capítulo 22

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Adrian Miller
Alguns minutos antes...
Verônica já está me irritando com essa exposição exagerada ao lado desse filho da puta.
Pego mais um copo de uísque e já nem consigo me lembrar quantos copos já bebi só tentando
me acalmar para não cometer um homicídio na frente de todos. Vê-lo assim, tão próximo a ela,
me faz lembrar de Nova Iorque e eu odeio essa sensação de que aconteceu algo entre os dois.
Tenho vontade de ir até lá, quebrar a cara dele. Socá-lo até ver a última gota de sangue
escorrer de seu corpo.
— Noite ruim? – Albert pergunta me tirando de meus devaneios assassinos.
— Ruim? – sorrio fracamente. — Minha noite está um pesadelo.
— Mulheres! – ele ri.
— E Amélia? – pergunto sem muita curiosidade.
— Está conversando com algumas amigas – ele diz bebendo um pouco de seu drink.
Olho para Verônica dançando com Jason e o vejo abaixar a mão até sua bunda sussurrando
algo em seu ouvido. Imediatamente fico ávido de ódio e minha expressão muda.
— Vou matar aquele desgraçado! – digo furioso.
Albert ri e diz:
— Jason está fazendo isso apenas para te irritar. Quer um conselho? Vai dar uma volta e
esfrie a cabeça. Quando sua mulher estiver longe dele, seja homem e mostre a ela quem manda
– ele diz numa facilidade que me deixa pasmo.
— Não sou um homem das cavernas, Albert. Mas nesse momento tenho vontade de matá-lo
na frente de todos e arrastá-la pelos cabelos até o quarto para dar uns bons tapas em sua bunda
– digo irritado e ele ri mais ainda.
— Você é bem parecido comigo. Eu já teria feito isso há séculos – ele diz. — Mas sabemos
que isso seria um escândalo, então, esfrie a cabeça e tome conta da sua mulher direito. Se
estivesse ao lado dela, ela não estaria nos braços dele – ele conclui me dando tapas no ombro
e sai.
Tento me manter calmo, mas é impossível. Prefiro sair daqui senão sou capaz realmente de
matar os dois.
Vou andando entre os convidados e chego até a sala.
Eu estou puto em ter que ver aquele desgraçado do Jason jogando charme para cima da
minha mulher. Maldito! Eu ainda quebro os dentes dele. Vamos ver se ele conseguirá sorrir
outra vez. Subo as escadas cuspindo fogo. Passo pelo corredor e sigo direto para o meu
quarto. Assim que abro a porta, vejo Alana sentada em minha cama. Essa é outra que não
desiste. Que saco!
— O que faz aqui? – pergunto irritado.
— Tem certeza de que não sabe? – ela me olha de um jeito sínico. Prefiro acreditar que
você não é tão idiota assim – ela diz levantando-se e vindo em minha direção.
— E eu prefiro acreditar que você não é uma vadia – ironizo, mas ela não se sente afetada.
— Eu quero você Adrian. Sempre quis. Eu costumo ter o que eu quero. – ela agarra minha
gravata. ― Você era meu antes da sonsa da Sara te roubar de mim. E será meu agora. Não vou perder você para aquela cópia mal feita – ela diz e começo a rir.
— Você é patética, Alana. Completamente descarada. Sou casado e não tem nada que você
possa fazer contra isso.
— Será que não mesmo? – ela diz com sua boca bem perto da minha e dá um sorriso
diabólico. — Pra tudo na vida se arruma um jeito, Adrian. Sou paciente. A espera irá valer a
pena – ela diz saindo do quarto me deixando sem fala.
Desde quando ela ficou tão atrevida?
Não posso mais mantê-la na empresa. Assim que chegar ao Brasil, darei um jeito de
demiti-la. Quero ela bem longe da Verônica e do meu filho.
Apago a luz do quarto e vou até a varanda tomar um ar. Olho para baixo e vejo os
convidados animados conversando e bebendo alheios a tudo. Eu não deveria ter vindo nessa
maldita festa. Mas como eu iria saber que Alana e Jason iriam estar aqui? Se eu soubesse,
jamais teria vindo.
Enquanto vejo todos atentamente se divertindo, a luz do quarto se acende e vejo Verônica
entrar. Ela caminha até o closet e procura algo entre suas coisas.
— Cansou? – pergunto caminhando até ela que me olha assustada.
— Não sabia que estava aqui – ela responde.
— Claro que não. Passou tempo demais ao lado daquele idiota para reparar o que se
passava ao seu redor – digo irritado.
— Olha Adrian, não estou a fim de brigar, então... – ela diz dando as costas para mim e eu
fico puto.
— Não me dê as costas, Verônica – digo segurando-a pelos braços. — Sabe que eu odeio
aquele sujeito e você faz questão de me irritar estando ao lado dele – digo elevando a voz.
— Engraçado... Agora que a situação é inversa, você tem direito de ficar aí todo bravo. E,
quando eu questiono sua aproximação com aquela cobra, eu sou a louca ciumenta. Como se
sente agora? – ela pergunta irritada e entendo completamente o que ela quer fazer. Me deixar
louco.
— Você deixa aquele filho da puta se aproximar de você só pra me deixar puto? – pergunto
indignado.
— Claro que não. Jason e eu somos amigos – ela diz na maior cara de pau.
— Amigos? Amigos? – me irrito. — Aquele cara quer foder você e, você aí me fazendo
acreditar em “somos apenas amigos”. Conta outra – digo entredentes elevando ainda mais a
voz e ela estremece.
— Não grita comigo. Não tem o direito de fazer essa cena ridícula. Assim como você diz
que não tem nada com a Alana, eu também não tenho nada com o Jason.
— É diferente, você sabe disso – digo exasperado. — Você é minha mulher. Não quero vê-
la se esfregando com outro por aí. Eu não sei o que aconteceu entre vocês naquela viagem,
mas desde Nova Iorque que ele te persegue. Só que agora é diferente você é minha, e se
continuar dando mole pra ele eu...
— Não viaja, Adrian. Sabe que nunca tive nada com ele – ela me corta aos berros. —
Agora o ciumento e paranoico está sendo você – ela conclui e se afasta saindo em direção à
porta.
Vou atrás dela que anda a passos largos, irritada.
— Verônica! Verônica! – grito indo atrás dela. — Eu ainda estou falando com você – digo enquanto ela desce as escadas rapidamente e sai pela porta da sala indo para o jardim.
Tento alcançá-la.
— Verônica! Verônica! Droga! – praguejo.
Ela cruza o jardim parando bem próximo de alguns garçons. Ela pega um copo com uísque
e quando o leva até a boca para beber eu o retiro dela jogando o copo tão longe que nem vejo
onde caiu.
Ela me olha com os olhos lacrimejados, emburrada por ter derramado um pouco de bebida
em seu vestido.
— O que pensa que está fazendo? Você está grávida, merda! – grito furioso. — Sabe que
não pode beber.
— Você me deixa nervosa, Adrian – ela resmunga.
— Você também me deixa.
— Eu só quero ter um pouco de paz. Não quero ter que olhar para aquela velha maldita me
regulando e me lembrando o tempo todo de que não sou boa o bastante pra você. Não quero
ter que cruzar com a Alana se oferendo como uma vagabunda, todas às vezes que estou perto,
só pra fazer com que briguemos – ela diz com a voz embargada.
— Você não conversa comigo, porra! Prefere agir como uma criança mimada me dando as
costas todas às vezes que me aproximo.
— Porque você Adrian, às vezes é um idiota – ela diz e as palavras me afetam. Ela me olha
por alguns segundos e se afasta de mim. Dessa vez, não a sigo. Ela está chateada e não quero
perder o controle brigando com ela.
— É, noite ruim é apelido – Albert surge como uma sombra rindo da minha cara.
— Vai ficar me seguindo a noite toda só pra me zoar? Pergunto olhando para ele.
— Não tenho nada melhor pra fazer – ele diz. — Pegou leve com ela. Ela te chamou de
idiota e você não fez nada. Tá ficando mole garoto.
— Uma vez eu perdi o controle com ela e acabei a machucando. Prometi a mim mesmo que
jamais encostaria nela de novo. O mais engraçado, é que foi pelo mesmo motivo – digo dando
um suspiro pesado.
— Jason? – ele pergunta.
— Esse cara é um encosto.
— Ele é um cara insistente. E se você não tomar cuidado, ele te passa a perna e rouba a sua
mulher.
Fico pensativo.
— Ela está grávida, Albert – sussurro olhando para sua reação perplexa.
— Como assim, grávida? Grávida? Desde quando?
— Soubemos a pouco tempo. Ainda está no começo. Não sei ao certo, mas acho que deve
estar com uns dois meses agora – falo sorrindo.
— Por que não contou para sua família?
— Eles não gostam dela. Minha mãe a odeia e faz questão de nos atrapalhar. Estamos com
medo da reação deles e ela não pode ficar nervosa. Não quero que nada aconteça com meu
filho.
— Você a ama?
— Muito. Não consigo mais viver sem ela, Albert – digo com sinceridade.
— Sabe garoto, estou feliz por você. Feliz em saber que reconstruiu sua vida depois de tudo que passou – Albert diz e sinto uma diferença na forma em que fala comigo.
— Por que nunca quis ter filhos, Albert? Já é casado há tantos anos com a Márcia e nunca
teve vontade de ter filhos?
— Márcia não pode ter filhos – diz entristecido e abaixa a cabeça.
— Não sabia disso. Achei que não gostava de crianças – digo. — Apesar, que desde
quando era criança, sentia que você me amava mais do que meu próprio pai – digo e ele abre
um sorriso meio tenso.
— Sou seu padrinho. Claro que o amo como se fosse um filho.
— Como sabe, nunca conheci meu pai biológico. Mas se quer saber, ele nunca me fez falta,
pois sempre tive você e meu pai ao meu lado me dando conselhos e fazendo de mim o homem
que sou hoje. Acho que se não fosse por vocês, eu não teria a mesma vida se continuasse com
aquela mulher horrível.
— Mas isso é passado. O que importa é que está feliz – ele diz e me dá um abraço
apertado. — Pode deixar que não vou contar sobre seu filho. Mas Adrian, uma hora eles terão
que saber. Fico feliz por ter me dito. Ter confiado em mim.
— Eu sei – sorrio e então, ele caminha para longe e o sigo com os olhos até vê-lo dar um
abraço em Amélia.
Preciso encontrar a Verônica e ver se ela está bem.

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