainha toca.
“Quem será a essa hora?”.
Caminho até a sala e abro a porta.
Meu coração dispara quando vejo Charles.
Sem pensar, tento fechar rapidamente a porta, mas Charles é mais rápido. Ele coloca o pé
para bloquear a porta e a empurra com toda a sua força, fazendo com que a porta bata em meu
rosto.
A pancada em minha testa foi forte o suficiente para quase me fazer ir ao chão.
Charles entrou em minha sala fechando a porta atrás de si.
Quando olhei em seus olhos, um frio percorreu minha espinha.
Charles me olhava com olhos de predador. Estava elegantemente vestido em um terno
caríssimo, azul marinho, gravata vermelha e camisa branca. Em uma das mãos, segurava uma
maleta prateada.
— O que faz aqui? – perguntei quebrando o silêncio assustador.
— Porque não atendeu as minhas ligações? – sua voz fria me deu calafrios.
— E-eu estou sem telefone – gaguejei.
— E quer que eu acredite nisso? – ele me olhou com olhos semicerrados. — Não brinque
comigo, Verônica.
— Eu estou falando a verdade - respondi.
Charles caminhou até meu sofá e depositou sua maleta. Eu fiquei ali, inerte, apenas o
observando.
Pacientemente, Charles a abriu e retirou de dentro dela, uma pequena fivela preta. A qual
eu conhecia muito bem.
— Está mais do que na hora, de você usar isso permanentemente – ele me olhou com um
sorriso de satisfação no rosto.
A coleira que ele segurava, havia suas iniciais CHH, gravadas em dourado.
Ele caminhou em minha direção segurando aquela coleira e quando estava bem próximo a
mim, colocou-a em torno de meu pescoço e a fechou.
— Está proibida de tirá-la. Somente eu, seu dono, posso retirá-la de você – ele falou.
Eu não sei do que fiquei com mais medo, do Charles parecendo um louco ou ele achando
que de alguma forma, eu iria concordar em ser dele.
Jamais eu seria dele. Em nenhuma circunstância.
— Eu não sou sua, Charles. E não quero ser – digo firme.
— Eu não me lembro de ter dado a você alguma opção – diz com um sorriso lascivo no rosto.
— Não deu – respondi. — Acontece que não serei sua, Charles. Em hipótese nenhuma –
caminho para trás procurando por algo que pudesse usar para me defender.
Em cima do aparador, um vaso de cerâmica me pareceu útil – caso ele decidisse ir pelo
lado mais difícil.
— Olhe pra você, Verônica – disse caminhando lentamente em minha direção. — Está
abatida. Há quanto tempo não come? Sei que não está fazendo mais programas e que não tem
um trabalho. Como acha que vai conseguir pagar o tratamento da sua mãe e ainda se sustentar?
— Não te interessa – cuspi irritada.
— Eu posso ajudá-la, querida. Apenas seja minha – ele diz agora bem próximo a mim.
— Nunca. Você é um maluco, Charles. Saia daqui – gritei. O jeito que ele me olha, deixa
meus sentidos todos em alerta. Charles não parece estar de brincadeira.
— Como eu disse querida. Não dei a você uma opção. Será minha. Como e quando eu
quiser. E claro, não sairei daqui. Você é quem irá sair – ele tira um pequeno envelope de
dentro do paletó e entrega a mim. — Leia.
Peguei o envelope com as mãos trêmulas. Vindo do Charles, não poderia ser coisa boa.
O abri descoordenadamente. Joguei o envelope pardo no chão e li a pequena carta da
imobiliária.
Ao ler aquelas cinco linhas, senti meu mundo desmoronar. Minha garganta foi bloqueada
pelas batidas frenéticas do meu coração. Uma sensação de sufocamento tomava conta de mim.
Eu queria gritar, chorar, bater naquele maldito desgraçado. Mas não tinha forças para lutar.
Tudo parecia estar contra mim.
— Não pode fazer isso – disse desesperada.
— Posso e já fiz. Esse apartamento agora é meu. E você tem apenas uma semana para
desocupá-lo – dá um sorriso cínico que me deu vontade de partir a cara dele.
— Não tenho para onde ir, Charles. Você sabe que não tenho – disse com as lágrimas
rolando em meu rosto.
— Claro que tem. Você vai para minha casa – ele fala. — E isso, não é um pedido.
— Eu prefiro morrer a ir com você, seu desgraçado, maldito – gritei já fora de controle.
Charles caminhou tão rápido até mim, que meu único instinto foi o de me defender. Não
pensei duas vezes e agarrei o vaso de cerâmica e joguei contra ele. O vaso pegou em seu
ombro direito e parece não tê-lo afetado tanto quanto eu gostaria.
— Isso foi imprudente de sua parte, querida – ele disse. — Sabe o que eu posso fazer com
você, não sabe?
— Fique longe de mim, Charles. Eu vou gritar tão alto que toda a vizinhança irá me ouvir –
ameacei. Não estava para brincadeira.
— Certamente que irá. Mas... Como sabe, sou um homem prevenido – ele caminha até sua
maleta em cima do sofá, retira de dentro dela, uma fita adesiva prateada.
Eu sabia exatamente para o que ela servia.
Sem pensar, tentei correr até meu quarto. Charles conseguiu me alcançar antes que pudesse
fechar a porta e pedir por socorro. Ele avançou em mim e me deu um soco no rosto o qual me
deixou desnorteada por alguns instantes.
— Eu até acho um charme essa sua braveza toda. Mas quer saber Verônica, isso já está me
irritando – ele diz me imobilizando no chão. — Eu sou seu dono, Verônica. Se quiser fazer do
jeito mais difícil, saiba que vou adorar tornar isso doloroso para você.
Eu me debato e cuspo na cara dele sorrindo de satisfação.
— Não serei sua, nunca, Charles. Pode fazer o que quiser comigo, que ainda assim, o único
homem que me terá completamente, é Adrian. E você sabe disso.
— Ah é? – diz sarcasticamente. — Ele a faz gozar gostoso? Assim, como eu?
— Não seja ridículo seu maníaco pervertido. Eu nunca gozei pra você. É tão idiota que
nunca percebeu. Nunca senti nada por você Charles, a não ser asco – rosnei.
Vi o momento em que os olhos de Charles se tornaram negros. Ele vociferou algo antes de
bater forte em meu rosto mais duas vezes.
Senti gosto de sangue na boca. Meu rosto queimava.
— É disso que você gosta, não é, sua vadia – ele sussurrou em meu ouvido. — Gosta de
apanhar.
Charles levantou do chão e ordenou:
— Levante-se.
— Vá pro inferno – gritei.
Ele se abaixou e me puxou pelos cabelos até que eu ficasse de pé. Dei um rugido de dor.
— Tire a roupa – ele ordenou mais uma vez. Nem morta iria tirar minha roupa para ele.
— Não! – gritei enfurecida. Passei as costas da mão em minha boca para limpar o sangue
que havia ali.
Charles me arrastou pelos cabelos até a sala e me jogou no sofá. Da grande maleta, ele
retirou seu chicote.
— Você não é uma escrava muito obediente. Acho que terei de adestrá-la, minha cadelinha
– ele disse colando sua boca na minha, me fazendo sentir nojo.
— Não sou sua escrava. Tão pouco sua cadela – disse partindo para cima dele dando
socos em seu peitoral forte.
Vejo-o tirar um pequeno pedaço da fita adesiva cortando-a com os dentes. O pânico de
ficar amordaçada falou mais alto e comecei a gritar por socorro.
Rapidamente, ele me imobiliza amarrando minhas mãos com sua gravata vermelha e
colocando a fita sobre minha boca.
— Normalmente, eu gosto de ouvir os gritos. Me excita. Mas não quero que a vizinhança
inteira escute o que farei com você – ele disse com sua voz assustadora. — Será rápido. Não
se preocupe. Tenho certeza que vai implorar para que eu continue até não aguentar mais e
gozar bem gostoso para seu dono – ele diz me deixando apavorada.
A ideia de ser violentada dessa forma me deixou completamente desesperada. Ele não seria
capaz, seria? E a merda do São, Seguro e Consensual? Cadê?
Minha resposta veio assim que Charles me pegou novamente pelos cabelos, arrastando-me
até minha cama. Olhei para ele com pavor enquanto ele tirava sua roupa.
Meus gritos abafados pela fita ecoavam apenas em minha mente. Minhas lágrimas
escorrendo pelo meu rosto e o pânico que tomava conta de mim fez com que, naquele
momento, eu quisesse a morte.
— Eu não sou um monstro, querida. Não precisa me olhar assim. Eu tentei deixar esse meu
lado, adormecido. Mas você, de alguma forma, conseguiu despertá-lo. Eu não queria que fosse
desse jeito – diz enquanto sobe na cama apenas com sua boxer preta e o chicote em sua mão
direita.
Eu o olho com olhar de súplica. Ele via o pavor em meus olhos, e, ainda sim, ignorou-o.
— Vou soltar suas mãos. Quero que fique quieta. Tudo bem? Isso não precisa ser muito
doloroso, Verônica. Só quero que se conforme que é minha. Minha. É minha desde o primeiro
dia e sabe disso.
Tentei fechar os olhos para não olhar na cara dele. Charles é um louco. Um maníaco. E,
assim que fechei os olhos, ele me golpeou em minhas pernas com seu chicote.
— Quero que olhe para mim – ele diz.
Assim que ele libera minhas mãos, me debato e dou na cara dele. Dou socos e pontapés,
mas Charles tem uma força sobrenatural. Meus socos e chutes, só o fizeram mais nervoso.
— É assim que vai ser? Você quem escolheu cadela, vai aprender a respeitar seu dono –
ele grita com sua voz absurdamente rouca e me vira de bruços com uma rapidez
impressionante.
Charles prende minhas mãos juntas, na cabeceira da cama e retira toda a minha roupa,
rasgando-a.
O primeiro golpe me atinge.
Eu chorava descontroladamente tentando me desvencilhar das amarras enquanto ele seguia
me chicoteando.
Eu fazia tanta força para me soltar das amarras, que senti meu pulso queimar. Foi aí, que
percebi que seria inútil lutar contra o que me esperava.
Minhas costas e minha bunda já estavam completamente dormentes. No lugar da dor, havia
apenas uma sensação de impotência. De ódio.
Quando Charles parou, achei que iria me tomar ali mesmo. Mas, para meu alívio, ele me
desamarrou e me virou, retirou a fita adesiva com um puxão rápido. Eu ainda estava tentando
conter meus soluços. Nenhuma palavra saiu de minha boca.
O lençol friccionando em minhas costas ardia e me fazia arquear-me toda.
Ele me olhava de um modo estranho. Seus olhos começaram a lacrimejar, mas não vi uma
lágrima de arrependimento rolar em seu rosto.
Ele levou sua mão até meus seios e fechei os olhos. Não queria que ele me tocasse, mas
não fiz a besteira de confrontá-lo. Não aguentaria nem mais uma chicotada. Estava totalmente
acabada psicologicamente. A dor do corpo, não era nada comparada com o meu estado
emocional, estava abalado.
— E-eu não queria ter feito isso – ele diz retirando sua mão de mim. — Eu não faço mais
isso, Verônica. Eu juro. Mas não sei o que me deu. Você me deixou nervoso e... – ele disparou
a falar numa angústia incessante.
Charles apenas se levantou da cama, vestiu-se e não me olhou mais nos olhos. Ao sair, ele
apenas disse:
— Me desculpe. Não é assim que quero que seja minha. Mas não vou deixar que outro
homem toque você outra vez. Você é minha. É bom que se lembre disso. Arrume suas coisas,
amanhã mandarei um carro vir buscá-la – disse passando as mãos pelos cabelos. — E
Verônica, não cometa nenhuma bobagem. Você sabe muito bem quem sofreria as
consequências.
E então, Charles se foi na mesma velocidade em que apareceu.
Fiquei por algum tempo perdida em mim mesma, sentada sobre a cama, abraçando minhas
pernas. Removi aquela coleira nojenta. Não havia mais lágrimas dessa vez. Apenas dor.
Quando levantei, pude ver algumas marcas finas de sangue no lençol.
Caminhei devagar até o banheiro e enchi a banheira. Não sei exatamente quanto tempo
fiquei ali. Mas foi o suficiente para que eu pensasse em desistir. Desistir de tudo. Desistir da
minha própria vida.
Resolvo enfim sair da banheira. Quando me olho no grande espelho do meu quarto, vejo as
marcas em minhas costas e minha bunda. Alguns vergões superficiais e outros um pouco mais
grossos. Em alguns deles, havia uma camada bem fina de sangue. Sei que não ficariam marcas
permanentes em meu corpo. Em alguns dias, ficariam roxas, depois sumiriam completamente –
eu acho. Porém, as cicatrizes em minha alma jamais sairiam. Elas iriam permanecer ali. Para
sempre. E isso, era o que mais me assustava.
Coloquei um vestido preto bem soltinho. Sutiã e calcinha no estado em que me encontrava,
seria impossível.
Penteei meus cabelos e caminhei até a sala numa lerdeza impressionante.
Meu coração quase sai pela boca quando vejo alguém no meio da sala. Dou um grito fino
de pavor achando que pudesse ser Charles ali. Mas, para minha total surpresa, o que vejo, me
deixa totalmente confusa.
Terry.
Ela estava bem no meio da minha sala, olhando para imensa bagunça com curiosidade.
“Mas que raios ela faz aqui?”.
— Terry?
Ela se vira assustada e me olha.
— Verônica? – ela sussurra. — O que é isso em seu rosto? Está machucada? O que
aconteceu aqui? – ela faz tantas perguntas e não estou disposta a responder nenhuma delas.
— É... Estou bem agora. Fui assaltada – respondi, mas minha resposta soou muito idiota.
— Como assim assaltada? E ninguém ouviu? Já chamou a polícia? O porteiro viu alguém
entrar ou sair? Droga! Esquece o porteiro nem perguntou meu nome e estou aqui.
— E-eu não sei Terry. Não quero falar sobre isso. Estou bem – digo já começando a sentir
aquelas tonturas estranhas. Apoio-me no encosto do sofá e Terry vem em minha direção
rapidamente me segurando antes de eu ver tudo preto em minha frente.
***
Abro os olhos, ainda sonolenta. Estou deitada no sofá e Terry está ao telefone. Eu já
imagino bem com quem seja, mas não tenho forças para impedi-la. E, para falar a verdade, eu
o queria aqui, ao meu lado. Nem que fosse para vê-lo por mais uma vez, antes de ter que
deixá-lo definitivamente.
— Não quero que ele me veja desse jeito – peço.
Terry me olha com um olhar terno. Sei que viu as marcas em meu pulso. Eu senti seu olhar
de interrogação.
— Seja lá em que estiver metida, Verônica, Adrian pode ajudá-la.
— Por que se dar ao trabalho? – pergunto confusa.
— Porque meu irmão te ama. E se ele a ama tanto quanto eu vejo você passa a ser
importante para mim também – ela diz pegando em minha mão.
— Por que está aqui? – pergunto ainda sem entender o motivo da visita. — Foi Adrian
quem te mandou aqui?
— Não. – ela me olha sem graça.
— Só queria conversar. Meu irmão está sofrendo sem você e achei que pudesse fazê-la mudar de ideia e voltar para ele – ela dá de ombros.
— Não podemos ficar juntos – digo.
— Não ligue para minha mãe. Ela é uma mulher mesquinha e insensível. Eu sei o que você
fazia para viver. Digo, sei que fazia isso pela sua mãe – ela sussurrou.
— Não quero falar disso, Terry.
— Adrian a ama, Verônica. Ele pode ser um babaca às vezes, mas ele a ama.
— Podemos mudar de assunto?
— Tudo bem – ela diz e se senta ao meu lado. — Há quanto tempo está doente? Parece
pálida – ela diz.
— Não estou doente – resmungo.
— Você desmaiou – ela arqueia uma sobrancelha.
— É o estresse – digo ríspida. — Pode me ajudar a caminhar até minha cama? Não estou
me sentindo muito bem. Só quero descansar um pouco – falo com a intenção de sair dali o
mais rápido possível para ver se essa garota me deixa em paz.
— Claro – diz e me ajuda a levantar do sofá. Terry passa seus braços em minha cintura e eu
abafo um gemido de dor. — Pode apenas segurar meu braço?
— Tudo bem.
Caminhamos até meu quarto. Quase me esqueci de que no lençol branco havia manchas de
sangue. Assim que passei pela porta, pedi para que ela me deixasse sozinha.
Terry sai em direção à sala dizendo que esperará Adrian chegar para me levar ao hospital.
Concordo com a cabeça e rapidamente, puxo o lençol, olho a coleira no chão, pego e a coloco
entre o tecido e os levo até o cesto de roupas que fica atrás da porta do banheiro.
Preciso achar uma explicação plausível para tudo isso. Terry é bem fácil de enganar, mas
Adrian...
É impossível.
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Somente Seu
ChickLitHoje faz uma semana que Adrian e eu nos separamos. Desde que saiu do meu apartamento, não voltou a me procurar. Acho que ele realmente desistiu de mim. Fiquei trancada em casa todos esses dias, procurando uma forma de resolver minha vida. Eu precisa...