Verônica S. Miller
“Droga, Terry... Onde você está?” – sussurro, para mim mesma, procurando-a por toda a
parte da imensa casa.
Vejo Jonas logo à frente conversando com Tony, então me aproximo.
— Jonas, você viu a Terry por aí?
— Ela estava te procurando há alguns minutos – ele diz.
— Eu a vi indo em direção ao salão de jogos. Ela e Alana – Tony diz e fico apreensiva.
“Droga! Terry vai fazer alguma merda!”.
Volto para o quarto. Preciso buscar o exame, pois não tive como pegar com Adrian lá. O
encontro dentro da minha bolsa e saio rapidamente com ele em minhas mãos. Vou à procura de
Terry na sala de jogos. Quando entro, vejo-a junto com Alana, em uma briga descontrolada.
— Você é uma fedelha drogada. Nem sua mãe te suporta garota – Alana diz debochando
dela.
— Retire o que disse sua vaca mal amada – parto para cima dela, mas sou contida por
Terry.
— Verônica, não! – ela me segura.
— Não o que Terry? Essa mulherzinha já encheu minha paciência – me enfureço.
— Se encostar um dedo em mim, juro que irá se arrepender – Alana diz entredentes. —
Não sei o que Adrian viu em você. Uma cópia mal feita daquela sonsa ladra de homens.
— Seria interessante saber o que Adrian irá pensar ao seu respeito, Alana, quando ele
souber que envenenava a Sara contra ele – Terry diz.
— Nunca precisei. Sara era uma louca paranoica.
— Talvez ela tenha ficado com esse exame de gravidez que recebeu um dia antes dela
morrer, não? – digo balançando o envelope para que veja. — Pelo que sabemos ninguém
nunca soube que esteve grávida. Então, presumimos que você tenha forjado esse exame e
entregue para ela só para que ela deixasse o caminho livre pra você. Mas como ela morreu
antes não teve tempo para contar pra ninguém, não é mesmo? Assim, você não precisou ir
adiante com sua farsa. Achou que depois que ela morresse, Adrian iria correndo para seus
braços – digo e ela empalidece. — Como é descobrir que depois de tanta armação, ele nem
sequer olha pra você? E mais, preferiu a mim, uma cópia mal feita, a você – cuspo tudo o que
está entalado em minha garganta e, ela avança em mim.
— Me dá isso – ela grita desesperada puxando meus cabelos tentando pegar o envelope da
minha mão.
— Me solta sua vaca! – grito e Terry tenta nos separar. Empurro-a para longe e o olhar dela
se transforma.
— Acha mesmo que pode fazer ele te amar? Olha pra você, não passa de uma prostituta
barata que ele contratou numa esquina qualquer – ela diz e perco o controle partindo para
cima dando tapas em sua cara. Ela tenta se defender de meus ataques e Terry segue tentando
nos separar desesperada.
— Mas que porra é essa? – ouço o grito enfurecido de Adrian que vem nos separar. Ele se
coloca entre eu e Alana gritando como um louco. — Parem com isso agora!
Quando ele nos separa, Alana dá uma de vítima.
— Sua mulher é uma louca. Partiu pra cima de mim sem eu ter feito nada – ela diz e eu
tento avançar nessa sonsa.
— Pare! – ele me segura.
— Não está vendo o que ela quer? É isso que ela quer Adrian. Essa vaca desgraçada quer
nos separar – grito e Adrian fica puto.
— Adrian, foi Alana quem começou e...
— Cala a porra da boca Terry – ele grita com a irmã.
— Não acredito que vai ficar ao lado dessa mulherzinha – digo e meus olhos enchem de
lágrimas.
— Eu disse para calarem a boca – ele grita mais uma vez e ficamos em silêncio. — Que
merda! Até que ponto chegaram...? Isso é ridículo, Verônica – ele diz enfurecido e olha para o
envelope em minhas mãos. — O que é isso? – pergunta retirando o envelope de minhas mãos
com violência.
— Eu só queria arrancar a verdade dessa dissimulada.
— Adrian não é o que está pensando... Eu só...
— Mandei calar a boca – ele olha para Alana que se retrai.
— O que está acontecendo aqui? Meu Deus! Escutei os berros do jardim – Nora entra no
salão me deixando ainda mais nervosa.
— Sai daqui mãe. Agora não – Adrian diz com os olhos vidrados no exame de gravidez de
Alana.
— Mas que porra é essa? – ele sussurra assustado olhando para nós.
— Isso, é um exame de gravidez que essa sonsa entregou para Sara um dia antes dela viajar
dizendo que estava esperando um filho seu. Ela queria que a Sara deixasse você – Terry diz e
Adrian fica petrificado.
— É me-mentira Adrian. Eu não conheço isso e você mesmo sabe que isso se-seria
impossível – Alana diz gaguejando. — A Sara deve ter feito isso, sei lá. Nunca vi esse exame
na minha vida.
— Mas é claro que é impossível – Adrian a olha. — Onde achou isso, Terry? – ele
pergunta para a irmã.
— Eu achei – digo e ele me olha indignado.
— Achou como? Quando?
— Encontrei o envelope na caixa de joias da Sara naquele dia e acabei lendo o conteúdo
do envelope. Então, descobri isso e mostrei para Terry – digo.
— Ah, você mostrou para Terry? Para Terry? – ele grita me assustando. Todas me olham e
vejo a satisfação na cara de Alana e Nora.
— Adrian eu só queria...
