Capítulo 47

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Eu voltei mais rápido dessa vez e, pelo menos por enquanto, não vou deixar vocês curiosos, revelarei apenas algumas coisas sobre a festa.

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BRUNO

Não posso negar que estou muito mais feliz do que eu poderia imaginar com todos os tramites da nossa festa de casamento, que mesmo com dois meses de antecedência, já começou a ser planejada a todo vapor, por mim. Minha família já foi avisada e a família do Damien também, tendo todos marcados em suas agendas a semana que eu havia imaginado que começaria tudo e o dia que terminaria a festa, sendo parabenizado por todos os que eu havia falado. O que eu percebo é que vários deles estão realmente muito animados para tudo acontecer, mas os que não são muito festeiros ficaram meio desanimados quando eu disse que seriam sete dias de festa.

Ainda não entra na minha cabeça como pode existir pessoas que não gostem de festejar, porque sem querer desqualificar nenhuma forma de festejo, mas festas são maravilhosas. Porém não apenas as festas com bebidas alcoólicas, mas sim todos os tipos de festas; desde às alcoólicas, até aquelas que não tem nem um bolo, apenas a comemoração em si. Porque na realidade, aquilo que mais importa em uma comemoração é a alegria das pessoas que estão em volta, que são aquelas que realmente desejam o seu bem e que você sabe que pode contar em todas as horas, nas boas e nas ruins.

A lista da festa eu já havia terminado, não teriam muitas pessoas de fora e eu agradeço bastante por Damien não ser um desses ricos sedentos por mídia, que decidem chamar meio mundo para sua festa apenas por conta de sua conta bancária e seu status no mundo dos negócios ou por conta de sua fama. Para ele, o que também mais importa é que todos os que amamos se sintam bem e acolhidos juntos de nós, especialmente nossa família, que é a coisa mais importante.

- Olha vovô, o meu desenho! – Olhei para baixo, vendo Wesley com sua folha de papel apontada em minha direção, sorrindo sem os dois dentes incisivos que já caíram, me deixando surpreendido por terem caído numa rapidez dessas, já que mal nasceram e já caíram.

- Mas que desenho mais lindo! – Falei logo após virar minha cadeira e a colocar de frente para ele. – Você fez sozinho?

- Xim! – Sorri pelo modo que ele falou animado e sorrindo.

- E me diga quem são esses do desenho...

- Ésli, vovô, bobô e o Lipe. – Ele disse apontando calmamente em direção a todos no desenho.

- E os outros, você desenhou também? – Ele assentiu freneticamente. – E cadê? – Ele apontou com seu dedo indicador em direção a uma pilha de papeis e tintas derramadas pelo chão, me fazendo suspirar, por saber que eu quem teria de limpar aquilo. – Vai lá buscar pro vovô ver. – Ele saiu correndo e voltou correndo com quatro folhas de papel em suas mãos.

- Esse é o titio, esse é o titio, esse é o titio e esse é o titio. – Assentei olhando para ele, que estava muito concentrado. – O bombom, a vitóla, o petin, o cacão, a pelúça e a lulu. – Ele disse apontando em direção aos desenhos que fez dos cachorrinhos. – A titia Malu, a titia Kalina, o titio cí – Moacir -, titio mando – Armand JR - e o titio Palo – Paulo -, a vovó Vela – Vera – e o vovô Mando – Armand -.

- E quem são as pessoas desse desenho aqui? – Apontei e ele cruzou os braços, olhando sério para o desenho.

- Teleza e o Gabiel.

- São seus coleguinhas? – Perguntei curioso e o vi negar. – Quem são? – Estava quase roendo minhas unhas de tanta curiosidade.

- A Teleza é minha namolada e o Gabiel é meu namolado. – Arregalei os olhos com aquilo que ele havia dito.

Realmente a dona Vera tem a absoluta razão de dizer que o Wesley é cuspido e escarrado a personificação do Damien, porém em uma versão menor. Segundo ela, Damien desde criança já dizia que tinha mil e uma namoradas, claro que não era verdade e os de Wesley também não. Acho que a coisa mais errada que tem no mundo são adultos que estimulam a sexualidade de crianças tão precocemente, tipo dizendo que as crianças namoram... na realidade, as crianças não namoram, são coleguinhas, e na maioria das vezes quem colocam essas caraminholas na cabeça delas são os adultos irresponsáveis.

Porém eu não irei tentar explicar nada para o Wesley agora, porque eu sei que é só uma brincadeirinha de crianças e que, no final, não irá dar em absolutamente nada. No máximo em uma amizade sincera no futuro. Quando ele voltou para sua mesa com seus desenhos, voltei para o meu computador, vendo algumas coisas de decoração que eu queria colocar na casa.

A festa que planejei não é algo muito grande e exagerada, talvez no que eu exagerei foi na quantidade de dias que eu realizaria tudo o que queria, porém era melhor assim do que uma festa por um tempo e com pessoas cansadas. Pelo que eu havia planejado, seriam dias divididos e em cada dia eu iria festejar de uma forma. Em um dia eu queria uma balada bem animada, mas no outro eu já queria uma festa com muito doce e salgados, e por assim vai.

Depois que terminei de fazer tudo o que tinha de fazer no computador, deixei Wesley desenhando e como Felipe ainda estava dormindo, desci em direção à cozinha, para comer alguma coisa, porque se tinha uma coisa que me deixava brocado de fome era trabalhar de frente a um computador, celular ou qualquer outro aparelho eletrônico. Não acho que todas as pessoas sejam assim, porque se forem, tenho pena delas de tanto dinheiro que gastam comendo, igual a minha pessoa; e o pior é que nunca é algo saudável. Sempre é um salgado, ou doces, ou pizza e por aí a nossa saúde vai se ferrando e, consequentemente, nós também, porque quem não tem saúde, não tem nada.

Peguei apenas uma maçã verde e uma banana para voltar pro quarto, para assistir alguma série que eu havia começado. Eu estou amando assistir algumas séries de suspense ou terror, porque me deixam com os sentidos aguçados e me fazem pensar melhor em situações de estresse intenso, que desenvolvi no meu trabalho com a medicina.

De fato, é um trabalho que você se sente, basicamente, grato para caralho por fazer parte, porque você ajuda a salvar vidas e em alguns casos, restabelecê-las quando passam por uma situação de intenso trauma. Entretanto, quando você está realmente dentro de um hospital, você é exposto a diversos tipos de situações que vão de constrangedoras à focos constantes de estresse, como por exemplo, ter de trabalhar salvando a vida de um paciente com o acompanhante ou a acompanhante dele dando em cima de você a todo instante, muitas vezes chegando até a serem desrespeitosos com meu espaço.

- Wesley, você sabe que seu avô vai cortar sua mesada e tirar o seu tablet outra vez, não sabe? – Ele levou um susto quando eu cheguei de fininho e o vi em cima do móvel, tentando pegar o painel suspenso da televisão e puxar para baixo. Esse menino tem o poder de se meter em qualquer situação de perigo disponível no momento, porque não é possível que alguma outra pessoa faça isso.

E, no final, ainda tem a cara de pau de correr para onde estava sentado e voltar a desenhar e a colorir como se eu não tivesse visto nada do que ele fez; inclusive me olhando algumas vezes e sorrindo em minha direção. Ah, que menino travesso!

Felipe é outro que agora não me dá mais sossego. Está aprendendo a sentar sozinho e sem auxílio de ninguém e quer ficar sentado a todo instante. Para colocar ele para dormir é um trabalho tremendo, mas eu não o coloco no colo para ficar balançando, porque se ele se acostuma, é uma luta para tirar esse costume dele.

- Vem aqui que eu vou trocar a tua fralda. – É foda saber que uma criança desse tamanho produz um tanto de bosta dessas... e olha que ele nem come tanto assim!

- Oi meus amo... – Gargalhei quando Damien do jeito que entrou no quarto, saiu.

- Vem aqui e sente esse cheiro de lavanda, porque quem vai trocar ele de madrugada é você! 

Estranhas sensações (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora