Adrian Miller
No meio do caminho para o escritório, Jonas me liga mais uma vez.
— Adrian. Preciso que venha até meu escritório agora – sua voz me deixou preocupado.
— Aconteceu alguma coisa?
— É sobre o Charles. Você não vai gostar nenhum pouco do que tenho a dizer.
— Estou indo nesse instante – digo e desligo.
Mas que merda ele descobriu? Espero que seja algo bem cabeludo. Estou louco de vontade
de acabar com aquele bosta.
Assim que chego ao escritório de Jonas, ele me recebe e percebo que está agitado.
A sala ampla e a decoração rústica combinavam perfeitamente com o jeito certinho de
Jonas.
— Sente-se – ele disse apontando para a cadeira a sua frente.
Sentei na mesma hora, ajeitando nervosamente minha gravata.
— Desembucha Jonas – pedi.
— Adrian... Temos que parar de investigar o Charles – ele diz preocupado. — E se você
ama sua namorada, tire-a de perto dele o mais rápido possível – diz mexendo os dedos de um
jeito nervoso.
— O que foi que descobriu?
Ele me olha e diz:
— Nada.
— Como nada?
Jonas era um péssimo mentiroso.
— Apenas pare Adrian. Charles é perigoso e influente, ele pode acabar com você, comigo
e com qualquer pessoa que seja sem pestanejar.
— Jonas. O que foi que descobriu? Eu exijo saber – digo num tom autoritário que fez Jonas
estremecer.
— Eu consegui com um amigo dentro do departamento de polícia, uma cópia do arquivo do
homicídio da moça que morreu há três anos. E, que supostamente, o detetive desaparecido,
tenha ligado de alguma forma ao Charles.
— Tá... E?
— Veja – ele diz jogando na mesa, o arquivo que tirou da pequena gaveta.
Pego a pasta e folheio.
Leio em voz alta.
— ... Patrícia Lins, 23 anos, professora. Encontrada morta com queimaduras de terceiro
grau em sessenta por cento do corpo no dia 5 de janeiro de 2011. Incêndio supostamente
criminoso. Motivo do incêndio: velas. A vítima foi encontrada algemada e supostamente
amordaçada nua à sua cama... Há relatos de que um homem deixou o local minutos após o
incêndio...
Paro de ler e olho para Jonas que me olha apreensivo.
— Isso não tem nada a ver com o Charles – sussurro.
— Aí é que está. Não tem. Por isso ele nunca foi condenado por esse crime. Mas esse meu
amigo garante que Charles está envolvido.
— Como?
— Ele andou pesquisando a vida da vítima na época. E para a minha surpresa, ela era bem
íntima de Charles Heart. O detetive que desapareceu, descobriu que Patrícia frequentava o
mesmo clube que Charles. Um clube de Sadomasoquismo – ele diz e me olha cauteloso.
— E? Ainda não entendi aonde quer chegar – digo aflito.
— Pedi para um amigo ir até esse tal clube. Charles não frequenta mais o clube há mais ou
menos três anos. Mas um sócio do clube garantiu que Charles era um frequentador assíduo.
Ele era ou é, sei lá, um Dominador. Ele curte essas paradas de amarrar, açoitar pessoas e
infligir dor nelas. E nesse clube, Patrícia participava das sessões como uma escrava. Mas não
era qualquer escrava. Ela era escrava do Charles. E em algumas sessões, havia essa coisa de
queimar as mulheres com velas.
— Espere. Já ouvi falar sobre isso. Não é aquela coisa que chamam BDSM e que uns
malucos andam de roupa de couro, todos tatuados e cheios de piercing com um chicote nas
mãos?
— Deve ser, sei lá.
— Isso não parece com o Charles – digo confuso. — E isso, também não liga a morte dessa
mulher a ele. Portanto...
— Adrian, esse detetive estava investigando esse clube. Alguma coisa ele encontrou lá, por
isso ele desapareceu. Ou morreu o que acho mais provável.
— Então, vamos investigar o clube. Coloque alguns caras para segui-lo.
— Não. E você também não vai – ele diz ríspido.
— Eu quero esse filho da puta longe da Verônica, Jonas.
— Então amigo, sugiro que você a pegue e a leve para morar com você – ele sorri.
— Uma vez, Alana comentou sobre um contrato de propriedade. Disse algo desse tipo
quando encontrou Verônica e Charles no banheiro.
— É. Você já me contou isso.
— Então, eu me lembro de ter lido em algum lugar que essas pessoas fazem esse tipo de
contrato. Tem até uma baboseira de que é tudo São, Seguro e Consensual.
— Sim. Também li isso – ele riu.
— Merda! – esbravejei. Mas é claro.
— O que foi? – Jonas perguntou aflito enquanto eu me levantava da cadeira e andava de um
lado para outro.
— Acho que já sei o que prende Verônica a ele – disse com os olhos fechados não
querendo acreditar no que diria.
— O que?
— Acho que Charles está usando Verônica. Eles devem ter um contrato desses, sei lá.
— Isso é ridículo, Adrian. Acha que Verônica está imersa nesse mundo esquisito?
— Talvez.
— Mas por quê?
— Pelo dinheiro. Há quantias bem generosas na conta da clínica em nome dele.
— Mas ela é uma garota de p...
— Não ouse – rosnei.
— Desculpe – ele diz levantando as mãos.
— Eu não sei mais o que pensar Jonas. Eu só sei que ela me ama. E eu a amo. Não sei qual o envolvimento deles. Mas naquele dia da briga, ele disse que Verônica era propriedade dele.
— Tome cuidado Adrian. Eu acho esse Charles bem frio. Assustador.
— Só tem uma pessoa que pode esclarecer isso tudo: Verônica.
— E você acha que ela vai abrir o jogo? E se ela for coagida a fazer certas coisas, Adrian.
Ela não vai lhe contar nada.
— Eu tenho um jeito de fazê-la contar. Eu só preciso de...
Meu celular toca.
Olho no visor.
— É a Terry.
Atendo.
— Adrian... Sou eu Terry – sua voz soou fraca.
— Terry? O que houve? Estou no meio de uma reunião – digo impaciente.
— Aconteceu uma coisa com a Verônica. Estou aqui no apartamento dela.
— O que tem ela? – pergunto preocupado. Mas que diacho minha irmã faz na casa dela?
— Ela está bem, apenas um pouco machucada.
— Não saia daí. Estou saindo daqui nesse momento – desligo.
Olho para Jonas e digo:
— Verônica. Parece que aconteceu alguma coisa. Preciso ir. Depois nos falamos. Veja se
consegue mais informações – digo e saio desesperado.
Em poucos minutos, chego ao apartamento dela.
A porta da sala está escancarada e fico louco ao ver o caos em sua sala. O vaso quebrado
no chão, só me deixou mais apreensivo.
— Onde ela está? – pergunto passando desesperadamente por Terry, olhando por toda a
sala. Ela me olha como se eu fosse um maluco.
—Ela está bem Adrian. Levei-a para o quarto. Está dormindo.
— E o que você faz aqui? – pergunto nervoso.
— Depois falamos sobre isso. Precisamos ajudá-la. Ela me disse que foi assaltada, mas
acho que está mentindo.
Caminho até o quarto, e a vejo deitada na cama. Meu coração se aperta ao ver as marcas
em seu rosto e o pequeno corte em sua boca.
— O que aconteceu com você, meu amor? – sussurro tocando seu rosto com cuidado.
— Adrian... Terry se aproxima e aponta para os braços de Verônica. — Veja isso – ela diz
me mostrando as marcas vermelhas nos pulsos dela. Ambos igualmente machucados.
— Que merda é essa? Parece que foi amarrada – digo observando as marcas.
— Eu tive essa mesma impressão. Mas ela apenas disse que foi assaltada. Tem alguma
coisa muito errada nisso, Adrian.
— Eu temo só de pensar – fecho os olhos e nada me tira da cabeça que aquele filho da puta
do Charles está envolvido. Só me resta saber de que forma.
E quando descobrir, eu vou matar aquele desgraçado.
Toco em seus cabelos e a chamo.
— Verônica... Verônica...
Ela abre os olhos lentamente.
— Adrian – sua voz sai fraca.
Ela me olha por alguns segundos e começa a chorar.
— Eu estou aqui – digo alisando seu rosto machucado. — O que aconteceu? Você precisa ir
para um hospital. Quem fez isso com você?
Ela se senta com dificuldade na cama e diz:
— Eu já disse, fui assaltada – ela não me olha nos olhos. Isso só confirma que está
mentindo descaradamente.
— Como aconteceu?
— E-eu não sei. Foi tudo tão rápido – ela diz.
— Chamou a polícia? Roubaram alguma coisa? – pergunto.
— Não sei.
— Verônica... – suspirei fundo. — Essa marca em seus pulsos como conseguiu? – olho-a
nos olhos e vejo que está assustada.
Ela se levanta rapidamente e fica ainda mais nervosa.
— É... Eles me amarraram enquanto vasculhava o apartamento.
— Antes ou depois de não roubarem nada? – falo irritado. Terry apenas observa.
— Eu não sei tá legal – ela grita. Parece desnorteada.
— Ela desmaiou Adrian, assim que eu cheguei – conta Terry e Verônica a olha com olhos
acusatórios.
— Então quer me fazer acreditar que os ladrões, quantos eram mesmo? – interrogo-a.
— Dois – ela diz tremendo.
— Então, quer me fazer acreditar que dois homens entraram aqui, e, antes de te amarrar,
provavelmente você conseguiu jogar um vaso em um deles. Então eles vasculharam seu
apartamento – que a propósito, está bem organizado, e que após vasculharem, saíram sem
levar nada e ainda soltaram você? – disse zombando.
— Mais ou menos isso – ela diz e eu perco a paciência.
— Está me achando com cara de idiota, Verônica? – grito e ela automaticamente se retrai
no canto da janela. — Eu quero saber a verdade. É tão difícil para você falar a verdade uma
vez na vida? Há tempos você mente para mim. Mente sobre tudo. Mentiu sobre ter recebido
dinheiro do Charles estando comigo – digo furioso. Tento me controlar ao ver que estou
deixando-a ainda mais assustada.
— Não é o que está pensando – ela diz rapidamente.
— Eu não penso nada. E sabe por quê? Porque eu não sei nada. Você não me conta nada.
Ela começa a chorar outra vez.
— Eu não posso – ela sussurrou.
Olho para ela. Ela está em pânico.
— Terry, arrume as malas da Verônica. Ela vai para casa conosco – digo.
— Eu não vou a lugar nenhum, Adrian – ela diz firme.
— Você vai. Estou mandando – digo mais alto do que gostaria.
— É difícil para você entender que eu não quero mais você?
— Sim. Da mesma forma que parece difícil pra você aceitar que precisa de ajuda – falo
exaltado e ela me olha com os olhos cheios de lágrimas.
— Não quero ir – ela grita assustada quando a pego pelos braços.
— Garota teimosa – grito puxando-a pela cintura e ela geme de dor.
— O que foi? – digo e ela se afasta rapidamente. Verônica me olha ainda mais assustada e
vejo que tem algo a mais em tudo que me contou.
— Está machucada – digo e ela fica em alerta. Aproximo-me dela e ela se debate ao
perceber que ergo seu vestido.
— Não... Não... Não, Adrian. Por favor – ela chora ainda mais.
Tiro seu vestido rapidamente. Examino-a de frente, não há nada. Ela fica envergonhada por
Terry estar tão próxima.
— Vire-se – mando.
Ela está com as mãos em seus seios tentando esconder uma parte de sua nudez.
— Por favor – ela implora. Aproximo-me e a viro tão rápido que o que vejo me faz dar um
pulo para trás.
— Meu Deus – Terry sussurra levando a mão a boca. Fico alguns segundos, totalmente em
choque observando as longas marcas avermelhadas trançadas por toda suas costas e sua
bunda.
Passado o susto inicial, pego o vestido e a visto. Era demais ver aquilo.
Passo a mão pelos cabelos ainda em choque. Terry me olha horrorizada.
— Quem foi? – minha voz sai tão fria, que até mesmo eu me espanto.
Ela me olha e diz:
— Eu não sei.
Em seus olhos, vejo que está mentindo. Eu arrancarei a verdade de sua boca e matarei o
maldito desgraçado que a fez sofrer desse jeito.
— Não minta para mim, porra – grito descontrolado e dou um soco no armário.
— Adrian, pare com isso – Terry me repreende. — Ela já está assustada o suficiente, não
acha?
Caminho tão rápido até ela que ela gruda na parede de medo.
— Diga – ordenei.
Ela permanece imóvel.
— Diga – gritei.
— Adrian, pare! – Terry grita.
— Ele vai me matar Adrian. E vai matar você também – ela diz adquirindo um tom mais
pálido.
— Foi o Charles? – pergunto jogando um verde.
A forma com que seus olhos se arregalam, diz tudo.
— N-não, n-ão – ela gagueja e vejo que não se sente bem. Ela fica ainda mais branca e
quando perde a consciência, a tomo em meus braços.
— Droga!
— Ela vai ficar bem, não vai? – Terry pergunta amedrontada.
— Vamos levá-la a um hospital. Tente achar os documentos dela. Esqueça as roupas – digo
e saio com ela em meus braços.
Quando passo pela guarita, o porteiro abre a portão e saímos.
— Está de carro? – pergunto a Terry.
— Sim.
— Ótimo. Vá com o meu carro. Eu prefiro levá-la no seu.
— Tá.
Coloco Verônica no banco de trás e ajeito seu vestido. Aos poucos, ela recobra a
consciência, mas fica deitada.
— Aonde vamos? – ela pergunta.
— Vou levá-la ao hospital. Você precisa de cuidados médicos.
— Adrian, por favor. Não! – ela choraminga. — Não quero ter que responder sobre essas
lesões. Você não entende. Ele pode fazer algo pior comigo.
— Precisamos denunciá-lo, Verônica.
— Por favor! – ela implora.
— Tudo bem. Mas terá que ir. Precisa pelo menos fazer alguns exames. Você desmaiou e
isso também não é normal – digo e ela concorda.
Ao chegarmos ao hospital, Verônica é atendida por um clinico geral.
Terry e eu ficamos na sala de espera. Quase quarenta minutos se passam e nada. Já estou
ficando nervoso.
Depois de algum tempo, o médico aparece.
— O senhor é da família da paciente? – ele me olha curioso.
— Sou o namorado dela. Adrian Miller – me apresento.
— Como ela está? – Terry pergunta.
— Apesar dos machucados no rosto provocados pelo acidente, ela está bem. Terá que ficar
no soro por algumas horas. Está desidratada. Quando questionei, disse que não tem tido uma
boa alimentação. Mas acontece que pelo estado em que se encontra, ela não está se
alimentando nada. E isso pode prejudicar o bebê.
— Bebê? Que bebê? – pergunto atônito. — Acho que o senhor errou de paciente. O nome
da minha namorada é Verônica, doutor.
— Isso mesmo. Verônica Sandler – ele disse. — Não sabiam que estava grávida? Quando
disse a ela, não me pareceu surpresa.
Droga! Grávida? Ai meu Deus!
Não, não é possível.
Olho para Terry e o terror que vejo em seus olhos devem ser o mesmo que está estampado
nos meus.
— Eu quero vê-la – digo impaciente.
— Claro. Por aqui.
Seguimos o médico até o final dos corredores. Entro no quarto em que está e o médico diz:
— Apenas o senhor poderá ficar com ela até ser liberada.
— Obrigado.
Aproximo-me da cama e vejo que está dormindo.
— Você vai ser pai outra vez? – Terry sussurra me deixando apavorado.
— Não sei – digo pegando na mão de Verônica.
— Adrian, você já pensou na hipótese dela ter sido... hã... Abusada? Olha só o que fizeram
com ela.
Eu não queria nem pensar numa hipótese dessas.
Lembro-me do dia em que Verônica disse que nunca transou sem camisinha com ninguém.
Então, obviamente, esse filho só poderia ser meu. Meu. Eu sabia que aquele maldito diafragma
era uma furada. Mas a sensação de saber que seria pai outra vez, de certa forma me deixou
feliz. E, eu acabaria com a vida do infeliz por tê-la machucado. Ainda mais sabendo que está
esperando um filho meu.
O ódio foi tomando conta de mim e só pensava em arrancar a cabeça daquele maldito.
Nada me tira da cabeça que foi ele quem a machucou.
— Eu vou embora – Terry diz. — Cuide dela, tá bom?
— Pode deixar – digo.
— Adrian... Seja gentil com ela. Se quiser saber a verdade, lhe dê tempo. Ela só está
assustada.
— Eu sei – sussurro.
Agora sozinhos, puxo a poltrona para perto de sua cama e fico apenas observando-a.
Seguro em sua mão e fico imaginando a dor que deve estar sentindo. Terry tinha razão. Ela
estava assustada. Eu deveria estar com ela. Deveria ter insistido para que me contasse a
verdade.
Levo minha mão em sua barriga. Eu não iria suportar perdê-la. E nem a meu filho. Eu farei
de tudo para que fique segura.
Verônica abre os olhos lentamente e solta um gemido baixo.
Ela me olha e sorri. Um sorriso tão lindo, que me faz esquecer tudo a nossa volta.
— Oi – digo. — Está se sentindo melhor?
— Um pouco – ela responde. Ela leva os olhos até a minha mão que está alisando sua
barriga. — O médico contou? – ela pergunta parecendo aflita. — Me desculpe Adrian. Eu juro
que não sabia que...
Silencio-a com um beijo. Um beijo suave e rápido.
— Eu amo você, meu amor. Estou feliz em saber que serei pai – ela me olha e vejo uma
lágrima rolar.
— Eu estou com medo – ela sussurra com o rosto cheio de dor.
— Não vou deixar que nada aconteça a vocês.
— Você não entende Adrian. Ele é louco. Não vai me deixar em paz. E quando souber que
estou grávida, ele vai me matar e matar nosso filho – ela diz desesperada.
— Ninguém vai tocar em você. Ninguém. Quem é ele, Verônica? Por favor, não minta mais
pra mim – digo olhando em seus olhos aflitos.
Ela me olha como quem está relutante em revelar o nome do filho da puta que a machucou.
Por fim, dá um longo suspiro e diz de olhos fechados:
— Charles.
A confirmação me deixa louco. Possesso. Ávido de ódio. Eu iria quebrar todos os ossos
daquele desgraçado de forma que seria impossível algum médico conseguir juntar todas as
partes.
Eu só quero saber mais uma coisa, mesmo que isso fosse me doer ainda mais.
— Ele... Ele abusou de você? Ele te fez fazer...
— Não! – ela responde dando fim a minha agonia. – Ele apenas me bateu. Mais nada.
Meus olhos começaram a lacrimejar e eu sei, todo meu controle naquele momento se foi.
Quando as lágrimas surgiram em meu rosto, ela disse:
— Eu vou contar tudo pra você. Mas quero que saiba que ele virá atrás de mim de novo. Eu
tenho medo dele Adrian. Ele disse que vai matar você se eu não ficar com ele – ela diz aos
prantos.
— Ele não vai encostar um dedo em você, Verônica. Nem em você e nem no nosso filho –
digo abraçando-a.
— Eu te amo tanto – ela diz.
— Eu também.
— Espero que nosso filho se pareça com você – ela diz arrancando um sorriso meu.
— Mas se for uma menina, ela ficaria mais bonita se parecesse com você – digo e dou um
beijo em sua boca. Mas agora, um beijo ardente, urgente e cheio de promessas.
Depois de algum tempo, Verônica cochila mais uma vez. Foi a minha deixa para sair do
quarto.
Pego meu celular e disco.
— Jonas.
— Adrian. Céus! Terry me contou. Como ela está?
— Está péssima. Charles, aquele desgraçado, filho da puta, bateu na minha mulher grávida.
Você tem noção do que eu quero fazer com ele? – digo furioso.
— Adrian, tome cuidado – ele alerta.
— Eu quero que continue as investigações. Eu vou colocar esse maldito numa cova se ele
chegar perto dela outra vez.
— Vou fazer o possível. Mas acho prudente você e ela se ausentar por uns tempos. Pelo
menos até que ela esteja recuperada.
— Vou fazer isso. Se eu denunciá-lo agora, ele saberá que ela me contou. Vou colocá-la em
risco e não quero isso. E do jeito que ela está assustada, duvido que confirme a história para a
polícia.
— O que pretende fazer?
— Vou armar uma arapuca para esse desgraçado – digo olhando para o imenso corredor do
hospital. — Vou fazê-lo sofrer tanto, que ele vai implorar para que eu meta uma bala em sua
testa. Vamos ver se será homem o bastante para me enfrentar.
— Se você matá-lo verá o sol nascer quadrado, seu idiota – ele grunhiu.
— Quem disse que irei matá-lo? Só vou... Digamos... Arrancar aquele sorriso presunçoso
da cara dele.
— Adrian...
— Não se preocupe. Não vou matá-lo. Ainda não. – digo e desligo.
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Somente Seu
ChickLitHoje faz uma semana que Adrian e eu nos separamos. Desde que saiu do meu apartamento, não voltou a me procurar. Acho que ele realmente desistiu de mim. Fiquei trancada em casa todos esses dias, procurando uma forma de resolver minha vida. Eu precisa...