— Só queria o que, Verônica? Vai me diga! O que você queria? – ele grita enfurecido me
deixando nervosa.
— Eu só queria desmascarar essa vadia. É isso. Só queria mostrar que ela não presta, que
é uma mentirosa...
— Pelo visto, não é tão diferente dela, não é? Você também mentiu pra mim. Então era isso
que faziam na clínica aquele dia? – Ele ironiza me deixando chateada. — Está há três dias
com isso e pensou em me contar quando?
— Eu ia te contar Adrian – digo e odeio que todas me vejam chorar.
— Achei que confiava em mim, Verônica. Que não houvesse segredo entre nós. Você estava
querendo a prova de que isso aqui era verdade? É isso? Sara que era assim como você.
Sempre com mania de achar que Alana conspirava em tudo de ruim que acontecia com a gente.
Mesmo isso sendo verdade ou não, deveria ter vindo a mim. Deveria ter me perguntado – ele
diz com fúria.
— Você está defendendo ela – digo visivelmente abalada.
— Eu não estou defendendo ninguém – resmunga. — Estou dizendo a você o que eu
esperava que fizesse. Mas, pelo visto, você não está nem aí pra mim. Fica nessa fixação igual
a Sara ficava.
— Não me compare a ela – grito apontando o dedo em sua cara e enxugo minhas lágrimas
que teimam em cair.
— Está sendo injusto, Adrian – Terry diz. — Alana inventa um exame de gravidez, faz com
que Sara acredite que a traía com ela e elas é que são loucas e paranoicas? Se eu fosse a
Verônica, seu babaca, daria um pé na sua bunda – ela diz saindo irritada.
— Eu juro Adrian. Eu nunca faria isso. Jamais faria um exame de gravidez e entregaria
para Sara. Se ela contasse pra você, já saberia que seria mentira, não teria o porquê eu ter
feito isso. Sabe que Sara sempre me perseguiu – Alana desembesta a falar e fico puta da vida
com sua cara de pau.
— Quer saber... Pra mim já deu toda essa encenação ridícula dessa vadia – digo olhando
para ele. — Fique aí, acredite nas mentiras dessa louca. Porque se tem alguém aqui com
fixação, é ela por você, que não aceita que jamais irá amá-la – digo e vejo o ódio no olhar
dela.
— Você não é e nunca será a mulher certa pro meu filho – Nora diz na minha cara e eu
rebato:
— Não estou nem aí para o que você pensa – digo. — A minha sorte, é que meu filho não
tem o mesmo sangue que você.
— Filho? Que filho? – ele me olha espantada.
— Verônica... – Adrian me alerta.
— Acho que agora deve ser uma boa hora para contar pra sua família que você será pai. Já
que não gosta de mentiras, podemos colocar tudo às claras – digo com raiva.
— Como assim, grávida? – Alana pergunta atordoada.
— Isso se esse filho for mesmo do meu filho, tendo em vista seu currículo enorme – Nora
diz me insultando.
— Não admitido que fale com ela desse jeito – Adrian eleva a voz.
— Ela é uma prostituta, filho. Quem garante que esse filho seja seu?
— Cala a boca – eles discutem.
— Abra os olhos, filho. Essa mulherzinha está te enganando. Será que não percebe? Digo
isso porque só quero seu bem. Te ver feliz, porque eu te amo – a velha se faz de vítima.
— Como você ama a Terry? Cai na real. Você só ama a si mesma – Adrian diz e começam a
discutir. Começo a me sentir mal. Estou um pouco tonta e preciso sair daqui antes que eu
enlouqueça. Seco minhas lágrimas e saio do salão deixando todos para trás. Não vou ser
humilhada por uma velha ridícula e uma vagabunda de quinta.
Cruzo o jardim e tento manter a respiração, mas não consigo conter o nó entalado em minha
garganta. Não fico mais nenhum minuto nessa casa.
Logo à frente, vejo Jason seguir em minha direção rapidamente com um olhar preocupado.
Ele me alcança no momento em que começo a vomitar.
— Hei, linda! O que houve? – ele pergunta enquanto segura meus cabelos. Sinto-me tonta e
me desequilibro em seus braços. — Venha, sente-se aqui – ele diz colocando-me sentada na
espreguiçadeira na beira da piscina. Ele gesticula para alguém e ouço pedir um copo com
água.
— Eu estou bem Jason – digo ainda me sentindo mal.
— Claro que não está – diz se agachando em minha frente. — Quer me contar o que
aconteceu? Precisa que eu chame um médico? – ele me olha. Seus olhos azuis intensos me
dizem que está realmente preocupado.
— Foi só uma indisposição. Já vai passar – digo e ele enxuga minhas lágrimas teimosas.
— Você está pálida e gelada – ele me analisa.
— Eu estou bem, Jason. Obrigada – sussurro.
O garçom aparece e Jason pega o copo na bandeja.
— Aqui. Beba um pouco. Ficará melhor.
Seu jeito todo atencioso me comove.
Bebo pequenos goles e quando termino, vejo Adrian parado bem atrás dele. Sua expressão
me deixa amedrontada.
Adrian o pega pelos colarinhos e antes que eu consiga me levantar para impedir o que está
por vir, Jason leva um soco bem no meio da cara.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Somente Seu
Chick-LitHoje faz uma semana que Adrian e eu nos separamos. Desde que saiu do meu apartamento, não voltou a me procurar. Acho que ele realmente desistiu de mim. Fiquei trancada em casa todos esses dias, procurando uma forma de resolver minha vida. Eu precisa...