capítulo 21

75 10 0
                                    

Verônica S. Miller
Ando por todos os cantos e não vejo Adrian. Pode até parecer coincidência, mas também
não vejo aquele vodu magricelo da Alana.
Passo por alguns convidados e vejo Sr. Rômulo com amigos e Jason ao seu lado que me
olha e dá uma piscadela de matar. Fico sem graça, pois Albert, claramente, o viu jogando
charme para meu lado.
Continuo minha busca por ele e começo a ficar insegura só de pensar que ele pode estar
com ela. Não sei como ele não percebe a vaca que ela é.
— Se está procurando seu marido, deveria ir até o escritório. Ele está lá, com Alana – a
velha rabugenta diz surgindo do nada como uma aparição em filmes de horror. Bruxa. Dou um
sorriso falso e ela sai com aquela cara horrorosa e sem expressão.
Vou até a sala e viro o hall para entrar no corredor.
— Verônica? – Topo com Adrian no hall.
— Onde estava? – pergunto, mas logo vejo atrás dele Alana.
— Estava te procurando. Que bom que achei – ele sorri e me beija. Se ele acha que sou
uma tapada, está muito enganado.
— Preciso ir ao banheiro – digo me afastando e passo por ele e ela.
Assim que entro no banheiro, fecho a porta e vocifero socando a pia de mármore:
— Maldita! Desgraçada! Argghhh que ódio!
Tento me acalmar, pois sei que isso tudo afeta o bebê. Jogo uma água no rosto e me olho no
espelho. “Estava me procurando? Mentiroso!”. Vamos ver se eu não acabo com a alegria
dele.
Saio do banheiro e vou direto para o jardim tomar um ar fresco. Até a música me irrita
nesse momento.
— Linda a noite, não? – Jason diz e sorri da forma que só ele sabe.
— Sim. Linda mesmo.
— Iria te convidar para uma dança, mas seu cão de guarda com certeza arrancaria meus
olhos, quebraria meus dentes e tiraria meu coração de dentro do corpo somente com as mãos –
ele ri.
— Só você mesmo, Sr. Maxwell – digo entre gargalhadas.
— É verdade. Ainda não posso acreditar que se casou com aquele brutamontes.
— Ele não é um brutamontes. Apenas se sente ameaçado por sua beleza estonteante e sua
bela cara de pau – digo e ele ri.
— Fazer o que? Você me atrai, é linda, inteligente e uma companhia agradável.
Tá aí! Acho que sei como farei para que Adrian prove de seu próprio veneno. Que mal
faria fazê-lo sentir só um pouquinho de ciúmes?
— Acho que vou aceitar a dança – digo e ele me olha intrigado arqueando as sobrancelhas.
Pega em minha mão e me conduz para o meio dos convidados onde todos dançam ao som de
Lifehouse – You and Me.
Olho atentamente ao nosso redor e não vejo Adrian. Jason coloca uma mão em minha
cintura e a outra, segura minha mão colando seu corpo ainda mais no meu. Preciso dizer que
essa proximidade toda, me deixa um pouco desnorteada. Jason é lindo, um perfeito cavalheiro e estar tão próxima, pode ser um problema.
— Não sei o que pensa que está fazendo, mas estou gostando – ele sussurra em meu ouvido
e sorri.
— Estamos dançando, Sr. Maxwell.
— A última vez que estávamos assim, tão próximos, eu estava com as mãos dentro da sua
calcinha – ele ri.
Olho para ele abismada.
— Você é sempre assim? Tão direto?
— Não costumo perder tempo – ele me olha nos olhos.
— Aquilo não vai mais acontecer, Jason – digo e continuamos a dançar conforme o ritmo
da música.
— Você está linda!
— Você me disse isso assim que me viu.
— É, eu sei – ele sussurra com a boca perto do meu ouvido. — Adoro ser repetitivo – ele
diz e sinto um duplo sentido. Sua mão desce devagar por minhas costas parando em minha
bunda fazendo com que me arrepie.
— Vejo que ainda não é imune aos meus encantos – ele ri.
— Não começa, Jason – alerto. Ele tira sua mão voltando-a para minha cintura.
— Acho que tem um marido irritadinho bem a nossa frente – ele diz olhando para Adrian e
acena. Louco!
— Não estamos fazendo nada demais – digo sorrindo triunfante ao ver Adrian espumando
de raiva. Finjo não notá-lo, o que o deixa ainda mais irritado. Está bebendo e nos olhando
atento. De repente, não o vejo mais.
— Pode me dar licença? – ouço uma voz atrás de mim. Quando me viro, Albert sorri para
nós e diz:
— Será que posso roubá-la de você por alguns minutos? – ele diz e Jason assente
deixando-nos a sós.
Olho para Albert e ele leva sua mão em minha cintura me conduzindo numa dança lenta.
— Sei o que está tentando fazer e já te digo que isso não vai acabar bem – ele me olha e
sorri.
— Não sei do que está falando – digo envergonhada.
— Adrian detesta o Jason e tenho certeza que você sabe o porquê.
— Só estávamos dançando. Não que eu te deva alguma explicação, é claro – digo. Sujeito
petulante.
— Está certo. Só quero que saiba que Adrian é louco o bastante para acabar com essa festa
inteira se caso ele se irritar com Jason. Ele é um bom homem. Não o magoe – Albert diz, beija
minha mão e se afasta.
Fico ali, parada, apenas absorvendo tudo. Não entendo porque ele saiu em sua defesa.
Cada louco nessa família.
— Cunhadinha! Aí está você! – Terry diz por trás de mim me assustando.
— Que susto Terry! Quer me matar?
— Você viu aquela sonsa da Alana por aí? – ela pergunta enquanto bebe seu cosmopolitan.
— Não.
— Você vai perguntar mesmo sobre aquilo?
— O exame? Claro. Mas de um jeito que ela não tenha saída a não ser confessar.
— Deveria ter falado mais cedo. Mas não tem jeito. Amanhã ela vai embora e precisamos
encurralá-la para saber da verdade.
— Vou fazer isso assim que encontrá-la – digo.
— Verônica? – olho ao meu lado e vejo Tony. Lindo. Também de smoking preto
perfeitamente alinhado em seu corpo.
— Tony! Tudo bem?
— Sim. Acabei de chegar. Perdi muita coisa? – ele abre um sorriso.
— Não muita – Terry diz. — Tudo bem?
— Oi Terry. O Sr. Miller, onde está?
— Meu pai está no jardim e Adrian, não faço ideia – ela diz.
— Bom, vou dar uma volta e cumprimentar o pessoal. Com licença.
Tony se afasta e Terry pega em minha mão me puxando entre os convidados.
— Espere! Aonde vamos? – pergunto curiosa.
— Achar a vaca e dar uma lição na maldita.
— Terry, agora não. Não acho uma boa ideia.
Ela para subitamente e me olha.
— Verônica, eu estou morrendo de vontade de dar na cara dela. Não sei como você
consegue ficar assim, calma.
— Não estou. Só aparento porque a minha vontade é de arrancar a cabeça dela. Não
desgruda do seu irmão nem por um segundo – digo irritada e cruzo os braços olhando ao redor
procurando por ele.
— Nem parece que se casaram há dois dias e que estão em lua de mel – ela ri.
— Culpa daquela vaca – digo entredentes.
— Mais um motivo pra encontrarmos ela e dar-lhe uma surra – Terry diz tão irritada quanto
eu. — Já volto, Jonas está me chamando.
Vejo Jonas fazer um sinal para ela. Fico olhando-a ir até ele. São tão fofos. Jonas é perfeito
para ela.
— Se divertindo muito? – Amélia pergunta colando ao meu lado. Olho para ela
descontente. Mais uma pra encher a minha paciência.
— Imagino que também esteja – digo sem a menor simpatia.
— Fiquei sabendo sobre seu casamento repentino com Adrian. Vejo que não perdeu tempo
– ela me olha com desconfiança.
— E pelo visto, você também não costuma perder o seu – sorrio com ironia. Olho para
frente e vejo Alana passar. Ela caminha de forma sensual com sorriso no rosto alheia a todos.
Eu daria tudo para tirar aquele sorriso da cara dela. Maldita! — Mulherzinha intragável –
digo esnobe.
Amélia me olha e ri me deixando irritada.
— Devo admitir que estou mudando meu conceito sobre você. Também odeio essa sonsa –
ela diz.
— Meu conceito sobre você continua o mesmo – digo. — Não ligue mais para o meu
marido, seja a hora que for.
— Não sou sua inimiga, Verônica. Mas, enquanto você estiver rodeada por certas pessoas,
corre o risco de acabar igual a Sara. Tome cuidado – ela sussurra e se afasta.
“O que? O que ela quis dizer com isso? Vou procurar a Terry. Precisamos desmascarar a
Alana e vai ser agora. Mas antes, preciso pegar aquele exame em meu quarto.”

Somente Seu Onde histórias criam vida. Descubra agora