Four

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Continuei comendo em silêncio tentando mexer no mínimo de coisas possível, não queria quebrar nada. Assim que acabei lavei tudo e voltei para a sala.

O som de um trovão me assustou e uma tempestade se inciou lá fora. Baek apareceu usando uma calça de moletom e uma blusa preta. Ele trazia minhas roupas em mãos.

— Coloquei pra lavar ontem a noite. — Me entregou. — Se troca logo, o banheiro é por ali.

— Obrigada.

   Segui o caminho que ele apontou, minhas roupas agora tinham cheiro de amaciante. Dobrei a camisa de Baek, lá fora continuava a chover como se o mundo fosse acabar a qualquer segundo.

   Assim que saí encontrei um Baek frustrado enquanto encarava a TV.

— Estamos presos aqui. — Suspirou. —  Acabou de passar na TV que os ventos estão muito fortes e que as pessoas deviam sair apenas em caso de emergência.

— E agora? — Me aproximei e peguei minha bolsa que estava na bancada.

   — A menos que queira ser atingida por um raio, vai ter que ficar aqui. —  Mudou de canal.

     — Desculpa mesmo, eu não queria incomodar. — Engoli em seco.

      — A culpa não é sua, você controla o tempo por acaso? — Sorriu cínico.

      Respirei fundo, não podia brigar com ele agora ou ia acabar na rua enquanto uma tempestade caía. Me sentei no sofá o mais afastada possível  de Baekhyun e peguei meu celular.

    Haviam algumas mensagens de Haerim e eu logo fui checar.

   Hae: Amigaaa melhor noite.

   Hae: ele realmente é bom no que faz.

   Hae: não lembro a última vez que encontrei um cara tão bom na cama.

     Sorri imaginando a cara de Haerim enquanto contava toda a sua aventura. Pelo visto a noite tinha sido boa mesmo.

    Haseul: aproveita e não deixa escapar então.

    Haseul: Eu acabei pegando carona com o Baek e fiquei presa no apartamento dele.

    Hae: Conta tudo 🍷🌚

     Haseul: não teve nada, eu só apaguei porque estava bêbada.

    Hae: que pena, ele é um gato.

    Haseul: ele é insuportável isso sim.

    Hae: O Kai tá me ligando, depois falo com você. Se cuida.

     Haseul: ok.

     Tudo o que eu queria é que a chuva desse uma trégua, assim eu poderia voltar para casa.

  ***

    A tempestade continuava, o último anúncio na TV não foi muito animador. A temperatura diminuiu o suficiente para Baek  ter que me emprestar um casaco.

     A energia caiu e eu estava prestes a morrer de tédio. Parei de mexer no celular porque não queria gastar toda a bateria, era melhor guardar para uma emergência.

     Baek foi em direção ao quarto e voltou com o violão. Ele agora usava um casaco verde musgo, as mangas quase cobriam suas mãos.

      Apenas observei enquanto ele tocava, sua voz me deixava calma e ele parecia totalmente entregue enquanto cantava. Me encolhi devido ao frio, ia acabar congelada se a energia não voltasse logo.

      — A quanto tempo você toca? — Quebrei o silêncio.

   — Desde os 12 anos, meu pai me deu um violão como presente de aniversário.

       — Você canta muito bem. — Cruzei os braços. — Sua voz é linda.

     — Obrigado.

     Ele fez menção de começar a cantar outra vez mas se encolheu levando a mão a lateral do tórax. Baek fez uma careta e fechou os olhos, como se estivesse com dor.

   — Está tudo bem? — Me aproximei.

   — Está sim, só preciso de um analgésico. — Se levantou rápido. — Ainda está doendo por causa de ontem.

     — Ah, ok.

   Eu tinha lhe atropelado no dia anterior, fazia sentido ele ainda estar machucado, então apenas deixei para lá.

   Chequei meu celular, o tempo parecia estar se arrastando. Ouvi um barulho e logo levantei indo na direção da cozinha.

    — Eu tô bem. — Baek disse enquanto se levantava, antes que eu pudesse perguntar algo. — Só escorreguei, acontece.

      — Sei não, você está ficando pálido. — Lhe encarei.

    — É por causa do frio. — Deu de ombros e pegou um remédio no armário,  bebendo-o em seguida com um copo d'água.

       — Se você diz. — Ajeitei meu casaco. — Ainda acho que devia procurar um médico.

    — Eu estou ótimo. — Passou a mão pelos cabelos. — Vou cozinhar alguma coisa, vai querer?

     — Quero, posso ajudar se....

    — Não. Do jeito que você é, vai explodir meu apartamento.

      — Para sua informação, eu faço o melhor kimbap que vai comer na vida!— Resmunguei. — Mas já que não quer, pode se virar sozinho.

     — Sabe mesmo? — Assenti.

     — Ok, pode ajudar. — Ainda parecia desconfiado. — Se quebrar algo, vai pagar junto com o violão.

Rolei os olhos, pelo visto ele não ia mesmo superar a história do violão.
  
     — Não se preocupa, eu sei o que estou fazendo.

         Fazer o melhor kimbap agora era questão de honra.

    ---------

     Haerim tá aproveitando demais.

    Baek e Haseul presos....

  

   

𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐈𝐅𝐄 ➵ 𝑩𝒂𝒆𝒌𝒉𝒚𝒖𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora