Capítulo 14

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BRUNO

Assim que chegamos em casa, fui recebido pelo meu pai, com um abraço muito apertado e algumas lagrimas que molharam minha roupa. O abracei de volta e passe minhas mãos em suas costas tentado acalma-lo, enquanto o mesmo ainda chorava soluçando agarrado em mim... olho por cima de seus ombros e vejo minha mãe ali parada e com uma expressão neutra, como sempre foi. Ela é carinhosa, porém ela demonstra seu carinho de uma forma totalmente única, se é que vocês me entendem e já conseguiram notar.

- Calma pai, está tudo bem? – Pergunto a ele quando o mesmo para de chorar e me olha com seus olhos grandes e castanhos em minha direção. Passo minhas mãos por sua pele do seu rosto, que já estão bem aparentes suas rugas, de tanto sol que ele pega e já pegou em toda sua vida trabalhando na roça.

- Tu não avisou que vinha e eu nem tive tempo de ajeitar meus pensamento. – Ele diz e eu sorrio em sua direção, ainda com minhas mãos em seu rosto, nego com a cabeça.

- E nem ia mudar nada, não é? Eita velho chorão. – Minha mãe diz e meu pai só faz um gesto de desdém em direção a mesma, que revira os olhos. – Tô mentindo? Não! Toda vez que ele chega você chora igual a um bebê quando não dão doce.

- Mãe, deixa ele. – Já vou logo a interrompendo, porque se eu não me metesse, eles ficariam nessa troca de farpas por todos os lados, até que se cansassem. – Ele só está feliz de me ver, não é, paizinho? – Me abraço nele e ele fica passando as mãos no meu cabelo.

- É sim, meu fi. – Minha mãe vem para perto de nós e passa bufando e batendo seus ombros em meu pai, fazendo com que sorríssemos de seu jeito. Ela é desse jeito por conta de tudo o que ela já passou na vida, pois eu imagino que não seja nada fácil você ver seus filhos e os dos outros passando necessidade e não poder fazer nada, além do que tinham várias pessoas que diziam coisas com seu jeito duro de ser.

Eu fico triste em saber que as pessoas fizeram tanto mal a minha mãe, que ela não consiga mais demonstrar seu carinho para com os outros, sem ser bruta. Eu tenho muito orgulho dela, no auge de seus cinquenta e cinco anos, ser uma das melhores pessoas que eu já tive o prazer de ter contato, porque se tem uma coisa que minha mãe é, é inteligente. Todos olham para ela e passam por cima da mesma por acharem que ela não é uma pessoa com a mínima inteligência, mas quando precisam dela e acham que podem voltar elogiando, ela já não mais os aceita de volta.

Foi assim com uma das minhas tias, que tentou fazer com que meu pai traísse minha mãe debaixo de seu teto, mas como meu pai sempre foi uma pessoa de bom caráter e bastante respeitador, falou para minha mãe a respeito do que aconteceu. Claro que de primeiro instante minha mãe ficou ressabiada por se tratar de sua irmã e a mesma nem achava que ela não seria capaz de tal coisa, mas como meu pai também nunca havia mentido para ela e sempre foi uma pessoa presente em toda sua vida e decisões, decidiu que investigaria por si própria.

Um dia chegou em casa e pegou essa irmã tentando se jogar mesmo para cima do meu pai. Ela nos conta que foi o pior dia de sua vida, pois a irmã, que era a pessoa da família que ela mais confiava a traiu de uma forma que ela não pôde aceitar. Na família foi um rebuliço enorme, porque nenhum dos outros acreditaram no que minha mãe falou e preferiram acreditar na minha tia, o resultado é que minha mãe foi excluída da família completamente.

Não de uma vez, é claro. Mas foi de pouquinho em pouquinho, notando que eles não a queriam mais perto dos mesmos... quanto a família do meu pai o negócio foi um pouco mais complicado do que a situação da minha mãe, porque a família já não mais quis os aceitar por conta de mim, quando notaram meu jeito afeminado e que não queria fazer nada do que os "meninos" gostavam. Eles ainda suportavam porque não tinham a certeza, mas quando eu falei com minha mãe, foi que o caldo engrossou para o nosso lado...

Estranhas sensações (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora