Three

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     Baekhyun abriu a janela e colocou a cabeça para fora. Ele estava tossindo muito e não era a primeira vez que eu o via assim. Depois de um tempo ele finalmente conseguiu parar e fechou a janela.

    — Você está doente? Devia ir a um hospital.

   — Toma conta da sua vida. — Foi tudo o que disse antes de dar partida no carro.

   Eu estava bêbada o suficiente para não me importar com seu mau humor repentino.

    — É sério, não é tuberculose, é? Porque não tô afim de ficar doente também. — Me ajeitei no banco.

  Sóbria eu teria ficado calada, mas o álcool me deixava sem filtro.

       — Não tenho nada para contaminar você. —  Suspirou. — Esquece isso.

     Encarei a pista, ele nem sabia onde era minha casa, para onde estava indo?

   — Você não perguntou meu endereço. — Lhe encarei. — Virou vidente?

    — E onde a princesa desastrada  mora? — Sorriu sarcástico.

       Lhe dei meu endereço e Baek não pareceu muito satisfeito ao ver que era do outro lado da cidade. Estava bem tarde e o movimento nas ruas havia diminuído bastante. 

     Comecei a me sentir sonolenta e enjoada mas me segurei, podia aguentar até chegar em casa. Fui pega de surpresa quando o carro parou de repente.

    — Ai não. — Baek bateu no volante. —  O carro resolveu morrer justo agora?

    Ele tentava dar a partida mas não adiantava, algo estava quebrado.

   — Modelos antigos quebram fácil, não é?
  
  Se não estivesse enganada, o modelo de carro devia ser um esportivo de 12 anos atrás.

  — O meu não. — Me encarou e uma lâmpada pareceu se acender em sua cabeça. — Você dá azar para tudo o que toca, não é possível!
  
   — Seu carro velho quebra e a culpa é minha? — Bufei.

    — Meu carro nunca me deixou na mão, até hoje. Você e o seu azar estragam tudo mesmo ein.

      Lhe encarei em choque, não é como se eu fizesse de propósito. Naquele momento a bebida falou mais alto e eu comecei a chorar enquanto tirava o cinto e abria a porta.

    — Então fica aí com o seu carro! — Funguei colocando as pernas para fora do carro. — A azarada aqui pode se virar sozinha.

   — Espera aí Haseul. — Passou a mão pelos cabelos. — È perigoso sair tarde assim. Fica aí.
 
    — Para te dar mais azar? — Me encolhi fazendo um bico.

    — Chega de drama, porque não tenho paciência. —  Rolou os olhos. — Vou ligar para um amigo, ele com certeza pode ajudar.

      Assenti, fechei a porta e resolvi mexer no meu celular enquanto Baek saiu do carro para fazer a ligação. Não era justo, por que do nada, eu fiquei tão azarada?

   Comecei a me questionar o que fiz de errado para merecer isso.

   — Chanyeol, você sabe que eu preciso chegar em casa logo. — Ouvi Baek falar. — Rápido, ok, estou esperando.

    — E ai? — Questionei quando ele desligou e voltou para o carro.

    — Meu amigo está vindo, vai ser rápido.

     Me recostei no banco, ia dar tudo certo, meu dia horrível estava perto de acabar.

    ***

       Quando acordei senti como se minha cabeça fosse explodir, puxei os lençóis para mais perto e rolei caindo no chão.

    Chão?
 
    Olhei em volta confusa, não era meu quarto, muito menos minha cama. Nunca vi aquela sala antes e de quem é essa camisa dos ramones?

     O chão de madeira estava frio e apesar da decoração do local ser ótima, precisava saber onde me encontrava.

   — Então esse barulho foi você caindo. — Baek sorriu antes de dar um gole no conteúdo da caneca em suas mãos. — Azarada mesmo.

    — Idiota. — Me encolhi devido a dor de cabeça. — Por que eu tô aqui e cadê a minha roupa?

   Minha última lembrança era de estar sentada no carro dele, ouvindo música enquanto esperava seu amigo chegar.
  
   — Bom, você dormiu feito uma pedra no meu carro e não queria acordar. — Deu mais um gole. — Eu precisava muito chegar em casa, então te trouxe. Você fez o favor de vomitar no meu carpete.

        — Sinto muito.

    — Sujou a roupa toda, inclusive calcinha de ursinhos é uma graça. — Ele riu. — Quando se é criança, ou um adulto com 0 vida sexual.

     Baek saiu do meu campo de visão, tudo só podia ser um pesadelo sem fim. Me levantei percebendo que a camisa não era lá muito grande mas dava para o gasto.

    Fui atrás de Baekhyun, ele estava comendo numa mesinha embutida na parede. A cozinha era pequena, a mesa possuía apenas dois lugares, a bancada ficava encostada a parede ao lado da pia e a geladeira na parede do fundo.

     — Senta aí e come. — Apontou para o lugar vazio. — Se passar mal de novo e sujar tudo, vai ter que limpar.
  
    — Você é sempre tão ranzinza? — Enchi a caneca com café.

     — Só quando me atropelam e depois vomitam meu carpete. —  Levou um torrada a boca.

     Eu detesto esse garoto.

    Reparei em seu braço, o ferimento tinha formado uma casca mas ia demorar para sumir. Ele estava usando uma camiseta bege e shorts de pijama cinza.

    — Já pedi desculpas, ok? — Bebi o café.

    — Ainda quero o violão. — Seu sorrisinho presunçoso me dava raiva. — E tenta não dormir no carro de estranhos, é perigoso.
 
     — Minha cabeça tá doendo, fica quieto por favor.

  Por mais que Baek tivesse razão, tudo o que eu não queria ouvir naquele momento, era um sermão.

    — Ok, docinho. — O ruivo terminou o café e se levantou. — Eu vou trocar de roupa, tenta não destruir nada.

     Eu mereço.

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Haseul dá azar pra tudo coitada.

Baek tava muito apressado pra chegar em casa...

𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐈𝐅𝐄 ➵ 𝑩𝒂𝒆𝒌𝒉𝒚𝒖𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora