capítulo 13

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Verônica Sandler
Quando Adrian saiu do quarto para atender ao telefonema, minha curiosidade aflorou e
claro, fui até ao cofre e peguei a caixa na qual ele disse que havia joias da Sara. “Por qual
motivo ele ainda mantinha isso guardado?”. O que vi nela, quando abri, me deixou ainda
mais curiosa. Não havia joias. Apenas um envelope de uma clínica endereçado a Alana Lins.
Fiquei intrigada com aquilo. Quando ouvi seus passos pelo corredor, coloquei o envelope
dobrado no bolso da minha calça jeans e tranquei a caixa novamente. Joguei a chave no cofre
enquanto posicionava a caixa no devido lugar. Adrian foi mais rápido e me pegou no momento
em que eu a guardava. Sua reação exagerada me deixou chateada. Após ser grosso e me
empurrar dizendo para que eu nunca mais mexesse em qualquer coisa de sua ex-mulher, ele
saiu do quarto deixando-me sozinha. Nem ao menos se despediu.
Assim que se foi, levei a mão ao bolso e retirei o envelope abrindo-o rapidamente.
Quando li o conteúdo, minha vontade foi de desaparecer.
Caminho até o quarto da Terry.
— Verônica? Achei que havia saído com Adrian – ela diz confusa.
— Não. Fiquei um pouco indisposta. Ele achou melhor que eu ficasse em casa.
— Hum – ela resmunga enquanto termina de arrumar as malas. — Droga! Lembrei que
preciso ir ao shopping. Preciso buscar uma encomenda antes de viajar.
Sento em sua cama e busco coragem para perguntar o que desejo saber.
— Terry, quanto tempo Adrian e Alana ficaram juntos?
Ela me olha surpresa e diz:
— Por que quer saber? Foi há tanto tempo.
— Adrian traía a Sara com ela?
— Não. De onde você tirou essa ideia? – ela perguntou pasma.
Peguei então o envelope e dei em sua mão.
— Leia.
Ela pega o envelope da minha mão, e diz:
— O que é isso?
— Leia – insisto.
Ela abre e logo vejo sua expressão. Está tão confusa quanto eu.
— Onde achou isso? - Ela se espanta.
— No cofre. Adrian abriu para pegar uns documentos e eu por curiosidade, acabei abrindo
a caixa de joias da Sara.
— Ele ainda guarda as joias dela?
— Sim. Mas não havia joias na caixa. Apenas isso. E também me disse que não mexeu nela
desde que Sara morreu.
— Isso faz sentido. Eu e Maria que nos desfizemos das coisas dela. Adrian certamente não
sabe da existência desse exame. Isso é impossível – ela diz atônita.
— Eu não sei mais o que pensar.
— Espere. Olhe a data – ela diz me mostrando a data do exame de gravidez da Alana.
— O que tem?
— Foi um dia antes de Sara viajar. Isso é muito estranho. Eu lembro que Adrian e Sara
brigaram, um pouco antes da viagem. Mas ele não sabia da existência desse exame. Alana
nunca esteve grávida.
— Então porque esse exame de gravidez está nas coisas dela?
— Acho que Alana tentou envenená-la contra Adrian. Ela sempre fazia isso. Eles sempre
viviam numa briga constante por causa dela.
— E por que isso? – pergunto ainda confusa.
— Não sei. Se Adrian não ficou sabendo, claro que na época, Sara deve ter descoberto que
era só mais uma tentativa desesperada dela de roubar o Adrian.
— E como ela pode ter descoberto isso num dia, Terry? Isso pra mim parece muito
estranho.
— Só temos um jeito de descobrir – Terry me olhou nos olhos. — Vamos à clínica. Ela é
bem perto do shopping aí já aproveito e pego minha encomenda.
— Então tá. Vou apenas tomar um café. Estou bem assim? – perguntei apontando para meu
jeans e minha blusa vinho.
— Está ótima. Já desço e te encontro no estacionamento.
Volto para o meu quarto, pego minha bolsa e saio.
Maria organiza a mesa e quando me vê, diz:
— Bom dia. Adrian disse que esteve indisposta.
— Sim – sorrio. — Já estou melhor. Não se preocupe. Apenas faminta – digo.
Maria coloca meu suco e me passa algumas torradas com geleia.
— Precisa se alimentar bem.
— Vou dar uma saída com a Terry e já volto – dou um gole em meu suco e ela me olha um
pouco desconfortável.
— Adrian pediu para que não a deixasse sair.
— Não sou uma garotinha de treze anos, Maria – resmungo terminando meu suco.
— Desculpe.
— Não se desculpe por isso. Adrian precisa aprender que as coisas não são como ele quer
– levanto e saio da cozinha com as torradas na mão.
No jardim em frente da casa, Terry me espera.
— Onde está o carro? – pergunto olhando em nossa volta.
— Iremos de táxi.
— Sério? Eu não tenho dinheiro – digo constrangida.
— Meu irmão é um idiota mesmo. Como deixa você assim?
— Na verdade, ele pediu para que Maria não me deixasse sair – dei de ombros.
— Adrian, às vezes, parece um homem das cavernas – ela diz e nós rimos.
Ficamos paradas na porta de casa até o taxi chegar.
Assim que ele parou, entramos e pedimos para que nos levasse até o shopping.
— Não quer passar na clínica primeiro? – digo.
— Não. Vamos ao shopping. Depois iremos tirar isso a limpo. É muito estranho Alana fazer
um exame de gravidez bem na clínica onde Sara trabalhava.
— Você está achando que…
— Ainda não estou achando nada – ela diz. — Vamos ver primeiro.
***
Chegamos ao shopping após quarenta minutos. Terry paga o taxista e saímos em direção à
entrada.
— Não vamos demorar muito. Vou, apenas, em duas lojas. Se quiser dar uma volta não se
prenda por mim – diz
— Na verdade, acho que vou dar uma passada em algumas lojas. Te encontro na praça de
alimentação – nos despedimos e seguimos direções opostas.
Caminho olhando as vitrines.
Depois de algum tempo, vou até a praça de alimentação e me sento esperando por Terry.
Olho em volta, apenas algumas pessoas. Há um cara sentado próximo a mim, falando ao
telefone. Só de olhá-lo me dá arrepios. Trajando uma jaqueta preta de couro, camiseta branca
e jeans. Ele é a única pessoa que usa óculos escuros aqui dentro.
— Vamos? – Terry aparece do nada me fazendo dar um pulo da cadeira.
— Nossa! Você me assustou – ri levando a mão no peito.
— Temos que ir. Vamos passar na clínica e descobrir alguma informação sobre esse exame.
— Então vamos – assim que me levanto o homem a nossa frente também se levanta olhando
em nossa direção.
— O que foi? – Terry pergunta. — Está com uma cara.
— Nada. – mas minha voz não é convincente.
Como Terry disse que a clínica fica a seis quarteirões, decidimos ir a pé.
Na metade do caminho, Terry me olha e diz:
— Conhece aquele homem?
— Que homem? – pergunto assustada.
— Tem um cara de jaqueta de couro e jeans atrás de nós. Tenho a impressão que está nos
seguindo – ela desvia o olhar em direção ao homem que havia visto no shopping.
— Eu não o conheço. E para falar a verdade, ele me dá medo – respondo insegura.
— Falta pouco. Vamos andar mais rápido – ela segura minha mão e praticamente me
arrasta.
Assim que chegamos ao centro médico, fico intrigada.
— Centro Médico Bawer? – olho para ela. — Adrian nunca me disse que eles tinham um
centro médico.
— Ah não. É dos pais da Sara. Ela trabalhava aqui também. Por isso estou desconfiada.
Alana odiava Sara. Com tantos lugares, por que ela tinha que fazer um exame de gravidez
exatamente aqui?
— Não sei – sussurro. — Está vendo aquele homem? – pergunto olhando ao nosso redor.
— Não. Acho que o despistamos. Ou estamos ficando paranoicas – ela ri.
— Talvez. Vamos.
Entramos no centro médico e Terry foi direto a recepção do laboratório.
O lugar era amplo e muito sofisticado.
— Boa tarde. Gostaríamos de uma informação – Terry disse para a recepcionista bem
trajada.
— Sim, em que posso ajudar?
— Eu tenho um exame de uma paciente e gostaria de atestar a veracidade dele.
— Desculpe senhora. Não damos esse tipo de informação.
— Olha precisamos saber se uma paciente fez um exame de gravidez um ano atrás. Tenho-o comigo aqui, só preciso que a senhora veja e que…
— Desculpe. Não posso dar esse tipo de informação – a recepcionista diz e Terry fica
furiosa.
— Saco! – ela resmunga. — Onde está o diretor dessa merda? – ela grita com a moça.
— Pare Terry. Vamos. É melhor irmos – digo tentando acalmá-la.
— Tudo bem. Vou ver se descubro de outro jeito.
— Como?
— Com os pais da Sara. Eles são os donos, acho que podem ajudar – ela diz e saímos da
clínica. ― Não conte nada para o Adrian por enquanto – ela pede.
— Não sei não, Terry. Não quero esconder nada dele.
— Espere um pouco. Se não conseguirmos descobrir, aí falamos para ele.
— E se ele sabia disso?
— Vai por mim, ele não sabia.
Ao colocarmos os pés na calçada, meu coração gela e me paraliso.
— O que foi? – ela pergunta.
— Oh meu Deus! É o Charles! – sussurro assustada.
— Charles? Onde? Cadê?
Volto imediatamente para dentro do centro médico e Terry fica agitada.
— O que ele está fazendo aqui?
— Não sei. Mas tenho a impressão que não é para me dizer oi – respondo e percebo que
estou tremendo.
Na mesma hora, Terry tira o celular da bolsa e disca.
— Vou ligar para o Jonas.
— Não! – suplico. — Liga para seu irmão. Ele vai nos matar de qualquer jeito, mas pelo
menos, sendo ele, a bronca será mais leve.
— É. Tá legal – ela concorda.
Enquanto ela liga, eu rezo para que Charles não tenha me visto entrando na clínica.
Terry desliga o telefone e diz:
— Adrian tá uma fera. É melhor combinarmos algo para que ele não nos mate – ela diz
guardando o telefone na bolsa.
— Droga! O que vamos dizer a ele?
— Eu assumo a bronca. Pode deixar. Digo que eu insisti para que viesse comigo.
— Mas não é verdade – argumento.
— Você pode falar a verdade para ele se quiser. E, ter sua cabeça arrancada, porque ele
vai ficar puto quando souber que estamos aqui vasculhando a vida da Sara e da Alana.
— É você tem razão.
— Fingi que está passando mal, aí ele não briga com você.
— Quanto tempo até ele chegar aqui? – pergunto nervosa.
— A Miller´s é aqui perto. Deve estar chegando.
Passando-se alguns minutos, o telefone de Terry toca.
— Alô – ela diz. — Estamos na recepção do centro médico... Tá, ela está bem, ela
desmaiou, mas já está bem…
— Terry! – exclamo. Que louca. Agora que ele me mata mesmo.
— Ele está entrando – ela diz e logo vejo um Adrian furioso passando pela entrada da clínica e ao seu lado, Jonas. Puta que pariu.
Adrian segue em minha direção olhando diretamente para mim com seus olhos obscuros.
Está visivelmente nervoso.
— Verônica! – ele me abraça e me beija. — Está bem? Está se sentindo bem? – ele
pergunta alisando meu rosto e me olhando atentamente.
— Estou – digo e ele me abraça novamente. Ao nosso lado, Jonas discuti com Terry.
— Vamos pra casa – diz pegando em minha mão. — E você Terry, terá que me explicar
direitinho o que fazem aqui.
— Adrian nós só estávamos…
— Você não, Verônica. Terry está cansada de saber que não queria que saísse de casa,
porra!
— Não grite com ela. Ela só está aqui porque eu insisti para que me acompanhasse – Terry
resmungou.
— Fique quieta, Terry – Jonas disse tentando conter sua irritação.
— Em casa, Terry. Em casa conversamos – ele diz e nós saímos da clínica.
Vejo que o Bentley ainda está estacionado do outro lado da rua. Só que agora, Charles está
encostado no capô, vestido em seu terno preto apenas nos observando. Quando meus olhos se
encontram com os dele, ele sorri fazendo com que meu corpo inteiro se arrepiasse de medo.
Adrian o vê, solta minha mão e vai até ele.
Meu coração se aperta em pensar que Charles pode fazer algo terrível com Adrian neste
exato momento. Mas, para meu total alívio, apenas trocaram algumas palavras que não pude
ouvir e então, Charles se virou entrando em seu carro, partindo rapidamente.
Adrian volta em direção ao carro desnorteado. Abre a porta e entra.
Fizemos o trajeto inteiro sem falarmos uma só palavra. Pela sua expressão, se eu ousasse
falar algo, estaria perdida.
Ao entramos em casa, vou direto para o jardim. Max, ao me ver, corre e se aninha em
minhas pernas. Sento na grama e o abraço.
— Adrian está furioso com vocês – uma voz soa atrás de mim e ao me virar, vejo Jonas.
— Onde ele está?
— Num quebra pau com a irmã – ele diz chateado. — O que foram fazer lá?
— Nada – digo, mas não fui convincente o bastante.
— Charles é perigoso, Verônica. Precisa se manter afastada dele.
Levanto-me do chão e digo:
— Ele não é perigoso, Jonas. Apenas cismou que sou dele.
— Ele é perigo sim. Eu sou totalmente contra Adrian mantê-la no escuro – ele diz irritado.
— Como assim? O que Adrian está escondendo? – pergunto.
— Precisa falar com ele. Eu prometi que não contaria. Mas acho que você deve saber.
Adrian está em terreno perigoso. Está se expondo e expondo você para um lunático – diz
saindo em direção à porta da sala.
— Ei! Jonas! – grito, mas ele continua a andar ignorando meu chamado.
O que ele quis dizer com tudo aquilo?
Caminho para dentro da casa. Na sala, Terry e Jonas conversam.
— Onde está Adrian?
— No quarto. Mas se eu fosse você, não iria lá agora. Ele é péssimo em tentar manter o controle – ela diz e eu sorrio.
— Eu sei lidar com ele. Fique tranquila – respondo e vou para o nosso quarto. Encontro
Adrian sentado na cama já sem sua camisa, apenas de calça. Ele me olha e percebo o quanto
está contrariado.
Ele me olha e diz:
— Vou esperar que você me diga o que foram fazer naquela clínica. E não venha com a
mesma desculpa esfarrapada da Terry de que você passou mal. Eu não sou um idiota – ele diz
ainda furioso.
— Fomos ao shopping. Terry queria pegar algumas coisas antes de viajar. Depois saímos e
caminhamos pela rua. Quando percebi que estávamos sendo seguidas, entramos na clínica e te
ligamos.
— Só?
— Só.
— E agora você vai me dizer que ser seguida no meio da rua é normal – diz entredentes. —
Eu disse para você não sair de casa. E aí, eu vou trabalhar e você faz exatamente o que eu
falei para não fazer – ele se altera.
— O que você está escondendo de mim? Não entendo essa reação exagerada.
— Ah você não entende minha reação exagerada? Minha mulher quase é pega por um
maníaco que gosta de espancar e matar mulheres e minha reação é exagerada? – ele pergunta
com ironia.
— Olha, Charles é esquisito sim, mas ele não iria me matar! – exclamo. — Ele tem hábitos
estranhos, mas jamais me mataria.
— Jamais te queimaria viva e nem te jogaria no fundo de um rio também – ele perde o
controle me assustando.
— O que disse?
— Isso que você ouviu. Charles não é apenas um louco. Ele é um psicopata, assassino e
está obcecado por você.
— Está exagerando, Adrian. – digo e no fundo, sei que ele não está errado, mas não quero
que Adrian perceba o quanto Charles me assusta.
Ele se aproxima de mim e diz friamente:
— Não estou. E, da próxima vez que ele ousar em chegar perto de você, a surra que ele irá
levar não deixará nenhum osso do corpo dele inteiro – esbraveja.
— Você deu uma surra nele?
— Mandei dar – diz na maior naturalidade.
— Está louco? – pergunto indignada. — Deve ser por isso que ele está no meu pé. Não
deveria ter mexido com ele.
— Você queria que eu tivesse feito o que? Olha o estado em que ele te deixou. Por mim,
teria matado o filho da puta.
— Pra isso existe a polícia, Adrian. Melhor registrar uma queixa. Assim ele não poderá
chegar perto de nós.
— Você disse que havia um homem perseguindo vocês. Quem era?
— Não sei. Também não sei dizer se estava nos perseguindo.
— Consegue descrevê-lo?
— Acho que sim – respondo.
— Não estamos mais seguros aqui, Verônica. Se esse cara seguiu vocês, ele já sabe onde
moro. Você tem que permanecer dentro de casa, entendeu?
— Entendi – digo. — O que vocês conversaram quando foi até o carro dele?
Adrian me olha cauteloso.
— Eu disse que se ele chegasse perto de você, eu o mataria.
— E ele?
— Que esperaria o momento certo. Que a qualquer momento eu iria dar um vacilo e então,
ele pegaria você – percebo o quanto isso o amedronta.
— Ele não faria isso sabendo que você poderia entregá-lo a polícia.
— Ah claro. Ele pegaria você e me deixaria vivo para contar história. Acorda Verônica –
falou.
— Não acredito que ele seria capaz de...
— Amanhã, iremos à delegacia. Vamos registrar uma queixa contra ele. Eu estou cheio de
problemas, vou tomar um banho, preciso pensar e vou dormir um pouco. – ele diz e sai em
direção ao banheiro trancando a porta deixando-me sozinha.
Se Charles está colocando pessoas para me seguir, eu preciso despistá-los. Mas como?
Vou até o quarto da Terry. Bato na porta e depois de alguns segundos, ela atende.
— Está viva? – ela ri.
— Ele está uma fera. Mas acho que tem mais coisa por trás dessa irritação dele – vejo que
Terry fica desconfortável.— Você sabe de alguma coisa? Jonas falou pra você?
— Não – ela diz.
Suspiro fundo e sento em sua cama.
— Eu preciso de um disfarce.
Ela me olha e ri.
— Pra que precisa de um disfarce?
— Se o Charles mandou me seguir, é porque as pessoas que estão me seguindo me
conhecem. Preciso mudar. Preciso ganhar tempo até tudo isso acabar.
— Entendi. Corta o cabelo curtinho – ela diz.
— Não! Que horror – nós duas rimos.
— E se você pintar o cabelo? Você é morena. Se ficar loira irá confundi-lo – ela diz me
olhando com cautela.
— Está louca? Vou ficar a cara daquela defunta e…
— Ei! Pode parar. Adrian ama você. Não vai se importar com a cor do seu cabelo,
Verônica.
— Você acha mesmo? – pergunto indecisa.
— Tenho certeza. Vou ligar para uma farmácia. Peço uma tinta, alguns pós descolorante e
pronto – ela diz pegando o telefone.
— Sabe fazer isso?
— Pra tudo na vida se tem a primeira vez – ela ri.
***
Após meia hora, chega nossa entrega.
— Vamos para o salão de jogos. Lá é mais escondido e tem um banheiro onde você pode se
lavar – ela diz. Passo em meu quarto e pego outra roupa. Adrian ainda está no banho. Quando
saio com minha calcinha e vestido na mão, seguimos até o salão.
Enquanto Terry descolore meus cabelos, eu rezo para não ser morta por Adrian. Ele vai
odiar.
Sentamos no sofá e ficamos conversando até dar o tempo necessário.
— Acho que já pode lavá-lo. Já está bem claro – Terry comenta.
— Vou lá ver o que deu. Me espere – digo.
Termino de tirar todo o produto, seco com uma toalha.
— Nossa! Está ótima. Me deu até arrepios agora – Terry me encara com olhos arregalados.
— Venha. Vou secar seu cabelo.
Saímos do salão 20 minutos depois. Encontramos Maria na cozinha ela me olha petrificada.
— Calma, é só a Verônica – Terry diz e eu sorrio dando de ombros. ― Devíamos ter
escolhido Ruivo. – e cai na gargalhada.
— Vocês duas são loucas? Se, querem matar o Adrian essa é uma péssima ideia. Ele vai
matar as duas antes – ela diz irritada.
— Relaxa – Terry diz dando um beijo em seu rosto.
— Adrian estava te procurando. Veio aqui pegou uma garrafa de vinho e subiu pro quarto –
Maria diz ainda irritada. — Olha lá o que as duas vão aprontar.
Subo as escadas e rezo para que Adrian não caia duro para trás.
Entro no quarto e o vejo apenas de cueca boxer branca, de costas, na varanda,
contemplando a paisagem, com uma taça de vinho em sua mão. Fico insegura. Como será que
ele irá reagir?
Reúno toda a minha coragem e sigo até ele.
Antes que eu pudesse chegar até à varanda, ele se vira para retornar ao quarto. Quando me
vê, fica mais branco do que um papel.
— Jesus! – diz deixando cair a taça no chão que se espatifa em milhões de pedaços. —
Fique onde está – ele diz espantado.
— Adrian – digo apavorada em ver o medo estampado em seu rosto.
— Sara? – ele sussurra.
Não acredito que ele crê em fantasmas. Reviro os olhos.
— Adrian, sou eu. Verônica – me aproximo, mas ele recua atordoado.
— O quê vo-você fez? – ele gagueja. — Que merda é essa? Fizeram um remake do meu
passado e jogaram aqui? No meio do quarto? – ele diz visivelmente inconformado.
— Eu fiquei com medo depois que fomos seguidos e resolvi mudar o visual – disse dando
de ombros.
— Mudar o visual? – ele grita. Lá estava o velho e ranzinza Adrian Miller outra vez. —
Deveria ter pintado de verde ou azul, sei lá – diz agachando para pegar os cacos de vidro.
— Isso te incomoda? – pergunto.
— Muito – desiste de pegar os cacos e solta um suspiro. — Não me traz boas recordações,
Verônica. Ainda mais, sabendo que está grávida e está com... Com... A cara dela – ele diz
fazendo gestos apontando para meu rosto.
— Achei que não se importaria. É só um cabelo. – digo chateada.
Ele se aproxima, me enlaça em seus braços e me beija. Quando se afasta, olha em meus
olhos e diz:
— Eu amo você, Verônica. Somente você. Mas eu quero saber... Quando vou ter a minha
mulher de volta? – ele diz.
— Falando assim, até parece que se apaixonou pelos meus cabelos – digo e solto uma
gargalhada fazendo-o sorrir.
— Foi mais ou menos isso – ele diz brincalhão. — Você poderia ter me ligado e dito:
“Querido eu pintei o cabelo de loiro. Evitaria meu quase infarto” – ele diz alisando meus
cabelos recém pintados.
— E perder de ver a sua cara de quem viu um fantasma? – gargalhei. — Ai meu Deus!
Desculpe. Juro que foi sem q... – ele me silenciou com um beijo me arrastando para a cama.
— Acho que vou ter que punir você por ter sido má. Muito má – leva sua mão por baixo do
meu vestido e num movimento rápido desliza minha calcinha por entre minhas pernas.
Eu já conseguia sentir seu membro duro, roçando em minha coxa.
— Nossa viagem está marcada para amanhã. Mas antes, vamos para Las Vegas – sussurra
em meu ouvido.
— Las Vegas? O que faremos em Las Vegas? – pergunto confusa enquanto suas mãos
passeiam em meu corpo.
— Casar. Iremos nos casar – ele sorri e me beija.
Acho que acabei com a sanidade deste homem.

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