capítulo 18

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Adrian Miller
Enquanto passamos pela multidão de jornalistas e fotógrafos, sinto as mãos dela suarem
frio. Ela empalidece no momento em que penso em perguntar se está bem. Vejo que há algo
errado. Ela parece meio zonza e a pego no colo no momento em que ela apaga em meus
braços.
Entro em pânico e só consigo pensar em nosso filho. Me chuto mentalmente. Eu deveria ter
insistido para que se alimentasse.
Jonas percebe a minha aflição e tenta abrir o caminho o mais rápido possível, empurrando
todos a nossa volta.
— O que aconteceu com ela? – Maria pergunta preocupada e Terry abre a porta do carro
numa velocidade impressionante.
— Desmaiou. Ela não comeu nada e toda essa aglomeração, acho que a deixou nervosa –
coloco-a no banco do táxi.
— Não podemos viajar com ela nesse estado, Adrian. Temos que levá-la ao médico.
— Maria... Está tudo bem. Relaxe – digo e entro sentando-me ao seu lado.
Coloco-a em meu colo e tento fazer com que desperte.
— Verônica... Amor, por favor... Está me ouvindo?
Ela abre os olhos devagar e o alívio toma coma de mim. Ela solta um grunhido, mas ainda
continua pálida.
— Adrian... – sua voz sai fraca.
— Está se sentindo bem? – pergunto olhando-a nos olhos. Aliso seu rosto e afasto uma
pequena mecha de cabelo que cai sobre ele.
— Sim. Acho que foi só um mal estar – ela diz.
— Acho melhor levá-la ao médico e ver se está tudo bem com você e nosso filho –
sussurro ainda preocupado.
— Eu estou bem, Adrian. Sério – ela diz e se afasta sentando ao meu lado.
— Você tem certeza? Você não comeu nada e até chegarmos a Los Angeles irá demorar.
— Eu estou bem. Quando chegarmos ao aeroporto eu prometo que como alguma coisa – ela
diz, mas sei que é para me tranquilizar.
Olho para o motorista e peço que nos leve até o aeroporto. Quero chegar à casa de meus
pais o quanto antes.
Depois de me certificar de que Verônica estava realmente em perfeitas condições para
seguir viagem, entramos no avião com destino a Los Angeles.
***
Chegamos em Los Angeles. Pedimos dois taxis e seguimos para a estrada I-405N em
direção a Santa Mônica, onde meus pais moram.
— Falta muito pra chegarmos? – ela pergunta com ar de cansaço.
— Não amor. Mais uns dez minutos e estaremos lá – respondo e a beijo.
— Você disse que não ficaríamos na casa dos seus pais, Adrian. Acho que isso não vai dar
certo – não escondendo o quanto está chateada com isso.
— Eu sei que prometi. Mas não posso deixá-la sozinha num hotel. Ficaremos aqui apenas
três dias, meu amor.
— Mas trouxemos Maria para que ficasse comigo, não foi? Por que temos que ficar na casa
dos seus pais? Ela me odeia, Adrian. Imagine quando ela souber que estou esperando um filho
seu e que nos casamos escondidos – ela se irrita.
— Não casamos escondidos, Verônica. Não sou um adolescente. Nossa vida só diz respeito
a nós. Não faz a menor diferença pra mim se eles sabiam ou não. – digo.
— Não quero que conte sobre nosso filho. – ela diz.
— Não vou contar. Pelo menos por enquanto. Não quero que nada aconteça com você nem
o bebê. Sei que Nora vai ter um ataque quando souber e pode acabar descontando a raiva em
você.
— Eu vou tentar – ela fala e eu a olho confuso.
— Tentar o que?
— Ser educada. Mas já aviso que será difícil. Eu a detesto tanto quanto ela a mim – ela diz
entredentes e cruza os braços como uma garotinha mimada.
— Vou ficar de olho nela. Confie em mim. Será dia de festa e ela nem terá tempo para se
preocupar conosco. Agora venha aqui – digo puxando-a para perto de mim inalando seu
perfume levemente adocicado.
Ficamos abraçados em silêncio até que chegamos. Saio do carro ajudando-a descer. Pago o
táxi e pego nossas bagagens. Terry, Jonas e Maria chegam ao mesmo momento.
— Ai! Estou morta – Terry diz estalando as costas reclamando como uma velha de oitenta
anos. — Jonas, você carrega a minha mala também porque estou cansada. Preciso de um bom
banho de piscina.
— Eu carrego. Pode entrar – Jonas responde com um sorriso. Tem que ter muito amor pra
aguentar minha maninha.
— Menina, está melhor? – Maria pergunta segurando as mãos de Verônica.
— Sim, Maria. Foi apenas um mal estar.
— E agora, vamos entrar e a senhora vai fazer o que me prometeu. Comer.
— Mas não disse que iria comer na casa da cobra da sua mãe – diz irritada e a olho feio.
— Desculpe! – ela diz sem graça — Eu sei que ela é sua mãe, mas...
— Mas não importa. Vai comer e pronto – sou firme e quando me viro, vejo meu pai
saindo pela porta, vindo ao nosso encontro. Pela roupa que está usando, vejo que está pronto
para sua partida de Golf.
— Adrian, filho! – ele me abraça dando fortes tapas em minhas costas. — Vamos entrar,
sua mãe está louca pra te ver – ele diz e olha para Verônica com uma cara nada amigável.
— Verônica!? – ele diz e não consegue esconder sua surpresa e seu desapontamento.
— Tudo bem, Sr. Rômulo? – ela o cumprimenta.
— Jonas! Fiquei feliz quando Adrian disse que você e Terry estão juntos – diz e abraça
Jonas que retribui com um largo sorriso. Papai sempre gostou de Jonas. Sempre comentava
que era um cara legal, trabalhador e um excelente profissional. Minha mãe é que não é muito
fã dele por não ter tanto dinheiro quanto a nossa família. E olha que Jonas poderia sustentar
duas gerações se quisesse.
— Vamos! – meu pai diz nos ajudando com as bagagens.
Assim que entramos, vejo minha mãe descer pelas escadas com um sorriso enorme no
rosto. Ela nos vê e seu sorriso desaparece por completo. Parece assustada e nem preciso ser
um gênio para saber o porquê.
— Adrian... – ela tenta sorrir, mas seu sorriso é tão falso quanto a sua cara.
— Oi mãe – digo seco.
Ela não cumprimenta mais ninguém além de mim e Jonas.
— Maria! – ela exclama. — Estou certa de que veio para nos ajudar na festa. Acertei? –
ela pergunta com seu jeito sínico. Sua expressão já está quase congelada de tantas plásticas e
botox. Pois, era só isso que sabia fazer da vida. Torrar o dinheiro do meu pai em futilidades.
— Errou. Ela está aqui como minha convidada – digo.
— Então, seja bem vinda – ela força simpatia.
Meu pai conversa com Jonas e Maria e diz para que eles subam as escadas e se instalem
nos quartos de hóspedes. Assim que eles sobem, minha mãe dispara.
— Veio tanta gente desnecessária... – ela olha diretamente para Verônica. – E não vi Terry.
Ela não veio? – ela conclui olhando ao redor.
— Acho que ela preferiu a piscina a ter que olhar para a cara de certo alguém – Verônica
diz com ironia e eu a cutuco. Não será nada fácil controlar essas duas.
— É melhor as duas nem começarem. E você, mãe... Não me faça arrepender-me de ter
vindo – digo enfurecido. — Venha, Verônica. Vou arrumar algo para você comer – passo pela
minha mãe e sua cara não é nenhum pouco agradável.
Entramos na cozinha e Verônica olha tudo com espanto.
— Sr. Miller! – Vera me vê e abre um sorriso. Ela já trabalha com meus pais há anos.
— Oi, Vera! Tudo bem? – a cumprimento. — Essa é Verônica, minha mulher – digo e ela
olha para Verônica com curiosidade.
— Olá senhora.
— Vera, pode nos preparar algo para comer? Não comemos nada hoje e estamos famintos –
digo sentando-me na cadeira e Verônica faz o mesmo.
Jonas entra na cozinha e se senta ao nosso lado.
— E Terry? – pergunto.
— Na piscina. Sua irmã também não facilita o convívio – ele ri.
— E eu não sei? – todos rimos descontraídos, enquanto Vera prepara nosso café.
— Nossa! São quase onze da manhã – Jonas diz olhando em seu relógio de pulso.
— E então rapazes, prontos para uma partida de golfe? – meu pai entra na cozinha todo
alegre.
Olho para Jonas e ele dá de ombros. Faz tanto tempo que não jogo que meu deu até
vontade.
— Por mim, acho até que será divertido – Jonas sorri e então, entro na onda.
— Ainda joga no Penmar em Venice? – pergunto lembrando da época em que jogávamos
todos os finais de semana.
— Lá mesmo – ele diz. — Vou esperar vocês lá na piscina. Vou conversar com a Terry um
pouco – ele diz e sai.
Verônica não me parece contente, mas não diz absolutamente nada.
Vera termina de preparar o café e nos serve. Comemos jogando conversa fora e quando
terminamos, saímos da cozinha.
— Adrian... – Verônica me chama. — Não quero ir. Odeio esse tipo de coisa, então, acho
que vou preferir ficar aqui.
— Tem certeza? Porque não vamos demorar. Você pode ir e ficar sentada ou jogar conosco digo.
— Ah, querido. Isso não tem muito a minha cara – ela ri. — Vou descansar um pouco e
quando você chegar, me acorde – ela diz e me beija.
— Tudo bem. Vou deixá-la no quarto. Vamos.
Subimos as escadas e no caminho digo a ela para que não dê ouvidos a nada do que minha
mãe disser. Sei que Verônica é esquentada e minha mãe adora um drama.
— Eu volto logo. Fica com meu celular. E a propósito, precisamos comprar um pra você.
Não me agrada ficar sem contato com você ainda mais nessas condições – digo e entrego meu
telefone a ela.
— Tudo bem. Vou ficar bem – ela sorri.
Fecho as cortinas e a ajudo a tirar os sapatos. Ela se deita e a cubro com o lençol. Vou até
minha mala e retiro uma camisa polo azul e uma calça jeans. Me troco rapidamente, dou um
beijo nela e saio fechando a porta.
Desço as escadas e acabo esbarrando em minha mãe na sala.
— Onde está o pai?
— Já estão no carro te esperando – ela diz. — Aquela coisa não vai? – ela pergunta
acendendo minha fúria.
— Não ouse chegar perto dela – rosno e dou as costas saindo furioso.
Quando estou próximo ao carro, Maria vem até mim. e diz:
— Vai sair e deixá-la sozinha?
— Não, Maria. Vou sair e deixá-la com você. Ela não quer ir e está no quarto dormindo.
Cuide dela até eu voltar, tudo bem? Qualquer coisa é só me ligar que volto correndo – digo e
entro no carro.
***
Seguimos pela Lincoln Blvd até chegarmos a Rose Avenue em Venice. Chegamos ao campo
de golfe depois de quinze minutos.
Jonas está mais empolgado do que eu. Acho que deveria ter ficado com minha esposa. É
estranho não tê-la por perto. Embora Jonas também não tenha trazido a Terry. Dificilmente
golfe agrada as mulheres. Nem minha mãe, com tantos anos de casada, nunca acompanhou meu
pai. Claro que ela não é uma boa referência para isso. Mas fala em Spa perto dela!
Já no campo, pegamos nossos tacos e vejo Albert caminhando pela grama vestido como um
rapaz da minha idade. Camisa polo branca, boné, bermuda marrom e tênis. Albert é meu
padrinho. Já faz tempo que não o vejo e estou surpreso por vê-lo aqui.
— Adrian! – ele me abraça forte.
— Albert!
— E aí cara? Pensei que passaria em casa mais cedo – meu pai grita de longe.
— Não deu. Você sabe. Mulheres! – ele ri.
— Essas amantes ainda vão te matar, Albert – digo.
Albert é um cara legal. Senador. O problema é que não consegue ficar apenas com uma
mulher. É casado há mais de trinta e cinco anos e já perdi as contas de quantas amantes já
teve. Acho que seu casamento sempre foi de fachada. Mas quem sou eu para questionar? Ele
sempre foi um bom padrinho e é o melhor amigo do meu pai desde infância. Sempre nos
demos bem. Ele é um tanto protetor comigo.
— Vejo que está bem. Tendo em vista os últimos acontecimentos – Albert diz.
— Já está sabendo? – pergunto.
— Não se fala em outra coisa na televisão e jornais. E a propósito, sua esposa é muito
parecida com a Sara, estranho isso, é algum tipo de Nostalgia nova que desconheço?
— Como sabe que ela é...
— Sua esposa? Albert sorri. — A sua aliança no dedo. Nada discreto – ele ri.
— Ela não era exatamente igual a Sara quando a conheci. Os cabelos dela eram pretos –
digo rindo.
— E então, você fez a pobre coitada pintar o cabelo para se parecer com ela?
— Não é o que está pensando. Verônica não é a Sara e não estou tentando colocá-la no
lugar dela – digo.
— Hum...
— O lance do cabelo é outra coisa. E acredite, eu mesmo odiei – ri. — Mas não se pode
contrariar as mulheres, não é?
— Verdade – ele responde. — Vamos parar de conversa e jogar. Hoje estou animado e vou
ganhar de vocês – ele diz e caminha até meu pai e Jonas que já estão dando várias tacadas
pelo campo.
É isso aí. Respiro fundo e caminho até eles para entrar na disputa. Não será tão fácil me
vencer.

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